As semanas se passaram e Henrique e eu resolvemos assumir de vez o nosso relacionamento. Digamos que essa informação causou um certo alvoroço na empresa mas, como estávamos no topo da cadeia, a galera nem era louca de ficar de muito mexerico com nossos nomes. Considerando ainda que a minha fama de má percorria os andares, causando um alvoroço ainda maior que a novidade sobre minha vida pessoal.
Com relação aos resultados, nosso relacionamento não significou nada, se era esse o medo do papai.
Era perto do meio dia quando tio Bill entrou na minha sala sorrindo.- Bom dia, menina bonita!
- Bom dia, tio Bill! A que devo essa surpresa maravilhosa? - disse me levantando e indo até ele.
- Felicitações pelas novidades. - ai, senhor! Quase revirei meus olhos.
- Sobre o que exatamente? - me fiz de boba.
- Sophi! Por favor! Só vim dizer que, apesar da reação do troglodita do seu pai, contem comigo pro que precisarem.
- Hã... Como soube?
- Sobre o namoro? Por favor, minha querida, só faltou sair na Forbes ou na Times. - Dios!
- Não, sobre a reação do papai.
- Digamos que seu irmão levou o Karl em casa e acabamos tomando uns drinks.
- Ah, sim... Ele vai acabar aceitando, acho que assustou.
- Seu pai sempre foi um velho turrão, mesmo quando era jovem. - sorri forçado ainda sem saber como lidar com essa reação do meu pai. - bom, mas não vim dar os parabéns somente por isso. Vocês fecharam muitos contratos nesse último mês e isso merece uma comemoração.
- Temos nos empenhado bastante. No que pensou?
- Que tal umas boas vindas aos novos e uma palestra para os outros.
- Uma palestra? - eu confesso ser muito tímida para eventos públicos. - como seria isso e o principal, quanto nos custaria? Sabe, palestrantes, sala de convenções essas coisas.
- Bom, para os novos um coquetel de boas vindas onde você e Henrique apenas fariam um breve discurso. Para todos, no dia seguinte, uma palestra. E pra que palestrantes? Vocês dois dão muito bem conta do recado, Sophi.
- Hahahaha, imagina tio Bill. Dar palestras não está dentro das minhas competências.
- Você é boa em reuniões e é uma bela e encantadora moça. Pense que está em uma gigantesca sala de reuniões e manda ver. Henrique também é um ótimo orador. Escolham os temas.
- Dios mio! Será? - era um grande desafio.
- Sophia, vou te dar um conselho profissional porque a tenho como uma filha. Jamais duvide do seu potencial e nem permita que a limitem. Você pode fazer o que quiser dentro do bom senso, da honestidade e da justiça. - confesso que suas palavras me emocionaram. Apertei sua mão agradecendo.
- Já disse que você é maravilhoso? Vou conversar com o Henrique e ver se ele topa esse desafio comigo.
- Vocês enfrentarão muitos juntos, Sophia. Esse é só o primeiro.
Nos despedimos e fui almoçar com meu namorado, sem tirar as palavras do tio Bill da minha cabeça. Ele era um sábio na verdade, uma espécie de guru.
- Um milhão de dólares pelos seus pensamentos, mocinha. - disse me puxando de volta pra mesa.
- Tenho uma proposta pra te fazer.
- Hum... E essa proposta envolve nós dois em algum lugar aconchegante com pouca roupa. Se for, eu topo!
- Idiota! Nada disso! - disse rindo e ele fazendo uma careta. - recebi uma ideia de um dos nossos conselheiros, o tio Bill. Primeiro ele nos desejou felicidades pelo nosso namoro e depois pela nossa parceria profissional. Ele acha que devemos fazer um pequeno evento de boas vindas para os nossos novos clientes.
-Ótimo! E como seria isso? - ri porque eu tinha feito a mesma pergunta.
- Bom, para os novos um coquetel e para os antigos...
- Ixi, sinto cheirinho de confusão pro meu lado. - rimos e eu fui cautelosa.
- Ele sugeriu, após enaltecer as minhas e as suas qualidades profissionais, que nós dois fizéssemos palestras. Cada um com um tema diferente.
- Uau! - ele parecia surpreso. - Bom, já falei inúmeras vezes em público mas nunca como palestrante.
- Quanto a mim você sabe que eu odeio aparecer. Mas se for preciso... Por isso quis ouvir sua opinião.
- Bom, não é uma má ideia. - disse pensativo. - mas teremos trabalho pra organizar isso.
- Pensei na Betty e na sua secretária juntas nisso. E nós focamos nas palestras.
- Você é simplesmente ma.ra.vi.lho.sa! Posso te beijar? Eu não to me aguentando! - disse me olhando com fogo.
- Do nada assim? Por que isso?
- Porque você é incrívelmente incrível e eu sou um puta cara de sorte de ter você do meu lado. - ta, ele sabia me deixar vermelha.
- Não acho apropriado mas... Ta, rápido e um só. - disse olhando para os lados pra ver se não havia nenhum cliente ou jornalista. Ele se levantou e se sentou na cadeira ao lado da minha, segurou o meu rosto e acariciou meus lábios antes de me beijar. Parei de raciocinar ali. Um beijo doce e leve mas tão bom que minhas pernas tremeram e senti vontade de ter ele em cima de mim. Ele me soltou colando nossas testas e sorrindo.
- Eu quero... - ele vacilou por um momento e depois de suspirar fundo continuou. - posso dormir com você hoje?
- Isso tudo pra me pedir isso, Henrique? Já tem quase que um closet seu no meu apartamento. - ele ia falar outra coisa e deixou pra lá. Estranhei.
- É que eu acho que eu to ficando doido. Não consigo dormir mais longe de você. Quer dizer, eu até durmo mas não é a mesma coisa. - ele tava todo atrapalhado e eu ri. Ele me deu um selinho e voltou pro lugar.
- Você pode dormir comigo essa noite, sócio. E quanto à minha proposta? Só encaro essa com você.
- E eu só encaro se você estiver do meu lado. Pode fechar com as meninas a organização.
- Vai ser ótimo! - ri meio nervosa com o desafio encarado.
Henrique
Caímos sem fôlego na cama da Sophia e olhei pra ela meio que hipnotizado ou abduzido, eu sei lá. Meu coração parecia sair pela boca e ela retribuiu meu olhar com a mesma intensidade. Se jogou no meu peito e sorriu.
- Seu coração ta tão acelerado. - disse passando a mão no meu peito como que querendo sentir as batidas fortes.
- Pra você ver o impacto que tem na minha vida. - beijei o topo da sua cabeça e aproveitei pra inspirar seus cabelos perfumados.
- Só não infarta na minha cama. - rimos juntos.
- Morrer de amor, já pensou?
- Nem brinca com isso! - disse me dando um tapa no meu peito depois beijando.
Ela apagou no meu colo. Eu era completamente dela e faria tudo nesse mundo pra mostrar isso. Esse desafio que ela me propôs hoje seria o primeiro de muitos que eu teria que encarar ao lado dela. Sophia era jovem, linda, cheia de energia, ideias e me jogaria de cabeça nisso com ela. Nunca me senti tão bem na vida como agora.
Tio Bill
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A Sociedade
RomanceSophia Robbins passou os dez últimos anos em Madrid se preparando pra assumir o lugar do seu pai nos negócios da família. Na memória de Henrique, sócio e amigo do seu pai, Sophia era aquela menina inocente que chorava sempre que ele a chamava de bra...