Cheguei em Los Angeles às dez da noite e a única coisa que eu desejava no mundo era o colo de uma única pessoa: Henrique. Lá se iam quase vinte dias desde a minha partida para Nova Iorque e depois Madrid. Minha vida havia virado de cabeça pra baixo. Peguei um Uber no Aeroporto e segui direto pro apartamento do meu namorado. Lá, eu tenho certeza que seria bem cuidada, obviamente após matar o caminhão de saudades que eu estava dele.
Sorri para o porteiro que logo me ajudou com a mala e liberou minha entrada e então desci no andar dele, aquela cobertura indecentemente linda e extravagante. Quando ele abriu a porta meu sorriso se desfez e novamente, em menos de um mês, perdi o meu chão.Henrique
A saudade da minha bonequinha estava me matando e, mesmo que nos falassemos diariamente, era foda ficar sem a presença física dela aqui. Sem o cheiro e sem o contato dela. Hoje foi pior ainda porque a merda do meu celular não ligou e fiquei sem comunicação. Desacostumei tanto de telefone fixo que nem lembrei que eu ainda tinha um ali no escritório. Cheguei exausto em casa porque a ausência dela na empresa tornou meus dias um inferno e fui direto pro banho. Já era quase nove horas. Desci de toalha mesmo pra arrumar alguma coisa pra comer e abri um vinho pra ver se relaxava. E vinho sempre me lembrava Sophia, pois era a sua bebida predileta. Estava acabando de tirar o macarrão do forno e minha campainha tocou. A essa hora? Só podia ser ela que voltou sem avisar. Linda! Sorri feito um imbecil e nem me toquei dos meus trajes. Abri a porta e meu sorriso morreu ali, de mãos dadas com a minha paciência.
- Nicole? - como essa maluca conseguiu subir?
- Oi! - ela me olhou de cima a baixo mordendo os lábios. Ao contrário de Sophia, que ficava potencialmente e infinitamente mais sexy quando fazia isso, sua prima parecia uma baranga qualquer, aparentando ser ainda mais vulgar. - Não vai me convidar pra entrar?
- Como...?- e num empurrão ela me jogou de canto e entrou. Que porra tava acontecendo? - Olha, menina, não to com paciência pra isso e nem sei o que pretende vindo aqui.
- Ah, Henrique... Só preciso de uns conselhos sobre um novo investimento que quero fazer com a herança do meu avô paterno.
- A essa hora? Nós atendemos em horário comercial no escritório. Sabe muito bem disso.
- Sei que está muito atarefado desde que a sonsa da minha priminha sumiu. Vim aqui também pra resolver isso, te relaxar. - disse abrindo a blusa e voando em minha boca deixando rastro do seu batom vermelho que logo tentei limpar.
- Você enlouqueceu? Não quero nada com você, sua maluca! Nunca quis! E lava bem a sua boca antes de falar da Sophia pois você jamais chegará aos pés da sua prima. Nem em beleza, nem em educação, elegância e muito menos em inteligência.
Peguei pesado? Talvez! Mas, caralho... Ver essa mulherzinha falar daquela forma da minha namorada além de invadir meu apartamento me deixou cego. Ela me olhava irada e foi aí que a merda toda começou. Ouvi a campainha tocar e automaticamente abri a porta, até pra me livrar da imagem daquela peste. Só não esperava que a pessoinha de 1,65 m ali na frente fosse entender tudo errado.
Sophia
- Meu amor, não é nada disso... - disse ele com os lábios borrados do batom nojento daquela perua.
- Ah não? Você de toalha, essa vaga... Essa mulher quase nua e o batom dela na sua boca, Henrique? Qual a parte que eu não entendi mesmo? - eu estava furiosa enquanto a minha prima me olhava com sarcasmo. Ai que vontade de voar nela. Mas meu negócio era ali com o meu namorado. Ou ex namorado... Tentei não chorar e dar esse gostinho pra eles mas eu estava muito fragilizada por aqueles dias todos com a Antonela entre a vida e a morte.
- Essa doida invadiu o meu apartamento, Sophia! Ela acabou de chegar e armou essa porra toda. Pelo amor de Deus, meu amor, acredita em mim!
- Ah, vai negar agora, Rick? - disse a loira do banheiro e eu estava contando até dez pra não pular no pescoço dela.
- CALA A BOCA! - gritamos juntos.
- Bom, acho que precisam conversar. - disse se aproximando do Henrique e dando um beijo no rosto dele que envermelhou todo. - me liga assim que despachar essa daí.
- SAI DAQUI, SUA BANDIDA! - ele gritou a pegando pelo bracinho magrelo e jogando pra fora do apartamento. Me puxou pra dentro e fechou a porta. - agora você vai me ouvir.
- Não tenho nada pra ouvir, Henrique! Só quero ir embora daqui. To cansada de tudo, da viagem, de acreditar que eu seria feliz com você. Abre a merda da porta!
- Sr. Orson, preciso das imagens das câmeras da última hora, por favor. Com os horários e pegando todo o trajeto desde a garagem até a porta do meu apartamento. É... Pra agora. E, por favor, nunca mais deixe a srta Nicole, aquela maluca loira, subir aqui. Não precisa nem tentar avisar, ela não é pessoa grata aqui. O que? O sr poderia subir aqui um instante? Ok, obrigado. Pronto. - disse se virando pra mim. - se não quer me ouvir, vai ouvir o porteiro.
- Não vou ouvir ninguém! Me deixa sair daqui ou eu vou começar a gritar. - ele se aproximou de mim enquanto eu tentava inutilmente recuar.
- Ah, é? Então grita, Sophia... Grita igualzinho você grita o meu nome enquanto eu to te amando. - ele estava só de toalha e eu tentava inutilmente não olhar pro peitoral lindo dele. Respirei fundo começando a hiperventilar e o empurrei me afastando.
- Eu espero que esse seu porteiro tenha uma explicação muito boa porque senão é a última vez que você me vê na vida, Henrique. - ele suspirou fundo e a campainha tocou.
- Entre, Sr Orson. Agora diga a Sophia o que me contou no telefone.
- É que eu nem vi a menina subindo. Ouvi um barulho de vidro quebrando e logo em seguida um alarme de carro. Fui correndo pra ver se não era de algum morador. Me desculpem o descuido...
- Tudo bem! Cadê as imagens das câmeras? - disse já pegando o pendrive de sua mão e o notebook que o Henrique sempre deixava na sala. Conectei o pendrive ainda nervosa e comecei a analisar. Realmente, era um curto tempo pra ter acontecido alguma coisa entre eles dois. E a peste havia tacado uma pedra no vidro de um dos carros estacionados lá fora para distrair o porteiro. Que bandida! Foi armação!Mas como ela sabia que eu chegaria hoje? Só a... Mamãe... Sempre mimou a Nicole também.
- Ok, Sr. Orson. O sr. já pode ir, muito obrigado. - disse Henrique o acompanhando até a porta. Ficou em silêncio e eu não sabia o que falar.
- Bom... Você teria tido a mesma reação, senão pior. - disse sem olhar pra ele e sabia que ele estava puto com todo esse circo.
- Olha, Sophia, eu confesso que sua desconfiança me decepcionou muito. Se confiasse um pouquinho em mim já teria entendido tudo logo de cara. Eu jamais te trocaria por aquilo. Aliás, nem por ela e nem por ninguém.
- Ah, para Henrique! Minha reação foi uma festinha de quermesse em vista do festival de rock que você armaria se fosse o contrário. Bom, por hoje já deu. Eu to muito cansada e realmente não esperava uma recepção desse nível. - disse me levantando já pra descer e pedir outro uber. Foi quando a mão forte de Henrique me puxou pelo braço quase colando nossos rostos.
- Você não vai a lugar nenhum! - respirei fundo tentando não encara-lo mas a verdade é que eu queria demais ele inteirinho. - eu to morrendo de saudades e to vendo que você também está senão não teria vindo direto me ver. Eu amo você, sua idiota! Nunca te trairia! - e me beijou de uma forma faminta sendo prontamente correspondido por mim. Me atirei no colo dele, cruzando minhas pernas em sua cintura e puxei a toalha a jogando sei lá aonde. Ele já estava bem animadinho e tive a certeza que meu retorno, finalmente, seria festejado em grande estilo.
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A Sociedade
RomanceSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...