Capítulo 39

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Faltava agora menos de duas semanas para o casório, uma onda de ansiedade me tomava de sobressalto, Jordan e Roger assinaram a escritura da fazenda para o nome do Richard e para o meu, agora a fazenda Valente era oficialmente nossa e começamos logo os concertos, queria que estivesse tudo apresentável para receber os convidados do casamento, começamos pelo piquete que arrumamos o cercado para poder trazer os animais que havíamos ganho não apenas dos pais de Richard, seus avós e outros fazendeiros da redondezas também nos presentearam, minha tia não tinha recursos para nos presentear com cabeças de gados, mas fez questão de dar uma única vaca, e o Adrian me entregou um cheque com suas economias, eu não queria aceitar por achar que iria fazer falta a eles, mas prudente o Richard me chamou de canto:

_ Heitor, eu conheço esse olhar e sei que você estava preste a recusar o presente da sua tia e do seu primo, eu aconselho a não fazer isso.

_ Mas Richard eles vão precisar da vaca e esse dinheiro é para o sustento deles.

_ Entenda Heitor, eu sei disso, e sei também que você nunca deixará faltar nada para eles, e eu tenho uma sugestão.

_ Que sugestão?

_ Se eles estão te dando esse presente é por que gostam de você e se você se negar a receber, eles poderão se sentir ofendidos, achar que você está menosprezando o que eles gentilmente te ofereceu, mas ela é a sua tia e o seu primo... você pode chama-los para morar conosco.

_ Morar conosco?

_ Precisamos de um capataz de confiança, um administrador, um caseiro, entre outros servidores, somos agrônomos o que já ajuda mais não podemos gerenciar todas as áreas, alguma delas pode ficar a encargo do Adrian o que você acha?

_ Eu acho essa ideia maravilhosa.

A proposta foi feita a minha tia, ela e Adrian viria morar na fazenda logo depois que Richard e eu nos casássemos, antes eu quis informar os meus sogros:

_ Rapaz sente-se aqui comigo. Richard pode me deixar sozinho com o Heitor?

_ Sim pai, vou dar uma olhada no que o pai Roger está preparando para o jantar.

Jordan fez sinal confirmando e virou-se para mim:

_ Heitor... você ama o meu filho?

_ Com todas as forças da minha alma.

_ Quando eu cheguei a fazenda Terra Prometida, eu tinha uma vida na cidade que era bem diferente da que eu vivo hoje, gostava de me exibir em motos caras, em carros luxuosos, mas quando eu conheci o Roger, eu precisei decidir entre ser feliz ao lado dele e morar na fazenda e me adaptar ao ritmo desse lugar ou voltar a ser o playboy da cidade grande, bem... você já sabe qual foi a minha escolha, por amor eu larguei a vida de playboy para se tornar um fazendeiro, por amor abrimos mão das nossas convenções rapaz, e eu vejo que você ama o meu filho então tem que parar de se sentir inferior a ele, o fato de ter dado a fazenda a vocês não faz com que você seja menos que ele, vocês dois tem que entrar nessa relação em posição de igualdade, a balança tem que está equivalente entende?

Ele parou de falar e colocou a mão no meu ombro:

_ O Richard está com você por amor, eu conheço o filho, se ele aceitou se casar com você é porque você o conquistou, então você terá que aprender a não se sentir inferior a ele ou essa relação não terá futuro algum e em alguns anos haverá rupturas. Você e ele terão que caminhar no mesmo passo e aprender juntos a compartilhar as bonanças e os infortúnios, se um caminhar na frente deixará o outro para trás entende... o orgulho será um grande tropeço, ou se aprende juntos ou fatalmente se romperá o laço. Heitor se você ama o meu filho como sei que ama, terá que aprender que o que é de um pertence ao outro também, a fazenda é sua e se acha que sua tia e seu primo se adaptará bem por lá faça isso, convide-os.

_ Obrigado por aconselhar-me, de fato eu estava me sentindo inferior por não ter grandes coisas a oferecer ao Richard, mas tenho força de vontade e iremos juntos construir a nossa história.

_ É isso, agora você tem que ter convicção dessas palavras.

Eu entendi exatamente o que o Jordan queria dizer com aquelas palavras, eu tinha que ter atitude, falar era fácil, sentir com convicção e depois daquela conversa comecei a me mover, arrumar o piquete, depois a casa onde minha tia e o Adrian ficaria.
O estábulo estava conservado mas precisava de alguns consertos, o que demoraria mais seria dentro da fazenda, ali precisaríamos dar uma boa reforma, o trabalho era árduo e tanto Richard como eu não paramos um segundo toda aquela tarde ajeitando uma coisa aqui e outra ali, só parávamos para roubar um beijo um do outro:

_ Tá cansado... acho que merecíamos um descanso...

_ Eu prometo que vamos ter o nosso merecido descanso Richard depois que passarmos uma mão de tinta nessa parede.

_ Tem certeza de que vai trocar os meus beijos por essa parede?

_ Beijos é... tentador.

Envolvi os braços no corpo de Richard e o trouxe para mim, mordendo o inferior de seus lábios:

_ Nada é melhor do que seus beijos amor.

_ Então me beija, me beija como se não houvesse o amanhã.

Obedecer aquela ordem era um prazer, e eu não hesitei, meu lábio encontrou o dele no mesmo instante, e eu o ergui para coloca-lo sentado sobre o mármore da pia, depois meus lábios foram para a curva do seu pescoço:

_ Você tem o poder de me enlouquecer Richard.

Com relutância me afastei:

_ Acabou?

_ Não me tente, temos muitas coisas para arrumar, depois teremos a vida toda para ficarmos nos amando, sairemos daqui apenas para comer e voltaremos para a cama o que acha?

_ Essa com certeza será uma promessa que eu vou cobrar.

_ Não precisará cobrar, eu faço questão de pagar.

_ Viveremos de amor...

_ Do nosso amor.

_ Só depois então?

Richard me perguntava fazendo uma expressão manhosa:

_ Eu juro que te arrastaria para a cama agora se tivéssemos uma aqui, mas para ter uma cama precisamos de consertos que não se farão sozinhos.

_ Estraga prazer.

Ele estava se afastando quando eu segurei em sua mão e o puxei para mim, selando seus lábios:

_ Ter você nos meus braços é a maior benção que eu tenho, o mármore da pia é uma ferramenta acessível para nós dois, mas nada substitui uma cama, faltam alguns dias apenas.

_ Certo, vamos logo terminar essa arrumação.

Prendi seus pulsos atrás do seu corpo colando o meu no dele sussurrando em seu ouvido:

_ Calma aí mocinho, você vem, me provoca e agora quer sair ileso, não... terá que pagar por suas inconsequências.

_ É mesmo?

Balancei a cabeça afirmando:

_ E como terei que pagar?

_ Para o começo um beijo, e uma promessa de que sempre seremos esses mesmo amantes quando estivermos de bengala na mão.

Ele beijou-me demoradamente, envolvendo os dedos em meus cabelos e após o beijo ele disse:

_ Serei sempre seu, mesmo quando estivermos bem velhinho, olharei para trás e verei o dia de hoje quando lhe faço a promessa de sempre te amar.

Um segundo beijo aconteceu para selar aquela promessa. 

Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)Onde histórias criam vida. Descubra agora