Capítulo 27

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Respaldado pelos pais e a permissão de Richard, todos os dias eu o buscava para juntos irmos trabalhar, isso passou ser diário, todos os dias eu passava em sua casa e o levava depois de terminarmos o trabalho no estábulo, mas nem sempre podia ficar o tempo todo com Richard e em um desses momento Ivan se aproveitou para coagi-lo. A perturbação que presenciei no rosto de Richard me deu a real percepção de que algo sério tinha acontecido, mas de inicio ele se negava a me dizer o que tinha sucedido:

_ Confia em mim, se me contar o que está havendo eu posso te ajudar, mas se não falar como poderei fazer alguma coisa?

_ Heitor eu confio sim em você, mas tenho medo, medo por você, pelas minhas irmãs, pela minha família, por mim.

_ Do que você está falando Richard, fala por favor para que eu possa saber como ajuda-lo, do que está com medo?

_ Do Ivan.

_ O que aquele professorzinho te fez para você ficar assim com medo, me fala Richard, me fala eu estou te pedindo vamos me fala.

Minha voz estava elevada, mas me angustiava ver o Richard assustado da forma como ele se encontrava, eu mataria aquele professorzinho se ele tivesse feito algo a ele:

_ Tenho medo pelas minhas irmãs.

_ Pelas suas irmãs?

_ Ele me pediu para ir a casa dele hoje Heitor.

_ Ir a casa dele porque... você respondeu a ele que não vai, foi isso o que você respondeu não foi, você não vai não é Richard?

_ Eu não quero ir, mas...

_ Você está pensando em ir?

Richard segurou o meu rosto com as duas mãos, beijando-me:

_ Eu não sei se poderei negar o pedido dele Heitor.

_ Eu não estou acreditando que você está me dizendo que está cogitando a ideia de ir vê-lo.

_ Ele está ameaçando-me, eu não quero mentir para você Heitor, eu não quero ir vê-lo, mas ele ameaçou as minhas irmãs, e eu tenho que protege-las.

_ Ele te ameaçou?

_ Ele disse... não diretamente, mas insinuou que faria mal a elas se eu não fosse encontra-lo hoje na casa dele.

_ Desgraçado, canalha.

Eu estava tão indignado com esse crápula que minha vontade era ir tirar satisfação naquele mesmo instante com aquele calhorda.

_ Eu pensei em não te contar nada, pois eu sabia que ficaria tão indignado como eu fiquei, eu não consigo acreditar que um dia eu pude pensar que senti algo por aquele homem, eu tenho nojo dele, nojo, mas não sei o que fazer, acha que eu tenho que falar com os meus pais?

_ Não!

_ Então o que eu faço?

_ Eu ainda não sei... mas não precisamos preocupar os seus pais, nós pensaremos em algo, dois pensando é muito melhor que um.

_ Tá... mas e hoje, ele quer que eu vá a casa dele hoje Heitor?

Eu chutei um tufo de grama:

_ Você não vai... eu vou.

_ Como é?

_ Ele vai ter que tratar o que quer que seja comigo Richard, eu vou encontra-lo hoje.

_ Você tem certeza de que isso é o melhor a se fazer.

_ Eu não sei se é o melhor, mas é o que faremos, eu não vou permitir que ele te faça refém do medo dessa forma, eu vou fazer ele te deixar em paz.

_ Você promete que vai tomar cuidado, nós não sabemos o que ele quer com tudo isso.

_ Não se preocupe, eu vou ter cautela, mas não posso permitir que ele te faça qualquer mal.

Nós nos beijamos ficando abraçados por alguns instante:

_ Eu preciso que você tome cuidado, não estou brincando Heitor, me promete que se cuidará.

_ Eu me cuidarei sim.

Eu o levei para a sede da fazenda, em todo o tempo ele segurava firme a minha mão, eu o abracei e o deixei indo direto a casa do professorzinho, bati na porta e ele abriu com um sorriso que se desfez ao me ver:

_ O que você quer aqui rapaz?

_ Quero que deixe o Richard em paz, se você se aproximar dele novamente...

_ O que é que você vai fazer hein?

_ Não queira saber do que sou capaz de fazer, se você se aproximar novamente do meu namo...

_ Namorado?... faz me rir rapaz, a quatro anos o Richard me olha com desejo, eu sempre percebi isso, e agora você aparece e acha que isso mudou, do dia para a noite, ele pode sim estar com você, mas é a mim que ele gosta, você é apenas um tapa buraco entendeu, um estepe.

_ Ainda que isso fosse verdade o que não é, é comigo que ele está, e eu quero você longe dele.

_ E se eu não quiser?

_ Vou fazer você se arrepender, é melhor já ficar ciente que quero você longe dele.

_ O seu medo é por motivo justo.

_ Eu não tenho medo de você.

_ Ah tem... tem sim, ou não teria vindo aqui tirar satisfação.

_ Você está enganado, eu não tenho medo, eu confio no sentimento do Richard e sabe o que foi que ele me disse hoje, ele me disse que tem nojo de você. Esse é o tipo de sentimento que eu não desperto nele, ao contrário nele eu desperto algo bom, mas quanto a você o que esperar certo, um cara inescrupuloso que ameaça ele dizendo que fará mal a suas irmãs, só é digno de pena mesmo.

_ Ele está mentindo para você, ele gosta de mim.

_ É isso o que quer que ele sinta professorzinho, mas não é o que ele sente, você fede a podre, a podridão impregnou a sua alma, eu garanto se você se aproximar novamente dele eu não responderei por mim.

Eu o deixei sozinho, e fui para casa, esperava que ele tivesse entendido bem o recado, eu não permitiria que ele voltasse a se aproximar de Richard, ainda não sabia o que fazer para mantê-lo afastado mas o recado estava dado, eu o queria bem longe.

Passei a noite toda quase em claro pensando no que fazer para que Richard e sua família ficasse em segurança, nada vinha a minha mente, mas eu não parava de procurar uma solução, uma hora eu chegaria a ter uma ideia para isso acontecer. 

Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)Onde histórias criam vida. Descubra agora