3º verso

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- como se sente, hyung? - Seungmin indagou, entregando uma prato fundo com sopa ao menor.

- péssimo. - pegou de bom grado o prato, ele sorriu forçado, dando a primeira colherada no alimento.

- ninguém mandou você beber igual um carro velho movido a álcool. - o kim revirou os olhos.

- eu precisava, tá bom?

- você precisa é arrumar alguém e parar de ser esse velho chato. - se sentou na frente do mais velho, tomando um pouco da sopa que tinha feito na sua casa para dividir com o moreno.

- bem que eu queria. - riu sem humor.

- ainda pensa neles, não é? Por isso bebeu ontem. - Seungmin balançou a cabeça em negação, enquanto via o mais velho ficar inquieto.

Óbvio que ele tinha bebido por causa deles, changbin sempre bebia para esquecer algo, mesmo sabendo que quando chegasse em casa choraria no chão do seu quarto lembrando dos momentos felizes que teve com aquelas caras.

- odeio a forma como você me conhece tão bem. - resmungou.

- é sério Changbin, até quando? Até quando vai ficar se privando de novos sentimentos por outras pessoas por conta desses caras? Três anos que eu te conheço e nunca vi você com ninguém, mas em compensação já te vi chorar por conta desses caras inúmeras vezes. - o Seo soltou um suspiro. Sua cabeça doía, não queria conversar sobre aquilo, na verdade, ele queria esquecer de uma vez chan e jisung, mas não conseguia.

- eu já tentei, você melhor do que ninguém sabe disso. - disse impaciente, abandonado os talheres em cima da mesa, bagunçando o cabelo ainda molhados pelo banho recente. - mas eu não consigo. Eu amo eles, e eu quero eles, mas eu não posso. - choramingou.

- você pode, bin, ms tem medo, porque você acha que eles te odeiam por você ter ido embora. - Seungmin disse, e Changbin faz um bico grande e voltar a comer em silêncio. - é normal ter medo, eu também teria se estivesse na sua pele, mas tentar falar com eles não deve ser o fim do mundo. Você sabe que eu estou aqui pra te apoiar em qualquer que for a sua decisão, não é? Eu só quero que você faça melhor para si mesmo. - sorriu pequeno para o mais velho, este que retribuiu, agradecido por ter o Kim em sua vida ou não saberia o que fazer. - menos em voltar a fumar, isso eu não vou te apoiar. - o "clima" que tinha sido feito foi quebrado. Changbin encarou o mais novo com tédio, terminando sua sopa. - você sabe o que eu vou fazer se eu te pegar fumando, não é? Eu faço você comer o maço de cigarros.

- ai minnie, você me cansa.

- quem me cansa é você, seu velho safado.

Changbin mostrou a língua para o maior, mas logo risadas eram ouvidas por todo apartamento. Eram dois idiotas, de fato, mas se amavam acima de tudo.

(...)

Abriu a porta da loja de discos na qual trabalhava no período da tarde. Era uma lojinha pequena, no centro do shopping, tinha a pegada dos anos 90 e Changbin achava aquilo incrível.

Cumprimentou seu chefe, que já estava se arrumando para ir embora, uma vez que o Seo tomava conta da loja e quando fosse a hora de fechar, o dono voltava para pegar a chave.

Enfim só, ele se sentou atrás do balcão grande, era feito de vidro e guardava os dvd's mais caros da loja. Arrumou sua postura de frente para entrada da loja e pegou um livro que sempre trazia para passar o tempo, já que o movimento da loja não era tão grande. Abriu o livro na página marcada e iniciou uma leitura silenciosa, suas costas apoiadas no estofado da cadeira e suas pernas balançando no ar por não conseguir alcançar o chão, sua concentração totalmente voltado para a leitura.

Apenas escutou a porta sendo aberta, mas não deu atenção. Esperaria o cliente pegar os dvd's que queria e trazer no caixa, como de costume.

- bom dia. - escutou o rapaz, e aquilo fez parar sua leitura ao sentir que conhecia aquele voz. - quanta custa esse da vitrine? - abaixou devagar o livro do rosto, parando na metade do seu nariz ao ver quem era.

Merda, o que eu faço? Pensou entrando em pânico.

Jisung estava a sua frente, quer dizer, ele não havia percebido que era Changbin ali já que o mesmo estava abaixado olhando os dvd's da vitrine do balcão. O coração do Seo gelou, suas mãos soavam em desespero, queria correr e se esconder, mas não podia, ja era tarde demais. Jisung ergueu o rosto com um sorriso quadrado, aquele sorriso que fazia Changbin ficar todo bobo, mas o sorriso morreu ao perceber quem estava atrás do balcão. A troca de olhares parecia durar uma eternidade, Changbin estava pálido e não conseguia se mexer do lugar, o han não estava tão diferente.

- ji, você tá demorando demais, cara. - talvez o destino odiasse Changbin com todas as forças existentes.

Chan entrou, parando bruscamente quando notou quem era atrás do balcão. Agora os três se encaravam, intercalando os olhares, nenhum dizia nada ou não saberiam como iniciar um diálogo. Tantos anos haviam se passado, tantas coisas tinham acontecidos desde daquele dia e agora eles tinham se reencontrado.

- você... - a voz do han que agora tinha os fios negros e um novo corte de cabelo que o deixava mais bonito e com uma aparência juvenil e atraente era falha. Ele encarava Changbin sem acreditar.

- Jisung, por favor. - chan se aproximou do mais novo dos três, pegando em seu braço com delicadeza, mas o mesmo não saia do lugar. - Jisung, vamos embora.

- ir embora? - encarou o Bang com um sorriso frustrado nos lábios e os olhos brilhando por conta das lágrimas que iam se formando. - hyung, é ele! É o Changbin! - voltou e encarar o Seo.

Changbin engoliu em seco e também o choro, o modo que o han o encarava era pior do que quando imaginava. Era raiva e decepção, e o moreno não estava surpreso por receber este tipo de olhar mas ainda doía.

Chan também olhava para Changbin mas diferente de han que demonstrava apenas no olhar o que sentia, o olhar do Bang era vago e sem emoções, porém, muito provavelmente também tinha o mesmo sentimento de jisung.

Changbin umideceu os lábios e limpou a garganta, se ajeitando na cadeira, tomou postura sem antes contar ate dez mentalmente para se acalmar.

- do que precisam? - talvez fosse uma ideia idiota fingir que não conhecia os dois rapazes, mas ele não saberia se não tentasse.

- vai mesmo fingir de sonso depois de todos esses anos, Seo? - Jisung parecia se alterar aos poucos.

- ji, calma.

- calma o caralho, chan! - soltou seu braço das mãos do Bang, batendo com força as mãos no balcão, encarando Changbin com pura raiva em seu rosto bonito. - eu quero explicações agora! - trincou os dentes. - e se você ficar fingindo que não nós conhece eu arrebento a sua cara!

Changbin estava pasmo e assustado, não conseguia falar e nem formular uma resposta. Ele nunca tinha visto Jisung daquele jeito e só percebeu agora que eles tinham mudado e muito.

- não posso. - Changbin falou baixo.

- não pode o que!?

- não posso te explicar agora porque estou trabalhando! - foi firme ao dizer.

- nós podemos esperar. - chan parecia calmo, mas ninguém sabia a confusão que estava sua cabeça naquele momento.

- só saio a noite.

- passa seu endereço que vamos na sua casa a noite. - chris tomou a frente de Jisung, puxando o han dali antes que ele pulasse no Seo.

Changbin suspirou, sabendo que aquele era o único jeito de se livrar logo daquela situação. Escreveu seu endereço num post-it e entregou ao bang, que leu o que tinha escrito antes de sair de lá arrastando Jisung.

Quando a porta foi fechada com força pelo han, Changbin pôde jogar suas costas contra o estofado da cadeira, respirou fundo com a mão sobre o peito, ainda tremia pelo reencontro e parecia que iria entrar em colapso.

RESTART | 3RACHAOnde histórias criam vida. Descubra agora