Mamãe sempre foi impecável quando o assunto era fazer bonito para os amigos. Sempre amou confraternizações e hoje não seria diferente. Quando saí da empresa, após a reunião, precisava muito do colo e da comida dela e ela, mesmo enlouquecida pelo jantar que eu não pedi, se dedicou a me bajular um pouquinho. Agora eu estava de banho tomado e camisola deitada no seu colo, com as pernas nas pernas do meu irmão. Papai estava sentado ao lado dela me fazendo cafuné. Eu sei, sou só um pouquinho mimada mas eu amo isso com todas as minhas forças. Passamos toda a tarde como uma família de gatos grudentos nos curtindo. Como senti falta disso na Europa! Tirando Miguel e Antonela eu não tinha mais ninguém pra me estragar como eu tinha aqui.
- Sophi, o jantar será apenas um Petit comitê não se preocupe, meu amor. -disse carinhosa esperando o meu olhar de dúvida. Dona Claire jamais faria um petit comitê em nenhuma ocasião. Aprendeu com meus avós a tornar qualquer coisa em um grande e impecável evento. E foi isso que ela fez.
Escolhi um macacão preto rendado em cima com a cintura bem marcada. Era bem elegante e apropriado para a ocasião. Me maqueei, arrumei os cabelos e desci. Logo de cara vi Henrique encostado na porta que dava para a biblioteca bebendo com Arthur e, assim que percebeu a minha chegada, parou de prestar atenção imediatamente ao que meu irmão dizia. Sorri e me dirigi a um grupo de amigas da mamãe que me receberam com ares de surpresa total. Dios mio! Eu melhorei tanto assim? Será que esperavam a Sophia de dez anos atrás? Me entupiram de perguntas e quando já estava quase perdendo a paciência com a falta de assunto útil, fui resgatada por Ângela, minha tia. Era mais nova que mamãe e sua personalidade era muito parecida com a minha. Sempre fomos mais irmãs do que tia e sobrinha.- Olha só a gata da família! Aposto que ta doida pra largar esses aristocratas e partir pra garrafa de tequila. Acertei?
- Sempre! Me tira daqui, por favor. - rimos e então Arthur chegou.
- Aposto que estão loucas pra decepcionar a mamãe e partirem pro primeiro bar com karaokê e tequila. Não se atrevam a me excluir dessa programação!
- Você bem que estava gostando de ser estuprado intelectualmente pela priminha Barbie Nick.
- Vocês acreditam que ela acha que os Kennedy, OS KENNEDY, são um grupo de rock?
- Ahahahahahaha! Eu até teria dó se ela não tivesse infernizado tanto a minha infância por ser linda e loira.
- Ah, para, Sophi! Você sempre foi minha sobrinha mais lindinha. - disse Ângela apertando minhas bochechas.
Fui obrigada a fazer o social com todos ali, menos um que eu estava correndo feito o diabo da cruz naquele momento. Henrique estava lindo em um social sport impecável e sei que até mesmo um oi dele essa noite não me manteria estável. Já tinha bebido um pouco mais de champanhe do que o planejado e meu intuito de sapatear nos piores instintos dele havia ido por água abaixo essa noite. Isso era um plano pra se colocar em prática sóbria. Foi quando fui me servir de mais uma taça que ouvi a voz rouca e firme atrás de mim.
- Ainda não conversamos e se continuar dando sua atenção toda ao garçom não iremos mesmo trocar nenhum oi. - disse ele jogando todo o seu charme barato pra cima de mim. Idiota!
- Espero que isso não seja uma tentativa ridícula de me puxar a orelha com relação à bebida, sócio. Meu pai é o Sr Paul - apontei- e, mesmo que tenha quase a idade dele, jamais o respeitaria como um pai.
- Quanta agressividade, pequena sócia! O Paul é bem mais velho que eu e mesmo que não fosse, a última coisa que eu ando desejando desde que a senhorita chegou é ser teu pai, garota. - E piscou. quase derrubei a taça. Que porra é essa que ele tava fazendo?
- Que bom! Então não me encha a paciência até quarta-feira, quando participaremos da mesma reunião. - pisquei pra ele de volta e sai de perto rebolando discretamente. Henrique 1 x Sophia 1.
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A Sociedade
RomansaSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...