Notas iniciais do capítulo
"É a possibilidade que me faz continuar, não a certeza, uma espécie de aposta da minha parte. E embora você possa me chamar de sonhador, de tolo ou de qualquer outra coisa, acredito que tudo é possível." - Noah Calhoun
–Droga!
Chego ao corredor e não encontro mais a menina. Porque ela tinha que lembrar isso logo agora? Eu não entendo, realmente não entendo. Respiro fundo vou mais uma vez em direção a entrada. Tento abrir a porta, mas ela está trancada. Lembro que a porta só está aberta naquele lado obscuro.
–Anette! – Grito.
Nenhuma resposta. Abro uma das portas que está lateral à escadaria que leva para o andar de baixo e dou de cara com um corredor, me levando a um grande hall com mais uma escadaria, que dessa vez leva para um andar superior. Há algumas portas, inclusive uma que leva para o outro lado de fora do hotel. Há uma caixa de música no meio do hall, em frente à escada que me chama atenção. Em cima dela há um pequeno caderninho, como se me esperasse para lê-lo. Pego e dou uma bela olhada na capa. Era uma capa dura, trancada com um pequeno cadeado que não seria um problema para o meu canivete. Na capa, estava escrito: Diário de Sir. Carl Thomas. Penso se ele pode revelar alguma coisa sobre a cidade, sobre tudo o que está acontecendo aqui. Vou até a escada e aproveito a boa iluminação e calmaria no local para folear algumas páginas. Abro imediatamente com o canivete e leio a primeira página.
“Ah, que saudade da d. Claudia... Gostaria muito que ela estivesse aqui. Sei que ela fez uma longa viagem até outra cidade, para resolver algumas coisas. Ela disse que poderia morrer, e eu tenho medo disso porque então tudo passará para mim. Ela me deu esse caderninho hoje, em vista de que talvez não pudesse voltar mais e que, quando estivesse mais velho, poderia relembrar das coisas que aprendi e escrevi no diário. Mas se ela conseguir, então não vou precisar me preocupar com isso já que tudo estará consumado de uma vez!
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“Ela voltou! D. Claudia voltou e parece que tudo deu certo até agora. A mulher está chegando na cidade e tudo que precisamos fazer é iniciar os preparativos para recebe-la! Hoje Vincent apareceu aqui no meu quarto e também pareceu animado com a chegada dela... Alessa... Finalmente poderemos viver em paz!”
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“Hoje d. Claudia me lembrou mais uma vez que tudo o que ela planejou pode dar errado e se isso acontecer, talvez ela morra e eu sou o mais próximo para continuar... Sendo que eu não quero fazer isso, pois me dá medo só de saber que poderei ter que matar 21 pessoas se não encontrar uma nova mãe sagrada... As chances disso acontecer são altas, já que quase ninguém mais mora em Silent Hill... Ela disse que Dahlia foi uma entre milhares de pessoas no mundo e que ninguém seria tão perfeita quanto Alessa...
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Claudia não apareceu hoje... Fiquei sabendo que ela estava no santuário sagrado de deus. Talvez eu deva ir encontra-la, saber o que está acontecendo e o porquê que não fizemos tudo o que tínhamos que fazer com a Alessa que estava chegando na cidade... Estou começando a ficar com medo, porque Vincent também não apareceu por aqui pelo hotel nesses dias e ele sempre aparece. Estou ficando com medo já.
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Resolvi ir até o santuário e pra minha raiva não consegui entrar pelo Amusement Park. Tive que voltar a droga do hotel para encontrar uma nova entrada... Talvez só consiga ir amanhã, ou pelo menos quando a escuridão for embora...
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Não consigo acreditar no que meus olhos viram... Seria aqui algum resto do deus ou de Alessa? Não acredito naquela droga de coisa... Se aquilo for deus, então porque estava morto? E não consegui encontrar d. Claudia em absolutamente nenhum lugar daquele santuário... Pelo contrário. Encontrei apenas coisas, monstros... Eu confesso que tive medo. Se d. Claudia estiver morta, então quem fez isso vai ter que pagar... Já não consigo imaginar quem matou Vincent... Se essa mesma pessoa tiver matado d. Claudia... Será que foi o deus?
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Já estou conformado. D. Claudia com certeza está morta e embora eu já tenha chorado dias, não vai adiantar absolutamente nada. Não tenho como trazê-la de volta, apenas continuar o trabalho que ela começou e falhou, provavelmente. Se essa Alessa estiver morta, preciso encontrar a nova mãe sagrada, o que pode durar anos, pois não sei quando ela vai nascer novamente. E se não encontrar... Talvez o único jeito seja iniciar o Ritual dos 21 sacramentos de novo. Sei que alguém já tentou isso, mas foi malsucedido. Bem, d. Claudia tinha me alertado sobre isso, sobre ter algo a ver com o deus vermelho e que não é essa a nossa linhagem, mas... Ela também disse pra fazer o que fosse necessário e o meu pecado seria purificado diante de deus.
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Hoje encontrei um arquivo sobre as famílias que já habitaram em Silent Hill dentro de uma pasta do hotel... Acho que encontrei uma que seria uma possível geradora da Mãe Sagrada. Se for realmente isso, talvez eu não esteja tão ferrado assim. Basta fazer as coisas certas. Preciso verificar as linhagens, talvez possa nascer daí, pois essa família teve participantes dentro da Ordem por longos anos. Talvez deus poderia escolhê-los... Mas se tiver que encontrar a Mãe Sagrada, então terei que encontrar também o protetor sagrado, pois d. Claudia falou que era importante que ela tinha cometido o erro de matar o outro protetor, Harry Mason, se não me engano. Não sei por que, mas ela falou que ele era muito importante pro nascimento do deus.”
Decido folear várias páginas mais rápido, temendo acontecer algo pela cidade.
“Encontrei! Finalmente encontrei! Agora tudo faz sentido. O deus havia nascido, mas de alguma forma a pessoa o rejeitou. Então, segundo a tradição, a Mãe Sagrada pode renascer quantas vezes for necessário para que o deus renasça dela, e ela renasceu! Agora preciso encontrá-la e arrastá-la para cá. Não será muito difícil, é o que eu espero. Se trouxer ela pra cá, posso fazer com que a semente de deus se desenvolva dentro dela e assim ela possa gerá-lo. Será incrível. Basta eu fazer como d. Claudia ou Dahlia... Pelo menos sei do que ela vai precisar: dor, sofrimento e fogo!”
Fecho o pequeno caderninho e jogo dentro da bolsa. Ainda tem coisas que não fazem muito sentido, mas me lembram da aula do professor Thompsom, falando do deus que precisavam fazer nascer. Parece que ele estava certo o tempo inteiro... Isso aqui não é uma lenda... O que me lembra de Anette.
–Anette!
Ouço barulho de tiros. Eles parecem vir de cima. Subo as escadas correndo enquanto ouço mais alguns barulhos e gritos masculinos. Penso em Anette, penso em Mateus... Se um dos dois estiver sendo assassinado agora, eu me mato. Os degraus da escada parecem infinitos e o medo se apodera de mim à medida que me aproximo do andar de cima.
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Silent Hill: O Artefato
HorrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...