17. You're Still The One

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Foi em uma das últimas semanas da primavera, em 1994

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Foi em uma das últimas semanas da primavera, em 1994. Nos "embalos de um sábado à noite", um grupo de adolescentes reunia-se em uma mesa de um 'bar-karaokê', onde reclamaram por ser o único estabelecimento que os deixaram entrar. Os garotos bebiam, com caretas, as cervejas que Bob, o único que tinha uma identidade falsa, assim como uma barba cheia, que o fazia parecer mais velho, havia pedido. Vindos de New Blaine, eles esperavam que Hartford pudesse oferecer um pouco mais de diversão aos garotos, mas, por fim, aceitaram o que conseguiram, de qualquer forma.

     O lugar era um tanto espaçoso, barulhento e realmente animado, para a surpresa deles. No palco iluminado e colorido, pessoas cambaleantes, risonhas, super confiantes e outras acanhadas, se revezavam nos dois microfones para se apresentarem, onde aconteciam, também, alguns duetos "românticos". Vários "hits" da época foram tocados, incluindo as trilhas sonoras em que os funcionários já deviam ter ouvido milhares de vezes antes e, ao decorrer da noite, até mesmo alguns dos amigos se renderam.

     Estava sendo uma noite divertida, afinal, porém Isaac apenas assistia à todos com timidez. Ele ria discretamente das brincadeiras e dos colegas que não tinham medo de parecerem ridículos cantando Cyndi Lauper. Calado do jeito que sempre foi, ignorou a bebida alcoólica à sua frente, pois não havia se acostumado com o sabor amargo ainda, e observou o ambiente e as pessoas ao seu redor com curiosidade, como um passatempo, até que parasse em uma mesa distante: um outro grupo, este formado por garotas que imploravam para que uma jovem de cabelos dourados fosse até o microfone, elas pareciam ter a sua faixa-etária.

     Isaac continuou fitando-as por um momento, especialmente a que tentava tirar a atenção da sua mesa sobre si. Ela com certeza era dali de Hartford, era como se brilhasse uma certa aura, que gritava "sou da cidade grande" em torno dela, mas não foi só isso que o cativou, não... era o sorriso desafiador, eram os olhos fascinantes, tão intensos que ficou com medo de que os mesmos mirassem para a sua direção, o nervosismo o fez suar e se forçar a tomar mais um gole da sua cerveja, só de imaginar o que aconteceria, como reagiria e o que ela iria dizer, se chegasse a, realmente, dizer alguma coisa. Sentia-se ousado por admirá-la. 

     Perguntou-se qual seria o cheiro do perfume dela, como seria o som da sua voz, por isso, torceu silenciosamente para que a mesma se entregasse as que pareciam ser suas amigas e fosse até o palco, agradecendo quando a moça levantou-se com os lábios vermelhos esticados de uma maneira que conseguia, sem proferir nenhuma palavra sequer, expressar: "Ok... vocês venceram" onde, no fundo, não seria tanto um sacrifício, nem um pouco, na verdade.

     Sem nem reparar nos amigos que faziam algum tipo de competição barulhenta, ou algo assim, ele admirou o seu vestido preto conforme caminhava, como se fosse a proprietária daquilo tudo, até o funcionário que administrava a 'fila' que se fazia, para que o público pudesse cantar. Ela pesquisou pelo catálogo demonstrando saber exatamente o que estava procurando, com determinação, apontando à uma canção que não era possível saber de onde estava, mas queria muito. 

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