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Fui para a cozinha e liguei para o Matheus antes de começar a fazer o almoço, ele atendeu a vídeo chamada no primeiro toque e sorriu assim que me viu toda descabelada.

-Oi meu amorzinho – Ele disse enquanto se ajeitava no que parecia ser a cama dele.

-Oi chuchu, como você está? – Perguntei enquanto apoiava o celular em uma vasilha em um ângulo que só pegasse o meu rosto.

-Eu tô bem e você?

- Estou bem também, como tá sendo na faculdade? – Perguntei e comecei a fazer a comida.

-Está tudo bem, eu estou morrendo de saudades de você, não tem como mesmo você vim pra cá no Natal? – Suspirei.

-Não... tem a faculdade e o trabalho, não vai dar pra viajar – Ele suspirou e encostou na cama.

-Sabe do que eu sinto muita saudade? – Ele me olhou curioso.

-Do que? – Sorri vendo a curiosidade estampada na cara dele.

-De cantar com você, o seu violão tá ai? – Ele sentou tão rápido na cama que só de ver eu fiquei tonta.

-Sim! Vamos cantar por vídeo chamada então – Ele disse já indo pegar o violão – Qual música?

-Você escolhe – Ele revirou os olhos.

-Você escolhe Ju.

-Você vai tocar, então você escolhe.

-Você vai cantar, então você escolhe – Revirei os olhos, sempre que a gente ia cantar era aquilo.

-Você que tem escolher – Disse já brava.

-Por que?

-Porque eu disse – Eu ri e ele também – Viu? Eu disse que mesmo longe as coisas não iam mudar – Ele sorriu.

-Mas vai, escolhe logo – Bufei mas logo uma música invadiu a minha cabeça.

-She's got a smile it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything
Was as fresh as the bright blue sky – Fechei os olhos e comecei, ele logo me acompanhou com o violão.

-Now and then when I see her faceShe takes me away to that special placeAnd if I'd stare too longI'd probably break down and cry – Ele cantou.

-Oh, oh, ohSweet child o' mineOh, oh, oh, ohSweet love of mine... – Cantamos juntos e no mesmo instante fiquei arrepiada e senti borboletas no meu estômago muito parecidas com as que eu senti quando eu beijei o Cristian pela primeira vez, quando olhei para a minha barriga, eu vi o motivo das borboletas.

Flagrei no momento em que a minha barriga foi empurrada pelo Gasparzinho, quase caí pra trás de emoção, senti meus olhos encherem d'água, desliguei a chamada e fui silenciosamente no quarto da Cassie.

-Cassie! – Sussurrei e ela me olhou como se eu fosse maluca.

-O que foi maluca? – Perguntou com a cara toda amassada.

-O Gasparzinho mexeu! – Ele me olhou paralisada e veio correndo em minha direção, tão rápido que quase caiu da cama – Pode por a mão – Coloquei a mão dela onde o bebê tinha mexido e nada.

-Tem certeza que ele mexeu? – Ela sussurrou.

-Claro que eu tenho – Olhei para a minha barriga – Ei bebê, mexe pra mamãe – Demorou um pouco mas senti as mesmas borboletas de antes e a Cassie tirou a mão rápido.

-Meu Deus isso é muito estranho – Eu ri, meu celular começou a tocar e eu atendi.

-Ei por que você desligou na minha cara? – O Math perguntou bravo e assim que ouviu a voz dele, o bebê começou a se mexer muito na minha barriga.

Hora ErradaOnde histórias criam vida. Descubra agora