É madrugada em Detroit. E no meio da semana, com a correria dos estudantes e trabalhadores, e agora no verão junto com alguns viajantes e festeiros, parece ser quando a metrópole mais está movimentada, porém ainda assim, de madrugada há sempre uma certa calmaria, com alguns ruídos típicos de cidade grande.
As vezes é possível ouvir o toque de uma sirene há algumas quadras de distância, cães e gatos fazendo uma algazarra de quando em quando, seguido por algum morador mal-humorado na janela mandando os animais calarem a boca, escuta-se também alguns carros que passam aqui e ali, e até algumas poucas pessoas caminhando durante a noite, geralmente voltando do trabalho, ou de alguma noitada.
Uma dessas pessoas é Alison, que está voltando do trabalho em um Pub que fica próximo ao campus da faculdade. Cansada, ela para em frente a uma conveniência aberta 24 horas e decide que quer um chá gelado, pois seu ônibus vai levar, pelo menos, uns vinte minutos para passar, e ela realmente precisa de uma bebida refrescante.
Apenas um aceno silencioso foi a sua interação com o atendente, que ouvia alguma música Trap no computador do caixa.
Na calçada, ela checa o horário: 1h35 da manhã, guarda o celular no bolso, solta seus longos cabelos castanhos, estes que estavam presos em um rabo de cavalo que já lhe incomodava e continuou a caminhada, sentindo a brisa fresquinha que fazia naquela noite.
E quando enfim chega ao ponto de ônibus, ela nota o seu celular tocando, tirando-a do "modo automático". Suspirou assim que viu quem era, antes de atender um pouco incerta:
— Edward? Aconteceu alguma coisa?
— Finalmente! Oi para você também Ali. Eu estou muito bem, obrigado! E como vai você? — A ironia é evidente, e Alison riu soprado. Ela admite que é reconfortante ouvir a voz de seu irmão mais velho, depois de meses sem contato.
— Fantástica.
— Ótimo! Eu poderia dar um sermão agora por você não ter retornado nenhuma das minhas ligações... ou as da mamãe... — Alison suspira com o que ele disse — Mas... eu preciso falar com você sobre outra coisa.
— Sim? — Perguntou antes dele continuar:
— Então, eu te liguei para perguntar se você virá ao casamento, já que não deu nenhum retorno desde o convite...
Ela estava prestes a dar mais um gole no chá, quando travou:
— Convite? — Repetiu, para ter certeza que não entendera errado.
— Sim, o convite! Você não recebeu? Eu mandei já faz um mês...
"Merda" Alison resmungou, virando o rosto para seu irmão não ouvir.
Não precisava pensar muito para logo entender o que acontecera: o apartamento onde ela morava foi interditado há uns dois meses, por causa de um vazamento no prédio. Tiveram que começar uma longa e agoniante reforma no imóvel, conforme foram descobrindo cada vez mais problemas e irregularidades na construção, o que lhe deixou sem um lugar para morar e, por isso, recorreu ao seu namorado, que a convidou para morar com ele, temporariamente.
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Girl From Mars
RomanceAlison Rodwell sempre foi apaixonada por comédias românticas e contos de fadas e, logicamente, sempre desejou que pudesse ser a protagonista de sua própria história de amor. Porém, ao descobrir que a vida não é como nos filmes e nas músicas melosas...