- O que ta acontecendo com esse pessoal hoje? Ta todo mundo possuído? - disse olhando minha agenda com uma reunião em cima da outra. A bolsa teve uma queda e tava todo mundo maluco por orientações da nossa empresa. Suspirei fundo já sabendo que meu dia seria tenso. - trás um café duplo pra mim, Betty e veja se o Henrique pode vir aqui agora.
- Aham... - disse ela maliciosamente. Revirei os olhos.
- Acha mesmo que eu to com tempo e paciência pra isso, japonesa?
- Saindo um café e um boy gostoso em dez minutinhos. - ela riu saindo. Era brincadeira, viu! Meu celular tocou e fiz uma careta vendo que eram os meus pais e já sabia que eles iriam querer chamada de vídeo pra mostrar toda a felicidade deles. Nada contra mas é que a agenda realmente tava puxada. Vamos lá.
- Alô!
- Oiiiiiii, princesinha linda da mamãe! Estamos com saudades. - sorri ao vê-los vermelhos de sol em Ibiza. Meu pai usava uma camisa ridícula florida e um chapéu Panamá e mamãe, como sempre, estava elegantemente vestida com um vestido azul leve e um chapéu lindo.
- Oi, mamãe. Se divertindo muito?
- Isso aqui é um paraíso, Sosô! Queria você e o Arthur aqui conosco.
- Oi, minha princesa!
- Oi, papai! Saudades.
- Oh, minha princesa... Logo estaremos de volta para encher vocês de mimo. Como vão as coisas por aí? Espero que não tenha colocado o Henrique pra correr. - Jesus! Mal sabia ele... Ele riu e nesse instante meu sócio entrou lindo e cheiroso na minha sala trazendo o meu café.
- Não, papai. Meu sócio tem aguentado a pressão. - disse maliciosa olhando pro Henrique que sorriu de lado mesmo confuso quanto ao teor da conversa.
- Que bom! Espero que ele esteja cuidando de você aí. - Henrique segurou o riso e eu gelei. Era foda ter que esconder minha situação com Henrique dos meus pais. Mas tinha que ser cautelosa. Essa não era uma notícia que se dava por telefone e o papai era meio que exageradamente protetor e ciumento.
- Ta sim, fique tranquilo. Mas me fale sobre vocês. Estão se divertindo, voltam quando? - desviei o foco.
- Estamos ótimos, princesa. Voltamos na próxima semana. - quase engasguei com o café que o Henrique havia me entregado.
- Mas já? Não iam ficar mais um mês fora? A mamãe queria tanto conhecer a Índia.
- Sim, meu amor. Mas deixaremos pro próximo semestre. Sua mãe ainda tem coisas pendentes na corretora que precisa acertar para que, enfim, tenhamos nossa aposentadoria dos sonhos.
- Já falei pra ele que estou muito nova pra me aposentar, filha. Vê se me ajuda a colocar isso na cabeça desse teimoso.
- Que graça vai ter se eu me aposentar sozinho, Claire? Pra ficar sozinho em casa sem fazer nada?
- Você não acha que ta sendo um pouquinho egoísta? - rebateu minha mãe e eu precisei interromper a DR deles.
- Sério que vocês estão discutindo em Ibiza? Fala sério! Acho que a mamãe ta certa mas precisaremos conversar isso pessoalmente. Só aproveitem essa viagem e não façam nada que eu não faria. - Henrique ria sacudindo a cabeça.
- Ok, bebê! Não vamos te atrapalhar mais aí. Entraremos em contato de Barcelona. - disse mamãe.
- Tudo bem. Um beijo pra vocês, não se matem e aproveitem. Amo vocês!
- Nós também te amamos! - disseram juntos se abraçando. O bom deles era isso, as tretas não duravam mais que dez minutos.
Desliguei e olhei pra Henrique que me olhava daquele jeito que me despia inteira sem colocar as mãos.
- Bom dia, minha boneca! Quer dizer então que meus sogros estão retornando.
- Não brinca com isso, ta. Bom dia!
- Eles vão entender, Sophia. Eu vou conversar com o Paul e ele vai ter que me ouvir.
- Nem parece que você conhece o papai há anos, Henrique. O seu charme não vai funcionar com ele. - ele sorriu confiante. - Ta, mas não te chamei aqui pra isso.
- Nem um beijinho de bom dia?
- Não. - disse séria e ele fez um bico. - temos uma maratona de reuniões agendadas pra hoje e esse povo ta meio que doido por conta da queda da bolsa. Fomos pegos de surpresa dessa vez e o pessoal da análise de risco vai conhecer o meu pior lado hoje. São muito bem pagos pra acompanhar com olhos de águia o mercado. Agora precisaremos ser rápidos e criativos. Vou precisar de você e do seu poder tranquilizador pra acalmá-los. Deixa a parte da mágica com a mamãe aqui.
- Hum... Eu serei tipo aquelas assistentes de palco peitudas distraindo a platéia?- ele fez uma careta linda que me deu vontade de atira-lo no meu sofá e beija-lo inteiro. Foco, Sophia!
- Meio que isso, menino esperto. - ele cerrou os olhos e eu entendi imediatamente que esse auxílio teria um preço e já me arrepiei ao imaginar qual.
- A primeira é quando e com quem?
- Marshall's & Son's Inc. às dez.
- Hum, o velho Marshall é jogo duro. Vou cobrar caro. - riu malicioso.
- Isso nós negociaremos depois. - sorri e ele passou a língua nos lábios me fazendo suspirar fundo. O celular dele tocou.
- Oi... Ok, Sam, já estou descendo. - disse revirando os olhos e desligou. - é, eles estão desesperados. Preciso ir. - disse se aproximando de mim me dando um beijo rápido. Ah, se eu tivesse com tempo, Henrique...
- Vai lá. Te encontro na sala de reuniões mais tarde.
- Sim, futura senhora Stewart. - sorriu largo e saiu. Fiquei vermelha com aquela quase afirmação dele. Será que ele pretendia fazer daquilo uma realidade? E eu, estaria preparada pra isso?
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A Sociedade
RomansaSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...