Não sabia o que estava acontecendo comigo. Seguia sob estado de choque para Madrid e, durante todo o vôo, não chorei e nem preguei os olhos. Estava sozinha, apesar da insistência do Henrique para me acompanhar nesse momento.
Miguel disse que o estado da minha amiga era gravíssimo mas eu não queria aceitar isso de forma alguma. Antonela sempre foi a mais alegre e maluca de nós três. O Miguel era um Príncipe e eu a chata. Quando estávamos cansados, desanimados ou putos com alguma coisa, era ela quem nos jogava pra cima até esquecermos o motivo da nossa tristeza. Tentei imaginar como estaria Miguel que a tem como irmã já que nenhum dos dois têm família por perto, enquanto eu sempre fui a mimada da nossa turma. Suspirei fundo e a única coisa que eu queria no mundo agora era olhar para aqueles olhinhos claros da minha amiga e ver seu sorriso contagiante. Eu a levaria para Los Angeles e cuidaria dela até que melhorasse.
Cheguei ao Hospital feito um zumbi e ao ver Miguel me atirei em seus braços deixando toda a dor sair de uma vez só. Não consegui mais segurar... Ele estava um caco e também desabou. Após longo silêncio e lágrimas, conseguimos nos comunicar verbalmente.- Só me diz que ela ta viva, Miguel.
- Está... - ele disse desanimado.
- E por quê essa cara? Não me esconde nada.
- Foi um milagre ela ter sobrevivido, Sophi. Mas não sabemos como vai ser daqui pra frente. Se ela sobreviver talvez fique com...
- Não, Miguel, não! - me desesperei ao cogitar que Antonela ficasse com alguma seqüela. Logo ela, tão cheia de vida. - Ela vai sair dessa bem.
- Sophia, precisamos estar preparados pra tudo. - ele disse enxugando as lágrimas e me olhando firme.
- Eu quero ver ela.
- Vou tentar liberar sua visita. Você ta um caco, sabia?
- Idem!
Me sentei na primeira cadeira que encontrei enquanto meu amigo liberava a minha visita à UTI. Nesse instante meu celular tocou e era Henrique.
-Oi, meu amor! Chegou bem? - que paz me trazia sua voz.
- Oi, amor! Que bom ouvir sua voz. - segurei o choro para não preocupa-lo. - cheguei bem sim. To no hospital tentando ver a Antonela.
- Como ela está?
- Muito mal, Henrique. Miguel disse que a situação é gravíssima. Mas vou tentar ver uma transferência para ela pra Los Angeles, se ela aguentar.
- Quer que eu fique com você aí?
- Não! Preciso de você aí cuidando de tudo. O Miguel segura as pontas por aqui se eu surtar.
- Mas eu quero cuidar de você, Sophia.
- Henrique, agora não ok. Só faz o que eu to pedindo.
- Tudo bem. Mas saiba que eu to aqui pro que precisar. É só me ligar que eu pego o primeiro vôo pra aí.
Nesse momento, vi Miguel me chamando com as mãos e me despedi.
- Amor, preciso ir. Vou ver minha amiga agora. Dê notícias à mamãe e Arthur por favor, porque eu não to com cabeça agora.
- Pode ficar tranquila. Fica bem e tenha fé, ok. Te amo muito!
- Te amo demais! Obrigada por tudo! Beijo.
- Beijão!
Segui para me trocar adequadamente para entrar na UTI. Uma enfermeira me acompanhou e quando entrei senti minhas pernas fraquejarem. Ela estava irreconhecível, com o rosto completamente ferido e desfigurado. Estava entubada e ligada aos aparelhos. Tentei me manter forte e a enfermeira carinhosamente colocou a mão no meu ombro, saindo de fininho do quarto. Me aproximei da cama.
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A Sociedade
RomanceSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...