Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)

Capítulo 11

Aos primeiros raios solares, já me pus em pé, uma das éguas estava prenha e tinha que ficar de olho para ver o andamento de seu período para saber se estava perto da hora do parto, ela estava beirando nove meses de gestação, faltavam ainda dois meses para se completar o tempo de parir, mais os cuidados exigidos já eram necessário, ela foi posta em um piquete adequado, separada dos demais animais, pois durante esse período a vulnerabilidade da égua era demasiada e podia-se colocar em risco o potrilzinho que estava por nascer.

Sua dieta diária era baseada em fibras, vitaminas minerais e proteínas, os carboidratos devem estar presentes com moderação, para não aumentar o sobrepeso da égua, mas, manter a energia.
A hidratação do animal também era primordial, uma fêmea obesa e sedentária poderia facilmente oferecer complicações na hora do parto.

Esses eram os cuidados básico a uma égua prenha, mas lógico que os cuidados iam muito além disso. Estava tão distraído anotando, medindo e cuidando da égua que nem percebi que estava sendo observado, só me dando conta quando ouvi uma voz a dizer:

_ Você fica ainda mais bonito a luz do dia.

Me virei imediatamente em direção ao rapaz:

_ Heitor... o que faz aqui tão cedo?

_ Vim cumprir o meu papel, eu não sou o novo contratado da fazenda, não foi o que disse aquele professorzinho, ou apenas disse aquilo para provoca-lo?

_ Não, mas é que...

_ Relaxa... eu apenas não consegui dormir direito, e acordei cedo, aproveitei para vir te ver.

_ Você veio me ver?

Eu o olhei curioso, ele conseguia atrair a minha atenção com o seu jeito tão despojado:

_ Sim, eu não menti quando disse que eu luto pelo que eu quero.

_ Lutar por mim... você nem me conhece.

_ Podemos resolver isso, se me der a chance de te conhecer. Eu não estou dizendo que estou apaixonado nem algo do tipo.

_ E então, o que está querendo dizer?

_ Que tenho atração por você, que assim que bati os olhos em você eu percebi o quanto é sensível, que irradia uma energia que nem mesmo você sabe que tem.

_ Tem certeza de que é engenheiro agrônomo e não psicólogo?

_ Não dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco?

_ No seu caso tá mais para louco né.

_ Porque você age sempre na defensiva, alguém te magoou tanto assim que você se fechou para novo recomeço?

Eu fui caminhando para o estábulo, sendo seguido por ele:

_ Não vai me responder?

Eu virei-me e ele encostou-se em uma das pilastras que separava as baías dos cavalos, cruzou os braços e me encarava:

_ Eu apenas não sou um brinquedo de uma noite apenas.

_ Deixa eu te provar que você não é.

Acho que para provar para mim mesmo que ele apenas estava brincando assim como Ivan, eu diminui a distância entre nossos corpos, ele levou a mão a minha blusa pela lateral e juntou ainda mais o meu corpo ao dele, não sei se para provar a mim ou a ele que tudo aquilo que ele dizia era  mentira eu selei os seus lábios, acreditava que ele recuaria assim como Ivan sempre fizera, mais ao contrário do que eu imaginava, ele levou a mão a minha nuca e aprofundou o selinho que virou um beijo, sua língua explorava o interior da minha boca a serpentear a língua a procura da minha, suas mãos apertava a lateral do meu corpo mais em nenhum momento ele ergueu a minha blusa, em nenhum momento ele insinuou querer sexo, apenas me beijara e depois me soltou, eu o olhava paralisado.

_ Será que consegui fazer você perceber que não estou brincando?

_ Mas você nem me conhece.

_ Eu te achei bonito, senti vontade de beijá-lo desde o primeiro minuto, não vou mentir dizendo que isso pode ser duradouro, que terminaremos apaixonado um pelo outro, mas podemos curtir os momentos em que estivermos juntos e sim, há a possibilidade de uma paixão, é só você não fechar a porta para nós.

_ Não estou fechando... mas também não está totalmente aberta entende.

_ Mas se a deixar encostada eu posso faze-la abrir.

Aquela tarde ele ficou me ajudando com os animais e com o cultivo até o findar do dia, depois fomos juntos para a fazenda, mas ao passar pela escola de informática, eu vi Ivan conversando com a mesma aluna que ele conversava na noite da quadrilha, eu o encarava, mas Heitor me chamou a atenção:

_ É por causa dele não é?

_ O que?

_ É por causa dele que você se fechou em conchas, você precisa se libertar para poder ver que existem outras possibilidades, é estranho eu dizer isso pois faz pouco tempo que nos conhecemos e você pode me achar um psicopata, um lunático que estou te perseguindo, mas, desde o dia em que te conheci eu não consegui tirar você do meu pensamento, se eu acreditasse em amor a primeira vista poderia dizer que fui atingido em cheio por ele, mas eu sei que o amor vem com o tempo, nasce com o tempo, porém, eu estou mesmo atraído por você Richard, e vê-lo sofrer por alguém que não merece só me incentiva a lutar por você.

_ Do que você está falando, você não sabe de nada, o meu relacionamento com o Ivan...

_ Eu não sei o tipo de relacionamento que vocês tem, mas eu sei distinguir quando uma pessoa está feliz e esse cara te faz infeliz, todas as vezes que vi os dois juntos mais você se fecha, mas eu não vou mais deixar isso acontecer.

O que aquele homem estava querendo dizer com "não vou mais deixar isso acontecer", quem ele achava que era, aquilo parecia surreal, e ficou ainda mais quando Ivan nos observava, e viu quando Heitor me envolveu com um braço em meu quadril me puxando para mais perto, eu quis protestar mas ele reforçou o aperto dizendo:

_ Fique aqui perto... Se quer que ele fique com ciúmes fique perto.

Meu olhar cruzou com o dele e ele pousou os lábios sobre o meu, e sem perceber eu entreabri os meus para recepcionar os dele e Heitor aprofundou o beijo: