Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)

Capítulo 32

Após passarmos horas ali prestando o depoimento, seguimos para a fazenda, toda a família do Richard estava reunida para recebe-lo, todos tinha total ciência de que perder o Valente para ele estava sendo devastador.
Ivan permaneceria na cadeia, porém sua pena seria branda diante da perda do potro, e de alguma forma eu queria amenizar a dor que o Richard estava sentindo e vinha alimentando uma ideia que pretendia coloca-la em ação, porém como não sabia qual seria a reação do Richard estava adiando esse acontecimento.

Eu estava decidido, mas não tinha tanta certeza quanto a decisão dele, mas eu só teria a conclusão desse conflito se enfim me arriscasse, por essa razão durante o jantar me levantei, todos os olhares se voltaram para mim que permanecia em pé porém em silêncio:

_ Heitor... o que você está fazendo?

A voz do Richard me fez atrapalhar-me nas palavras:

_ Richard... é eu... eu, bem eu...

Todos ainda me olhavam e Richard deixou escapar uma risada erguendo a sobrancelha:

_ Você...

Respirei fundo e olhei para os dois pais do Richard:

_ Eu vou aproveitar que estão todos aqui reunidos e... talvez vocês achem precipitado o que tenho a dizer, mas eu entendo que quando isso acontece não podemos e não devemos prorrogar mais tempo do que necessário.

_ Cunhado é tão difícil assim dizer que você quer pedir o Richard em casamento?

Dona Brenda deu um tapa no topo da cabeça de Julinho, encabulado eu abaixei a cabeça enquanto sentia os olhares insistentes sobre mim:

_ Heitor...

Richard falava quase em suplicas:

_ Bem... o Julinho acertou, Richard, eu gostaria de saber se você quer se casar comigo... eu sei que apareci na sua vida faz pouco tempo, mas o que vivemos nesse pouco tempo foi intenso demais para saber o que eu sinto, eu amo você.

Eu não tinha nenhuma aliança comigo, ainda assim me ajoelhei a sua frente segurando a mão dele sobre a minha que estava tremula, eu o encarava esperando o que ele tinha a responder:

_ Heitor... sim... eu aceito, aceito me casar com você.

Unanimes todos os que ali se encontravam bateram palmas, mas Richard abraçou-me e eu o ergui tirando seus pés do chão enquanto o beijava demonstrando todo o meu amor por ele.
Quando ficamos a sós, mais uma vez eu o beijei:

_ Richard, eu quero muito que se case comigo, mas tem algo que preciso que fique ciente.

_ O que?

_ Com o salário que eu ganho não poderei te dar o conforto que você tem aqui na fazenda, eu irei alugar uma casinha para nós, no início até conseguir algo melhor, garanto que me esforçarei para que nada te falte, mas não será nada comparado com o que você tem aqui... hoje eu quis dar um passo em direção ao altar, mas como percebeu nem mesmo uma aliança eu pude lhe dar.

_ Nada me fará mais feliz em ser teu marido Heitor, não importa se teremos muito ou pouco, assim como você trabalha, eu também trabalho e juntos poderemos alugar a casa, e eu tenho certeza de que nós dois vamos nos virar, eu sei que ser filho dos fazendeiros Teixeira Alexsander assusta, parece que esse nome trás um peso excessivo, mas o que eu preciso é tão simples, tão fácil.

_ Simples, fácil, pode me explicar como por favor pois eu preciso saber.

_ Tudo o que eu preciso está bem aqui, na minha frente.

_ Mesmo?

Ele meneou a cabeça beijando-me:

_ Olha... eu sei que todo começo é difícil, e eu tenho certeza de que meus pais...

_ Não... Richard eu não quero ficar dependendo dos seus pais.

_ E não vamos. Mas é certo que eles não vão aceitar recusas, pelo menos no início.

_ Vamos ter que falar sobre isso direito, não acho certo seus pais nos bancar, eu quero mesmo me casar e manter a minha família.

_ O que importa é que seremos felizes na nossa casinha.

_ Sim, seremos.

_ Eu tenho algo a te dizer Heitor.

_ O que?

_ Hoje você disse que me amava, isso é verdade?

_ Sim, eu amo você.

_ Então... eu, também sinto por você algo forte, no início eu tive medo de assumir para mim mesmo sabe, estava ferido por causa de quem você sabe bem quem, mas você foi ganhando espaço, você foi abrindo caminhos até então desconhecido e se infiltrando de maneira que meu coração só pertencesse a você e a mais ninguém, mas eu não estava preparado para dizer que te amava, até hoje.

_ E hoje você já se sente pronto?

_ Sim, eu estou preparado, você é o grande amor da minha vida, aos poucos você foi ganhando o meu respeito, o meu carinho, foi despertando em mim, sentimentos que eu jamais havia sentido, e quando eu estava ali preso com o Ivan... foi ali que eu percebi que te amava e que o meu medo em dizer que te amava estava me impedindo de ser feliz ao seu lado, não importa se iremos morar em uma mansão ou em um casebre, desde que estejamos juntos, nos amando, não importa.

Ali sentados na cadeira de balanço me debrucei por cima de Richard o beijando de forma despudorada, mas ele interrompeu o beijo e com a expressão risonha me olhou a dizer:

_ Antes que eu esqueça, por causa do que aconteceu ao Valente eu acabei adormecendo antes de dizer a você... a nossa primeira vez foi a melhor, foi exatamente como eu queria que fosse, cheio de carinho, e transbordada de desejo mútuo... porém tenho que te confessar algo.

_ Confessar algo... eu te machuquei, você não curtiu é isso?

_ Nada disso, você foi perfeito, porém está me devendo uma noite no motel e eu irei cobrar.

Levei a mão ao rosto dele rindo:

_ Como você é bobo, me assustou, achei que tivesse feito algo indevido, agora quanto a essa dívida, eu terei o prazer em pagá-la o quanto antes.

Voltamos a nos beijar, e eu me ajeitei no assento:

_ De modo algum deixarei de pagar essa dívida.

_ Acho muito bom, e isso deve acontecer antes do nosso casamento, quero viver a adrenalina de ter frequentado um motel antes de se tornar um homem casado. Afinal depois só poderei ir a um motel com o meu marido.

_ Só com o seu marido, não abrirá exceções?

_ Ah quem sabe um agrônomo gostoso e atraente que aparecer por aqui, ah ele também deve ser um homem forte que defende com unhas e dentes um moço indefeso que se encontra em perigo.

_ Esse agrônomo está em extinção, só existe um e ele já tem dono, e o dono dele é um jovem apaixonante, o agrônomo se apaixonou por ele desde o primeiro momento em que colocou os olhos nele, foi nesse momento em que ele decidiu que se casaria com aquele jovem.

_ É sério isso Heitor?

_ Sim Richard, eu me apaixonei por você no primeiro olhar, eu nunca acreditei no destino, mas agora tenho que me render, eu simplesmente acredito que fui destinado a amar você.