Capítulo 26 - Provocação

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"Quero mais dias a sós

Sem problemas se chover

Ver o dia acordar

Que é bom pra não esquecer"



No final das contas fiquei até as cinco da manhã ajudando na pousada, até agora eu não entendi o que aconteceu lá pra que, do nada, o lugar ficasse tão cheio que a recepção não tava dando conta de atender todos os convidados.


O dia já começava a clarear quando a maior parte do publico da festa foi embora e nós conseguimos finalmente respirar e trocar algumas palavras. Vinicius e Luana provavelmente tiveram o turno mais longo e cheio que eles terão em muito tempo, aquilo tava surreal.


Foi só os funcionários do turno do dia chegarem pra todo mundo que trabalhou a noite ir embora; todos muito exaustos.


Pra minha surpresa o carro de Isabella continuava estacionado quase em frente a pousada, com ela dormindo do lado de dentro, provavelmente cansada demais de me esperar por horas.


Bati de leve no vidro e ela acordou toda assustada mas logo começou a rir e destrancou as portas.


-Bom dia, dona Isabella. - Brinquei entrando no carro.


-Eu tentei ficar acordada mas não dá, muito tempo! - Falou deixando um beijo na minha bochecha e eu sorri. - Quer ir pra casa?


-Eu tava pensando que a gente podia ver o nascer do sol na praia, lá na armação. - Ofereci. - Você pode deixar o carro lá em casa e a gente vai caminhando até a beira da praia.


-Pode ser! Como foi o trabalho? - Perguntou dando partida no carro.


-Tava lotado! Na recepção a gente quase nem trocou nenhuma palavra de tanta gente!


-Tomás me falou que vocês tavam pensando em expandir pra outro lugar...


-Ele quer muito, mas ainda não conversamos mais a fundo sobre isso. Tô tão dedicada aqui, e se não conseguir cuidar daqui e de outro lugar? - Ponderei e ela concordou.


-É, mas vocês provavelmente contratariam alguns gerentes ou pessoas de confiança pra cuidar dos negócios enquanto vocês cuidam de tudo... - Sugeriu e eu apenas dei de ombros me encostando no vidro do carro e observando o dia ficar cada vez mais claro.


Pela primeira vez em muito tempo eu não pensava em nada; não pensava na pousada, nos meus dilemas, nem mesmo Isabella, já que ela estava do meu lado e ainda por cima me levando pra casa.


Ela deixou o carro bem atrás do meu e nem entramos em casa, fomos direto pra praia, de mãos dadas.


-É bom né? Quer dizer, pra mim não tem sensação melhor do que andar de mãos dadas com você. - Falou me olhando de canto de olho e sorrindo.


PUTA QUE PARIU!


Andávamos praticamente tropeçando pela rua em direção a beira da praia; parecíamos aqueles casais que acabaram de começar um relacionamento e toda hora era um bom momento pra uma declaração de amor ou sorriso cúmplice.


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