Antes de dizer te amo (cont: O amor acontece devagar)

Capítulo 24

A melhor forma de agir com Richard era ponderadamente, nem podia avançar o sinal nem recuar, receber dele a permissão de busca-lo em casa para irmos juntos ao estábulo já era um bom indício de que aos poucos eu estava ganhando a sua confiança. 

Procurei focar no trabalho o dia todo e não me distrair, o seu Jordan e o seu Roger havia me dado um voto de confiança e eu iria honrá-lo, naquele momento estava ali a trabalho e não para conquistar o filho deles, tudo tinha o seu momento e aquele era o momento para me dedicar a cuidar dos animais e do cultivo, tratei de manejar a conservação do solo e o planejamento que era o essencial para prevenir e livrar qualquer coisa que comprometa a saúde dos animais e do plantio.
Ajudei também no manejo ambiental, com as atividades como descarte de resíduos, a recuperação do solo, enquanto Richard ficou apenas com a tarefa de cuidar da égua que estava para a parir em pouco tempo.

Richard era apaixonado pelo que fazia era tão visível como ele cuidava do potro que lhe pertencia e que tinha o nome de Valente, assim como cuidava de todos os outros cavalos, mas no momento ele se dedicava exclusivamente a égua prenha, ele concentrava toda a sua atenção a ela, olhando o ubre cheio, cuidando de sua alimentação, mantendo-a hidratada, todos os cuidados necessário para ela ter uma boa hora, eu o ajudava a deixar a baía sempre limpa e arejada, também o piquete preparado. Mas nós tínhamos que descansar um pouco também, por isso arrastei Richard até o rio, ali eu exibi o meu corpo inteiro para ele e tratei logo de expor o dele também, eu o beijava de forma muito íntima, e ele não reprimiu um desejo de afastar-se, e aproveitando-me disso eu procurei estimulá-lo descendo com beijos sobre seu corpo o tocando de forma incisiva em seu pênis até que ele chegasse ao êxtase, após me afastei e sorri ao ouvi-lo:

_ É só isso, nós não vamos fazer nada, não vamos transar?

_ Eu não quero transar com você Richard...

Ele me olhava incrédulo, tentando conter um misto de surpresa e animosidade que não me passou despercebido e eu sorri, eu estava conseguindo aos pouco romper o muro que ele havia levantado entre nós dois:

_ Eu achei que você quisesse?

_ O que... fazer sexo com você, não, não quero, o que eu quero é fazer amor com você, e esse não é o lugar apropriado, não é te encostando nessa rocha, ou te deitando nesse chão que quero que se lembre desse momento, eu quero que seja algo especial.

Novamente eu me aproximei o beijando, após segurei a sua mão o chamando:

_ E então vamos dar um mergulho?

Ficamos dentro d'água por cerca de alguns minutos, depois nos sentamos na grama eu deitei a cabeça em suas pernas acariciando seu rosto com o polegar, mas não podíamos nos delongar ali devido a égua prenha que exigia cuidados, por essa razão tivemos que retornar, mas ao longe avistamos ele, o professorzinho estava ali a espera de Richard, imediatamente ele soltou a minha mão e passou a andar mais rápido, enraivecido fiquei um pouco mais para trás os observando.
Eles conversaram por alguns minutos e eu apenas os observava, minha vontade era de tirar o Richard de perto daquele homem, mas que direito eu tinha, era bem capaz de Richard me mandar pastar:

_ Heitor... você pode cuidar da égua prenha e de tudo por um instante, eu terei que sair um minuto.

_ Não! _ Eu tenho outras coisas para cuidar.

Eu me arrependi imediatamente, eu não deveria misturar a vida pessoal com a profissional, eu tinha que lembrar que ali eu era um empregado e mesmo com irritação eu tinha que cumprir o trabalho com excelência e cuidar da égua prenha era uma das minhas funções, eu já estava para me corrigir quando ouvi Ivan dizer:

_ Você não passa de um empregado aqui, é um absurdo desacatar as ordens do filho dos seus patrões, se ele falou que você tem que cuidar da égua o que tinha que dizer era "Tudo bem", e não fazer questionamento.

Eu respirei fundo e dei três passos a frente, minha vontade era socar a cara do desgraçado, cheguei a cerrar meus punhos mais parei quando Richard se pronunciou:

_ Chega vocês dois, Heitor por favor eu já volto, não irei demorar.

Eu vi Richard se afastar com o professorzinho, e não pude fazer nada para impedi-lo, o olhar revoltado no meu rosto demonstrava bem o sentimento que eu tinha naquele instante.

Richard retornou, eu não conseguia distinguir a expressão que ele tinha no rosto, não sabia dizer se era surpresa, felicidade ou incredulidade ou até mesmo espanto:

_ O que ele queria?

_ Conversar.

_ Conversar... Acho que pelo que aconteceu hoje entre nós dois, tenho o direito de saber sobre o que conversaram.

_ Eu ainda não sei o que ele quer de mim Heitor, saberei hoje a noite quando for a casa dele.

_ Então vai encontra-lo hoje?

_ Sim.

_ Boa sorte então. Espero que dê tudo certo entre vocês.

Era mentira, eu não desejava boa sorte, não podia desejar isso, mas ao mesmo tempo queria que ele tivesse sucesso na sua noite, era contraditório eu sei, mas tudo o que eu queria era que Richard fosse feliz, ainda que não fosse comigo, se professorzinho conseguisse fazê-lo feliz eu me afastaria, eu deixaria ele viver essa felicidade, mas no fundo eu sabia que aquele homem não seria capaz de fazer o Richard feliz, era como se eu sentisse que ele não seria capaz, e eu teria que estar ali para juntar os pedaços que ele deixaria o coração do Richard.

Richard recusou a minha companhia naquele fim de tarde, e eu fui direto para a casa da minha tia, encontrei Adrian na varanda sentado, sentei-me ao seu lado:

_ O que foi primo?

_ O que?

_ Essa cara desanimada, qual é a razão?

_ Eu estou pensando em partir.

_ Quer ir embora?

_ Estou pensando.

_ Por causa do Richard?

_ Em partes sim.

_ Primo, se quer a minha opinião eu acho que não deve ir, se está gostando dele, lute até conquista-lo.

_ Não é tão fácil como você pensa Adrian, o Richard ele é escorregadio, sempre que eu acho que estou avançando com ele, parece que ele escorrega entre meus dedos, eu me sinto perdido com ele, minha auto confiança some todas as vezes que eu o encontro e parece que ele está sempre disposto a criar um muro entre nós.

_ Se for embora nunca derrubará essa muralha primo.

_ Você tem razão primo, eu não vou desistir, vou ficar e eu vou conquista-lo. Eu sei que terei que ir com passos mais lentos, mas eu chegarei ao meu objetivo que é conquista-lo.

_ É isso mesmo primo.

_ Eu mostrarei a ele que gosto dele de verdade.