- Se comporte! Vou tentar chegar mais cedo hoje. - disse Henrique terminando de se arrumar enquanto eu arrumava a cozinha do café. Sandra me ajudava e brigava comigo ao mesmo tempo para que eu não fizesse esforço. Aff, um milhão de vezes aff. Era excesso de zelo de todos os lados. Henrique me deu um beijo e saiu apressado.
- Mais um dia com nós duas enfiadas dentro desse apartamento sem fazer porra nenhuma. - disse conversando com a minha filha dentro da barriga. Com toda a certeza a coitadinha também estava entediada.
- Dona Sophia, vou precisar sair mais cedo hoje porque tenho que buscar a minha filha na rodoviária. Ela chega hoje. Algum problema da senhora ficar algumas horas sozinha?
- Sandra, quantas vezes já te disse que não sou nem dona e muito menos senhora de ninguém? Pode ir. Vai curtir sua filhota, nós vamos ficar bem. - acariciei minha barriga divertida.
- Tem certeza? O senhor Henrique me mata se acontecer alguma coisa.
- Se acontecer alguma coisa, que não vai acontecer, eu ligo pra ele e em cinco minutos ele chega aqui. Pode ir tranqüila.
Sandra saiu agradecendo e enfim eu estava só com a minha pequena dentro de mim.
- Agora somos só nós duas.
Fiz brigadeiro, conversei com mamãe e Arthur pelo whatsapp e quando terminava a tarde, fui tomar um banho de banheira para relaxar. Henrique havia ligado mais cedo para se certificar de que estava tudo bem e não gostou nenhum pouco de eu estar sozinha. Como o trabalho dele dobrou sem mim na empresa foi impossível ele chegar mais cedo. Eu acabava me sentindo culpada por isso. Afinal eu era a presidente daquilo lá. Agora eu somente lia e assinava documentos que ele trazia. Ia sair da banheira quando senti uma pontada forte na barriga. Não era possível!
- Calma aí, apressadinha! Sua passagem ta agendada pra daqui a quinze dias. Relaxa aí!
Saí da banheira e me troquei. Quando estava descendo as escadas pra ir pro escritório, outra pontada me fez dobrar e sentar no degrau.
- Porra, Malu! Essa foi forte, hein? Você quer que eu me deite, é isso? - essa era eu tentando enganar a mim mesma porque era óbvio o que estava acontecendo. Subi novamente e me deitei. As cólicas só foram aumentando. Bom, o jeito seria ligar pro meu marido. No segundo toque ele atendeu.
- Oi, meu anjo!
- Você ta muito ocupado aí?
- Um pouco, por que? - nova contração.
- Porque meio que tipo... a Maluzinha resolveu que meu útero não é mais um lugar tão agradável e resolveu sair... Ai!
- O... O que?
- A sua filha ta nascendo! - houve um silêncio do outro lado da linha e eu até podia ver o rosto daquele idiota lindo todo confuso.
- Sophia, isso é sério ne?
- Você acha mesmo que... Ai... Eu ia brincar com um negócio desses? Anda logo!
- Já to chegando aí. - e desligou.
Juro por Deus que foram menos de cinco minutos que ele gastou da empresa aqui. Eu já estava com nossas bolsas do lado quando ele entrou no quarto nervoso e sorrindo ao mesmo tempo.
- É sério? - disse pegando na minha barriga. Eu já estava pregando suor e branca.
- Henrique!
- Ta, vamos! - me pegou no colo junto com as bolsas e desceu pra garagem. Em dez minutos já estávamos no hospital.
Henrique
Ouvir o chorinho da minha bebê fez com que eu e Sophia nos acabassemos de chorar também naquela sala de parto.
- Ela é a sua cara. - disse chorando.
- Os olhos são seus.
- Ai, meu Deus, eu to fodido demais com vocês duas... - a gente ria e chorava ao mesmo tempo. Eu, pai!- Maria Luísa era enorme e muito saudável. O hospital já estava cheio de familiares e amigos. Os padrinhos, Beatriz e Arthur estavam radiantes. Até demais pro meu gosto. Quando cheguei com a Malu no vidro para a família conhecer, eles se abraçaram de uma forma muito amistosa a meu ver. Depois me contem!
O parto foi normal e Sophia, após ser colocada no quarto, apagou. Malu só se juntaria a nós mais tarde para amamentar. E foi lindo, a cena mais linda que vi na vida. Minha Sophia amamentando a minha Malu. Estávamos nós três ali após eu ter feito a minha filha arrotar. Ponto pra mim! Me senti o cara! As visitas já haviam ido embora e agora éramos nós dois cuidando do nosso serzinho, nosso pacotinho.
- Ai, eu acho que vou explodir! - disse Sophia olhando encantada pro nosso projetinho.
- Somos imbatíveis juntos. Olha o que fizemos? - eu disse sério e ela riu.
- O nosso melhor projeto, sem dúvidas!
- O primeiro de muitos. - ela me olhou assustada.
- Pensa que o meu útero é uma fábrica de mini Stewart?
- Quem sabe mais uns dois?
Sophia fingia assustada mas no fundo eu sabia que ela, assim como eu, queria e muito viver essa experiência novamente. Sem dúvida nenhuma, hoje, nós dois éramos o casal mais feliz desse mundo.
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A Sociedade
RomanceSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...