• Capítulo 2 -

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" 7 anos após a tragédia "

Todas as coisas na vida passam sejam elas boas ou ruins  infelizmente algumas delas deixam cicatrizes profundas. Você sempre olhará para ela e se lembrará do sofrimento já passado. O tempo pode passar, as coisas podem mudar o mundo pode evoluir mas as cicatrizes continuarão no mesmo lugar. As cicratizes que mais doem são aquelas que não machucam o corpo e sim a alma, são aquelas que ninguém sabe que existe, são aquelas que  sempre estão sangrando, são aquelas que não têm curativos e nem remédios para amenizar a dor. No fundo do meu cérebro eu ainda tenho vontade para fazer textos aonde consigo expor a bagunça  que é dentro  do meu peito que  viram lindas palavras e lindos sentimentos.

Este texto não é sobre você.
é sobre mim.

É sobre a minha força de permanecer ilesa, intransponível e apaixonada pela vida aos 19 anos. É  sobre mim, que não me suicidei embora tivesse querido muitas vezes. É  pela força que resgatei de dentro do meu peito todos os dias infernais depois que o trauma me atingiu em cheio feito esses acidentes que acontecem nos grandes centros e que desaparecem, junto à paisagem. É  sobre mim, que consegui sobreviver ao estorvo que foi todos os dias pós-trauma, pois no meu âmago habitava resiliência suficiente que encheria 10 Maracanãs inteiros. É  sobre mim, que permaneço amando viver, amando me doar, amando queimar minha pele no sol enquanto as pessoas preferem o vazio dos corações ingratos. É  sobre mim, que decidi ser ainda mais forte e abraçar toda a essência do amor, porque acredito que depois do trauma (e virão outros) vem o amor-próprio, a vontade de ser melhor (pra si), o desejo inerente de continuar, não importa como.

Martina Fuller

_Olá querida, a janta está sendo servida. - Falou Bety a ajudante da casa.

_Oi Bety, eu não estou com fome, estou escrevendo no meu blog. - Falei sonolenta.

_Como sempre né minha menina, você está tão magra, que tal eu trazer uma bandeja de comida? Bem quentinha, o que você quiser !!! - Falou Bety com aquela voz meiga que ela tinha.

_Tudo bem, me trás o que tiver, não quero dar trabalho para você.

_Você não quer se sentar a mesa com seu pai né? - Falou se sentando na cama, que por sinal estava uma bagunça.

_Eu não faço questão alguma, de me sentar com aquele homem, menos ainda com a mulherzinha dele.

_ Mas minha menina, veja o exemplo da sua irmã, ela superou a morte da sua mãe, agora você fica remoendo o passado.

_ Ela superou porque não foi ela que matou a própria mãe. - Falei fechando as cortinas do quarto. _ Bety eu perdi a fome, eu vou ler algum livro e vou dormir.

_ Desculpa, eu não deveria ter tocado no assunto. Eu sou apenas uma empregada. - Falou levantando-se e se ajeitando. _ Com  licença senhorita Miller.

_Para com isso Bety, sabe que é como uma amiga para mim. Eu só não gosto de falar sobre a minha mãe. E mesmo que todos falam que eu deveria ser como a minha irmã, uma garota "feliz" eu não sou nem um pouco como ela, sabe a diferença entre eu e ela ? Eu não finjo sentir aquilo que não sinto. Bety eu não consigo sorrir, esses sete anos só consigo me lamentar, só consigo sentir pena de mim mesma. As vezes eu pergunto para Deus se minha vida pode piorar, porque eu sei que qualquer possibilidade mesmo que seja pouca é grande para uma menina sem sorte como eu.

_ Eu quero te deixar feliz minha menina, eu quero ver você sorrindo. Mesmo que sua felicidade dure pouco!

_ Fala logo o que você sabe Baty, eu te conheço essa cara aí é de quem tem um segredo cabeludo.

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