Henrique
Ela andava com a desenvoltura de uma bailarina pela sala de reuniões. Sua voz doce era de uma delicadeza que encantava a quem não conhecia aquele diabo de saias ali na frente. Por um segundo ela pareceu aquela menininha ingênua e linda que me encantou quando era adolescente. Na época, eu preferia implicar muito com ela pra vê-la irritada do que admitir que eu, Henrique Stewart, estava apaixonado por uma adolescente, filha do meu sócio. Ficava linda demais nervosa. Sempre achei uma graça as caretas dela. Sorri e sacudi a cabeça tentando afastar essas lembranças. Acho que o único ingênuo dessa história toda fui eu mesmo. Sophia prendia a todos naquela sala não com sua doçura, mas com sua beleza, perspicácia e inteligência. Eu, a todo custo enquanto ela demonstrava um panorama do seu planejamento estratégico para o próximo ano, tentava não olhar para o conjunto pernas, bunda, seios, cabelo e cintura dela. Era tentador imaginá-la apenas de lingerie e salto fino e eu sabia que essa era uma visão que eu jamais teria de Sophia. Ela me odiava, era nítido desde sempre.
- Concorda, Henrique? - sua voz me puxou novamente para a terra, enquanto todos aguardavam minha resposta para sei lá o quê que ela tenha me perguntado.
- Perdão? - olhei para aqueles olhos inquisidores e a sobrancelha levantada com impaciência.
- Nos próximos seis meses a nossa meta deve ser aumentar a cartela de clientes da R&S em 30%. Onde você está que não está focado nesta mesa? - disse nervosa me situando.
- Concordo, desde que nós consigamos manter o atendimento de excelência para os nossos clientes atuais. Não adianta querer abraçar o mundo sem que antes se consolide as parcerias que já temos, Sophia.
- O que não nos impede de querer crescer, Henrique. Não vim pra cá somente para manter números.
- Não estou falando em números mas em qualidade.
- Bom, então é isso. - disse me cortando. - tenho certeza que os senhores irão estudar e compreender esse planejamento. O meu objetivo, e acredito que o objetivo do meu sócio, é atender o maior número de empresas possível com qualidade. Espero que TODOS tenham entendido isso. Muito obrigada e mãos à obra!
E assim ela dispersou todos os diretores ficando somente nós dois na sala de reuniões. Deu pra notar seu jeito duro e objetivo de conduzir uma reunião.
- Sophia, tem um minuto? - perguntei após pensar um pouco.
- Pois não, Henrique. - tremi com o seu olhar e espero profundamente que ela não tenha percebido.
- Em primeiro lugar eu gostaria de parabenizá-la pela reunião de hoje. Você esteve perfeita, segura e foi muito objetiva.
- Obrigada! - ela cruzou os braços e me encarava com curiosidade. - mas?
- Mas eu gostaria de uma reunião ou um jantar, como preferir, para discutirmos melhor sobre suas projeções. Há alguns pontos que eu gostaria de discutir com você.
- Ok. - ela disse séria mas com um tom sarcástico, que somente me deixava mais nervoso. A minha vontade toda naquele momento era jogá-la na mesa e ver se realmente Sophia Robbins havia virado essa mulher imbatível que estava perturbando o meu juízo. Ela se aproximou mordendo o lábio inferior e meu auto controle precisou ser muito bem exercitado. - vamos fazer assim: você disse que mora próximo ao meu apartamento, certo? Te espero às oito para jantarmos e discutirmos suas dúvidas ou propostas.
- Ótimo! - um jantar a sós com ela, meu Deus! - Quanto antes resolvermos nossas... questões, melhor para todos.
Saí o mais rápido possível daquela sala antes que ela percebesse o que sua arrogância me causava.
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A Sociedade
RomanceSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...