Ohana

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Bride of the Criminal

Arco V — XXX

Ohana

Uchiha Sasuke, 31 de Dezembro

Após despedir-me de Hagoromo, do meu mentor e amigo, resolvi que era hora de contar um dos meus familiares, embora seja de meu desejo rever Itachi. Sei que todos sofreram com a minha morte, embora os mais afetados tenham sido Hinata e Itachi, sei que os meninos também ficaram abatidos, afinal todos sabiam que algo assim aconteceria, somente não esperavam que fosse tão do nada! Tão de repente.

Mas sei que Itachi certamente se culparia, o mesmo aconteceria com o meu pai e a minha mãe, embora tivesse certeza absoluta de que Itachi encontraria uma forma de se martirizar, de colocar a si mesmo como o causador de toda a desgraça que bateu na minha porta nos últimos anos, o conheço, sei que é exatamente isso que ele fará! Me fazendo parecer uma vítima das "suas" escolhas e não das "minhas escolhas"

Caminho pelas ruas, tento respirar fundo, o maço de cigarros já acabou. Tenho que economizar, tanto que passei a deixar o meu vício de lado, mesmo sentido falta, dinheiro tornou-se curto há algumas semanas, quando dei tudo o que tinha para Hinata, ela não tem emprego e muito menos uma forma de sustentar os nossos três filhos sem passar sufoco. São bebês, ela tem somente dezenove anos e alguém dificilmente a contratará, o dinheiro que ela levou não irá durar para sempre e crianças dão gastos, principalmente quando são pequenas e totalmente dependente dos pais.

Tanto que menti para ela quando disse que tinha mais guardado, sendo que aquilo era tudo o que tinha comigo.

"Como pode ter tanta certeza disso? Já questionou a que diz amar, para saber se é realmente isso que ela quer?", por alguma razão acabei por me lembrar as palavras de Hagoromo, nunca questionei Hinata dessa forma, perguntei abertamente se é isso que ela deseja para os nossos filhos. Pois na minha cabeça a minha presença não os ajuda em nada, na realidade quanto menos eles saberem de mim melhor, quanto menos eles procurarem por mim será melhor! Seria até melhor se ela nem mesmo mencionasse o meu nome ou disse a eles quem sou.

Nenhuma criança merece passar por aquilo que eles passaram quando souberem a verdade; embora também nenhuma criança merece crescer com os pais separados, mesmo a nossa separação tenha sido uma escolha somente minha, de mais ninguém, pois em momento algum eu perguntei a ela se era isso mesmo que ela queria, se esse é mesmo o melhor caminho a ser percorrido. Ela me ama ao ponto de não se importar com os meus defeitos, me quer tanto que nem liga para o meu passado. Hinata sempre demonstrou querer "eu, Uchiha Sasuke", não o mafioso, o criminoso, somente o eu que chora e ri.

Foram feitos tantos sacrifícios, tantas lutas e inúmeras derrotas, perdi quase tudo no meio do caminho, perdi até mesmo a mim! As sombras que envolviam o meu ser cegaram o meu coração, nublam a minha visão e me fizeram crer naquilo que não existia. Não tenho um mapa que me ajude a descobrir quem realmente sou, o desejo fazer e qual é o meu destino; o caminho que devo trilhar.

Pois não sabia qual caminho percorrer, o quê ao certo fazer! Na realidade houve tantos momentos em que desistir foi uma opção tão tentadora, quase viciante e tão correta. Shikamaru seria um líder melhor que eu, Itachi sempre melhor em tudo o que fazia, creio que foi isso que me motivou a segui-lo, nunca foi de meu desejo que as pessoas vissem o lado fraco de Itachi, a parte que chora e se perde, na minha mente o meu irmão sempre será e deverá ter uma imagem onipotente, única, extremamente forte e marcante. Ele deveria ser "o líder", e eu seu subordinado.

Itachi merece deixar coisas boas, afinal ele sempre abriu mão de tudo por mim. É isso é desde que éramos crianças, ele sempre me dava aquilo que mais amava, isso também inclui Safira e atenção que ele dava aos amigos, entre os treinos e a escola, o restante do tempo dele era gasto comigo, dando-me atenção e participando das minhas brincadeiras; Itachi mesmo com o corpo cansado, completamente exausto ainda sorria para mim e dizia todos os dias o quão importante era me ter na sua vida e o quão importante é a minha existência, é de como se esforçar para que eu tivesse uma infância boa.

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