Capítulo 22

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A noite quente serviu para que eu ficasse até tarde na varanda da casa da minha tia pensando em alguma forma de se aproximar de Richard sem assustá-lo, ele realmente havia me chamado a atenção, mas era perceptivo que ele se esquivava sempre que eu tentava uma aproximação, o que não era difícil de se entender já que nós havíamos acabado de nos conhecer, eu não sei explicar a conexão que senti assim que bati o olhar sobre Richard, se eu acreditasse em amor a primeira vista poderia facilmente crer que foi um alvo certeiro.

Não era do meu feitio ser um rapaz tímido e logo disse a ele do meu interesse e ele se mostrou tão na defensiva que logo percebi que se tratava de alguma mágoa e que ele se fechava dessa forma como uma maneira de se proteger, e pela tensão que eu senti entre ele e aquele professor não foi difícil descobrir que esse muro de Berlim que Richard levantou tinha a ver com aquele professorzinho, acredito até que foi por saber disso que fui procura-lo no dia seguinte e o encontrei tão distraído com a égua prenha que nem notou a minha aproximação, ele se sobressaltou ao me ouvir:

_ Você fica ainda mais bonito a luz do dia.

_ Nossa você me assustou, o que veio fazer aqui?

_ Eu vim te ver.

_ Me ver?

_ Sim, vim cumprir o meu papel de novo contratado da fazenda, ou apenas disse aquilo para despistar o professor?

_ Não, quer dizer, não sou eu quem decido isso. Eu sou o filho dos donos, não sou o dono.

_ Relaxa, eu vim mesmo te ver. Eu não menti quando disse que tenho interesse em você.

_ Que besteira... até parece, me viu uma única vez e quer que eu acredite que tem interesse.

_ Quem disse que para sentir algo por alguém precisa de tempo, eu te vi, te achei bastante interessante, senti vontade de beijar, abraçar e até mesmo fazer amor com você.

_ Para de falar essas coisas, eu não sou um brinquedinho que você manipula.

_ Qual é Richard, você nem me deu uma chance para provar a você que digo a verdade, desde que nos conhecemos você fica na defensiva, me deixa te provar que você não é nenhum brinquedo para mim.

Sem resposta ele começou a caminhar e eu o segui, ele foi em direção as baías onde se encontravam os cavalos, e eu segurei o seu braço obrigando ele me olhar:

_ Me deixa provar que eu quero mesmo ficar com você, que você não é nenhum passatempo.

Ele me surpreendeu, pois se aproximou selando os meus lábios com o dele, e antes mesmo que ele conseguisse se afastar eu levei a mão a sua nuca o trazendo para que aquele selinho se tornasse um beijo, minha língua procurava a dele que freneticamente dançava em minha boca, juntava meu corpo ao dele ao ponto dele sentir toda a minha ereção, se eu queria fazer amor com Richard, lógico que queria, mas eu temia agir precipitadamente e o assustar, se isso acontecesse era certeza de que ele se afastaria, e outra ali no estábulo não era o lugar ideal para nós dois nos amarmos, tudo tinha o seu tempo certo para acontecer. Quando nossos lábios se separaram eu perguntei:

_ Será que consegui fazer você entender que não quero brincar com você? _ Tudo o que eu quero é que não se feche, eu quero te conhecer melhor, olha... eu sei que nós dois não nos conhecemos direito, mas eu gostei mesmo de você.

_ Eu não estou fechado Heitor, mas também não estou aberto para um novo relacionamento.

_ Eu sei que se me der uma chance eu posso fazer você mudar de ideia.

_ Tudo bem, eu... quer dizer, se quiser ficar, eu não vou te mandar embora.

_ Posso mesmo?

_ Pode Heitor, se quiser pode me ajudar no cultivo e com os cavalos, e depois podemos falar com os meus pais se tem trabalho.

_ Eu vou gostar muito. Afinal estarei perto de você.

Ele tentou disfarçar, mas eu vi um sorriso surgir nos traços faciais de Richard, isso era um bom sinal, pois a cada minuto ao seu lado me cativava ainda mais. Ele tinha um temperamento forte, porém, era sensível ao mesmo tempo.
No findar do dia fomos juntos para a sede da fazenda, porém, ficou claro o incomodo dele quando passamos pelo professorzinho e o encontramos de conversa com uma moça e a conversa de ambos parecia bem animada.
Ao contrário dos dois que conversam de forma bem intima, Richard parecia que iria se romper em lágrimas o que me obrigou a perguntar:

_ É ele não é? _ É por causa dele que você se fechou assim?

_ Você não sabe de nada. O meu relacionamento com o Ivan...

_ De fato eu não sei de nada, mas eu sei reconhecer quando uma pessoa está feliz com outra, e você toda vez que encontra com esse rapaz se fecha em conchas Richard, tá na hora de libertar-se.

_ Que direito você tem, você acha que me conhece tão bem, acha que pode vir aqui e se intrometer em um assunto que não lhe diz respeito, o Ivan e eu, o nosso relacionamento não significa mais do que uma relação de professor e aluno.

_ Mas você queria mais do que isso, negue se for capaz.
Eu o desafiava, mas logo percebi que isso só o afastaria de mim, então mudei a estratégia e o puxei para o meu lado:

_ O que pensa que está fazendo?

_ Fique aqui, fique do meu lado, se quer que ele sinta ciúmes fique aqui.

Aproveitei o momento e o beijei demoradamente, sentindo a textura de seus lábios, e como era gostoso a sensação de sentir os lábios dele sobre o meu, eu não podia mais negar, estava totalmente rendido aquele estranho sentimento que nascera assim que meus olhos o viram pela primeira vez, se aquilo se chamava amor, eu não sabia dizer, mas o que podia dizer e tinha certeza era que eu lutaria para conquista-lo, eu estava completamente apaixonado por aquele rapaz e faria com que ele percebesse isso de alguma maneira.


Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)Onde histórias criam vida. Descubra agora