Capítulo 12

236 11 2
                                    

Se era para provocar em mim um constrangimento, acho que ele teve sucesso em seu intento, pois assim que o beijo teve fim, meu olhar procurou imediatamente a Ivan do outro lado da rua, ele me encarava, virei-me para Heitor que estava com as mãos no bolso da sua calça jeans como se fosse a coisa mais natural o que ele havia acabado de fazer:

_ Porque me beijou?

_ Por sentir vontade.

_ O que quer provar Heitor?

_ Que eu quero você.

Eu fiquei estático, olhando-o, não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, Ivan nos observava e eu sabia que tinha que dá um ponto final naquela ousadia de Heitor, mas no fundo se fosse admitir eu admirava esse jeito despojado do rapaz, ele não tinha medo, não tinha receio de demonstrar o que sentia, embora, achasse loucura imaginar que ele estivesse realmente interessado em mim. Era como se Ivan tivesse sugado toda a alto estima que eu um dia possuía e deixado um caos no lugar, eu me achava feio, me achava esquisito e como imaginar que um rapaz como Heitor se interessaria em alguém assim como eu.

_ Não brinca comigo, isso é cruel.

Fui caminhando, quando senti ele segurar o meu braço, obrigando-me a encará-lo:

_ Se não ficasse tão na defensiva perceberia que eu não estou brincando, eu estou mesmo afim de você.

_ Porque?

_ Como porquê?

_ Heitor... olha para você... agora olha para mim?

Ele pareceu não entender o que eu queria dizer:

_ O que uma pessoa como você iria querer comigo? _ Eu sou totalmente sem graça, quanto a você é... despojado, bonito.

_ Hei... quem lhe disse isso, quem disse que você é sem graça, você é tudo menos sem graça Richard, eu não sei explicar o que eu sinto quando estou perto de você. É uma vontade incontrolável de te proteger, de te abraçar, te beijar, fazer amor com você, pensa que isso também não me atormenta?

Arregalei os olhos ao ouvi-lo:

_ Atormenta eu não saber o que dizer, pois você sempre age assim na defensiva, então eu tenho que ficar medindo as palavras para não te assustar, mas eu também estou assustado com o forte sentimento que eu tenho quando te vejo, quando bati os olhos em você a primeira vez, é estranho mas, é como se houvesse um magnetismo que me atraía até você.

Ele me olhou diretamente nos olhos:

_ Eu só quero dizer que passe o tempo que passar, eu não vou desistir de você... eu sei que está ligado no professorzinho ali. Mas eu não vou desistir.

Heitor dizia as palavras que sempre quis escutar, mas não era ele quem eu imaginava que diria e isso me doía pois Ivan jamais diria algo semelhante.

Ele fez questão de me acompanhar até a fazenda e cumprimentar os meus pais, e eu ficara deveras incomodado quando ele aceitou o convite para jantar.

Fui tomar um banho enquanto ele ficou conversando com os meus pais, meus irmãos haviam ido para a cidade, meus avós estavam viajando então era somente nós quatro jantando e a conversa logicamente tomava aquele rumo:

_ Conte-nos um pouco sobre você Heitor.

_ Não há muito o que se dizer seu Jordan... bem meu pai morreu quando eu tinha cinco anos e minha mãe me criou sozinha, trabalho desde os doze anos na fazenda onde meu pai era capataz e o seu Alberto permitiu que minha mãe permanecesse depois que meu pai faleceu. Paguei os meus estudos com dificuldade, mas, cursei e me formei em agronomia e aqui estou.

Ele me olhou enquanto continuava a falar:

_ Eu vim passar uns dias na casa da minha tia, irmã da minha mãe... a mãe do Adrian, e agora preciso encontrar um emprego.

_ Pois não precisa mais, se quiser pode trabalhar aqui na nossa fazenda, temos uma égua prenha e todo o serviço está nas mãos do Richard, você poderia auxiliá-lo, se quiser o emprego é seu.

_ Claro que eu aceito, eu vou adorar trabalhar para vocês e ao lado do Richard, se não tiver nenhum problema para ele.

Os três olharam para mim esperando a minha resposta:

_ Não... não vejo problema.

Meu pai Roger olhou para o meu pai Jordan como que incentivando ele a perguntar:

_ E namorada Heitor... alguma?

_ Não... eu sou gay assumido, no início foi difícil sabe, ser filho único, foi difícil se assumir, mas foi libertador também.

_ Eu compreendo o que fala, para mim também foi muito difícil assumir que estava apaixonado pelo Jordan, primeiro passei por uma luta interna e depois para assumir aos meus pais que estávamos juntos, não sei se sabe mais o Jordan e eu temos o mesmo pai o que dificultou muito a minha decisão em assumir.

_ Conheço a história por cima, digamos que os fundadores da escola de informática Rebeca Alexsander não é passado despercebidos.

_ Sabemos bem disso.

Terminamos o jantar e fomos para a sala, meus pais sentaram-se em um sofá e eu me sentei no sofá que ficava de frente a eles, Heitor sentou-se do meu lado e sem receio algum segurou a minha mão brincando com ela, meus pais se entreolharam ao perceber a intimidade do rapaz:

_ Heitor... meus pais, o que eles vão pensar.

Falei baixinho para ele puxando a minha mão, ele voltou a pegá-la respondendo no mesmo tom que eu:

_ Vão pensar que estou segurando a sua mão.

A conversa fluía naturalmente, e quando foi umas 21h Heitor se despediu e se foi:

_ Gosto desse rapaz.

Meu pai Roger anunciou:

_ É também gosto, e parece que ele tem muito bom gosto.

_ O que vocês querem dizer com isso pai?

_ Que ele gosta de você Richard.

_ Não... nós nem nos conhecemos direito.

_ Isso não impede que um sentimento nasça filho.

_ É filho, se vê de longe que esse rapaz sente algo, não vou dizer que seja amor, pois o amor nasce com o tempo, mas que ele sente algo por você está óbvio e se quer a minha opinião eu faço gosto.

_ É seu Roger, mas acontece que eu não sinto nada por ele.

_ Tem certeza filho, você fica tão sem jeito perto dele.

_ De jeito nenhum, vocês sabem que eu gosto do Ivan, o que acha que eu sou, do tipo volúvel gosta de um e se sente atraído por outro?

_ Você é o nosso filho adorado, e se sentir atraído por alguém não é nenhum pecado filho, ainda mais quando o Ivan não te valoriza, eu sei que doí você escutar isso, mas como seu pai eu preciso fazer você enxergar que tem outra opção e na minha opinião uma opção muito melhor.



Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)Onde histórias criam vida. Descubra agora