Nossas verdades

XXIV

(Não revisado)
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Bar

Por Mary:

O Adam ficou um tempo calado, parecia pensar bastante sobre aquilo. Sei que foi um baque muito forte, mais para mim sendo sincera. Não sabia como iria agir ou o que iria falar. Eu estava tão confusa e triste. Será que o Dylan estava pensando sobre o assunto agora? Será que ele irá me perdoar? Esse pensamento estava me matando por dentro. Ele mal deixou eu me explicar, mesmo eu não tendo muito o que dizer, eu gostava muito do Dylan, não queria perdê-lo nunca.

Uma traição é algo imperdoável, eu sei disso mais que qualquer pessoa, e se fosse comigo, nunca iria perdoa-lo, porém eu tinha me tornado uma pessoa egoísta demais para deixar o Dylan escapar por um erro meu. Eu iria me explicar com ele, esclarecer tudo, e só cabia a ele me perdoar ou não.

— Merda... — O Adam passou no rosto e respirou fundo. — E o que vai ser agora?

— Eu não sei... — Fechei os olhos e respirei fundo, logo os abrindo novamente. — Eu estou com medo. Se ele terminar comigo...

— Ele não vai, calma... — O Adam disse pegando a minha mão em cima da mesa e eu o olhei, meio incomodada. — Eu vou conversar com ele amanhã.

— Não! — Digo puxando a minha mão e o olho. — Por favor, não piore as coisas, Adam... — Passo a mão no rosto, desconfortável com tudo.

Olho em volta da lanchonete e respiro fundo, logo voltando o olhar para o Adam, que me encarava, ele parecia tentar descobrir o que se passava na minha cabeça, o que tenta me atormentava. Mas a resposta era tão fácil, eu estava com tanto medo de perder o Dylan e acabar sozinha por um erro enorme. Eu entendo que quero muito dele, quero exigir algo que sei que nunca faria: perdoar uma traição.

     — E se ele... terminar com você? — o Adam perguntou ainda me olhando, observando cada suspiro meu.

     — Eu não sei, eu... — Paro de falar e penso por um minuto. O que eu faria se ele terminasse comigo?

Eu me acostumei tanto com a presença do Dylan na minha vida que não sabia como seria as coisas sem ele. Eu não saberia o que fazer, ele é como um melhor amigo para mim, além de namorado. Sempre conversei com ele as minhas inseguranças e sobre o que eu sentia em relação a vida, e assim era com ele, nos entendíamos e tentávamos compreender um ao outro.

— O Dylan é uma das pessoas mais importantes que já teve na minha vida, eu não sei o que faria... — Digo encarando o saleiro em cima da mesa. — Nós erramos tanto, não deveríamos ter feito o que fizemos...

O Adam abriu a boca para falar, mas preferiu ficar calado. Ele ficou pensativo e eu percebi o incômodo no seu olhar pela minha fala. Era óbvio que o Adam me amava ainda, ele deixava isso bem claro com um simples olhar e isso me deixava com uma dúvida na qual eu ainda não sabia. Eu me incomodada com algo naquele olhar, alguma coisa em mim se acendia e eu me sentia um pouco melhor do que estava. Era como um choque de alegria, uma gota de amor e um gole de conforto, e era o que eu estava precisando, e tudo isso em um simples olhar.

— Onde está a Lindsay? — Pergunto me deparando que ela não estava ali, seguindo a lógica do Adam ter saído com ela

— Ela voltou para a casa dos pais com um amigo. — Disse meio indiferente e passou a língua entre os lábios. Ele pegou o celular que estava no bolso da calça e olhou a tela. — Eu já vou... Vai querer uma carona? — Franziu a testa me encarando.

     Eu iria responder que não precisava, porém uma ideia veio na minha cabeça. Eu precisava me distrair um pouco, e esquecer a merda que eu tinha feito com o Dylan, por mais irresponsável que isso parecesse. Eu queria encher a cara até não lembrar quem era eu, quem era a Mary Angel que eu me tornei, eu precisava disso, pelo menos por um dia.