Any Gabrielly
Noah me entrega a vasilha de batatas fritas e nós dois sabemos que isso é o início de mais uma das nossas guerras, cada um começa pegando pouca quantidade de batata enquanto olha nos olhos do outro, eu começo a ficar impaciente e encho minha mão de batatas deixando Noah incrédulo. Ele entra na disputa e não enche só uma mão, mas duas.
- Ei, isso vale?
Ele me olhou com um sorriso provocador que me fez perder o fôlego
- Tudo vale, Any.
Arqueei a sobrancelha e nós dois pegamos a maior quantidade de batatas que conseguimos - eu quase morri engasgada algumas vezes, mas ele não percebeu. No fim, Noah acabou ganhando pela primeira vez na história de todas as nossas "guerras de batatas"
- Suas mãos são grandes demais. - Justifico.
Recebo como resposta um sorriso de lado, paro para olhar suas mãos um pouco e reparo nas veias evidentes no seu braço. Engulo em seco e desvio o olhar, que Deus me ajude.
- Você que é muito pequena.
Pego minhas coisas que se resumem em: um caderno, estojo, o livro onde tinha (ou deveria ter) informações de todos os alunos. Ao tocar a capa do livro me lembro de que logo o diretor iria sentir falta dele e talvez se dar conta de que alguém tinha invadido o escritório.
Isso iria ser complicado.
Suspiro pesadamente e encaro os olhos verdes a minha frente, mais uma das minhas confusões. Eu sei que me sinto bem com Noah, confortável, feliz, livre... É uma das melhores sensações, como a que eu sinto com Josh só que um pouco mais profundo.
Saber o que eu sinto iria facilitar muito minha vida, viu? Balanço a cabeça para espantar esses pensamentos e me concentro no livro roendo a unha do dedão enquanto o analiso. Decido fazer uma anotação dos nomes que foram arrancados, talvez tenha alguma utilidade.
Bailey May
Heyoon Jeong
Hina Yoshihara
Savannah Clarke
Harvey Petito
Sofya PlotnikovaE...
Noah Urrea
Com as sobrancelhas em formato de "V" percebo que o nome de Noah e toda a sua ficha foi arrancada, obviamente ele não é o tal anônimo. Não é?
Obviamente ele não é o anônimo, ele não faria isso com Josh.
Mordo o lábio e analiso todas as opções. Bailey May não possui inteligência o suficiente para um feito tão grande, está ocupado fazendo dancinhas idiotas ou sendo um atleta. Heyoon não tem uma personalidade perversa, é o ser mais doce que eu já conheci, além disso, já estava certo que não o anônimo não era lider de torcida. Hina além de ser do time é tímida demais, com certeza não teria coragem de dar suas opiniões tão abertamente. Savannah nunca precisou de um anônimo para dizer o que acha e é muito alta (e eu já sabia que a anônima tinha pouca estatura). Harvey tem todos os motivos possíveis para ser o anônimo, mas não faria sentido ele xingar a si mesmo além de que ele foi se encontrar com o anônimo para me expor, se ele fosse Anônimo United não iria precisar falar com ninguém para acabar com a minha reputação.
E ele é burro, incrivelmente burro.
O que nos leva a Sofya Plotnikova, sempre ouvi falar que é um amor de pessoa e nunca fez mal a ninguém, mas ela se encaixa perfeitamente nas características físicas da anônima, mesmo sendo do time. Eu sempre tive certeza que essa pessoa não era lider de torcida, mas talvez eu esteja enganada, até por que todas as garotas que tiveram as páginas arrancadas são do time.
Eu estou deixando passar alguma coisa, mas não sei o que é.
- Tudo bem aí? - A voz de Noah me chama e eu levanto os olhos lentamente em sua direção.
- A gente pode fazer um descanso?
Faço um pequeno biquinho e ele acaba assentindo enquanto sorri. Noah se levanta da grama e me dá a mão para que eu pegue impulso e levante também.
- Você não pode se preocupar tanto, isso está te deixando muito nervosa - Ele fala e me leva para a parte de dentro da casa, eu coloco os braços na parte de trás do corpo e percebo que pelo tom da sua voz ele se preocupou comigo, o que infelizmente me tira um sorriso.
- Estou bem.
Ele murmura algo que eu não entendo e eu o ignoro. Observo a casa na parte de dentro, a sala tem um sofá cinza que me parece bem confortável e uma televisão em cima de uma bancada, as paredes tem quadros antigos e todos os móveis possuem um tom de branco ou cinza.
- Já está escurecendo, tenho uma coisa para te mostrar.
Eu não sei como ele consegue ter tantas surpresas para mim, mas confirmo com a cabeca e ele pega minha mão me levando para uma escada no canto da sala.
- Ei, o que é isso?
- Você vai ver, cachinhos.
E eu vi, e sinceramente, é uma das coisas mais lindas que eu já presenciei.
Ao subir a escada nos deparamos com o céu rosa e laranja, pequenas estrelas apareciam timidamente e o sol estava quase indo embora.
Estar ali era como ser rodeada pelo céu inteiro, é como se eu pudesse toca-lo se apenas me esticasse um pouco, os tons do por do sol me lembravam uma pintura, ou um sentimento, como o que eu estava sentindo agora. Meu peito aperta e meus olhos se enchem de admiração, se e pudesse definir o amor eu diria que ele é o pôr do sol.
É uma transição linda para outra fase, repleta de cores e nuances, um processo lento e incrivelmente esplêndido onde você pode enxergar o quanto tudo em sua volta pode ser lindo, até que em um certo momento você se torna um céu estrelado: sem confusões, sem indecisão, mas brilhante. Em uma beleza moderna e madura.
Eu não sei muito sobre amor, ou se acredito nele, mas eu o definiria assim.
- É minha segunda coisa preferida. - Noah diz em certo momento, se deitando para observar as estrelas que ficavam cada vez mais visíveis.
- O quê? - Me deito ao seu lado deixando as costas das nossas mãos se encostarem.
- O pôr do sol.
Tento imaginar qual seria a primeira, mas não tenho coragem de perguntar.
- É muito lindo. - Sorrio para as estrelas, que parecem sorrir de volta.
- A coisa mais linda que eu já vi. - Ele diz.
Percebo que ele fala com seu rosto virado para mim, penso em encarar ele de volta, mas não confio o suficiente no meu auto controle. Sei que se eu olhar para ele aqueles olhos vão me consumir e eu vou acabar o beijando.
O deixo sem resposta e fico ali, observando cada detalhe do céu estrelado com ele ao meu lado em um silêncio confortável.
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Rivals and Lovers
Science FictionAny Gabrielly é lider de torcida do colégio Fuller. A mais popular de todas, a mais inteligente e a mais bonita; ela gosta de brincar com fogo e está longe de ser certinha, só dorme com os caras mais bonitos do colégio sem ligar no dia seguinte, sab...