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   (Não revisado)

Lobos são lobos

Por Mary:
Eu terminei de retirar as roupas da sacola, enquanto o Dylan as posicionava em cima da cama. Havíamos comprado bastante coisa. Eu havia juntado um bom dinheiro durante um tempo, para dar entrada em um apartamento com o meu namorado, mas agora eu estava fazendo um bom uso dele e não queria o dinheiro do Dy ou muito menos do Adam, por mais que fosse obrigação dele.

    Olhei para a minha barriga e passei a mão levemente sobre ela, vendo que ela deu uma boa esticada nesse meio tempo, já que antes mal aparecia. Dei um sorriso e olhei para o Dylan, que agora olhava para o celular, preocupado.

   — Aconteceu algo? — franzo a testa, esperando para uma resposta, mas ela não vem.

    Voltei a atenção para as roupas da Nina e ouvi a porta do meu banheiro bater, assim que o Dylan entrou. Soltei um suspiro e a tela do celular ligou no mesmo momento, mostrando que havia chegado uma mensagem nova. Vi o nome do Adam escrito na tela e rolei os olhos, já sabendo que viria perturbação pela frente.

   "Adam: Estou indo para a sua casa. Já chegou?"

   Era só o que me faltava! Ele ao menos poderia perguntar se eu autorizava sua presença aqui.

     "Sim
      Mas não quero você aqui!"

     "Adam: Uma pena, pois já estou chegando."

    Joguei o celular em cima da cama e passei a mão pelo rosto. O Dylan e o Adam embaixo do mesmo teto não daria certo e eu já sentia cheiro de confusão no ar. Eu estava grávida e não podia passar por estresses grandes, porém seria impossível.

Eu estava com muita raiva do Adam. Ele sempre achava que podia mandar em mim como se eu fosse a merda de uma criança. Sei que eu estava esperando uma filha, que infelizmente era dele, mas isso não o dava o direito de querer se meter na minha vida todo tempo. O Dylan era meu namorado e sempre vai estar na vida da Nina, o Adam querendo ou não.

A voz do Dy ficou mais alta no banheiro e a minha curiosidade me tomou por inteira. Eu não deveria escutar atrás da porta, minha mãe me ensinou isso muito bem, mas a Nina está curiosa e acho que devo a ela. Me levantei com cuidado, sem ao menos fazer barulho nos passos, e me aproximei bem devagar, prendendo a minha respiração. Parei em frente a porta e me concentrei.

— E o que eu faço? — sua voz parecia irritada e eu me apoiei na parede — Não é essa a questão! Querem a cabeça dele, eu estou tentando ao máximo... — ele deu um breve suspiro — Eu disse que eu não quero que envolvam a Mary nisso, eu... — seu silêncio me intrigou e a porta foi aberta rapidamente, não me dando tempo de me afastar — Mary... — ele me encarou, assustado.

— O que tem eu? — me afastei bem devagar, com passos lentos — O que você quis dizer com isso tudo?

    Eu senti o meu estômago revirar e o choro vir. Será que eu ouvi certo? Tenho total certeza que o Dylan não estava envolvido em nada, ele não era assim.

     — Estava ouvindo atrás da porta? — ele tombou a cabeça, mais sério do que eu já vira um dia — Não tenho mais privacidade?

    — Você falou sobre mim. No que você se meteu? — meu sangue já estava fervendo e algo em mim mandava eu me controlar — DYLAN! — o gritei quando ele me ignorou, pegando a chave do carro em cima da escrivaninha.

     — Não interessa! Dos meus negócios cuido eu! — ele abriu a porta e saiu andando.

    Que merda! Meu dia não poderia terminar pior. Eu odiava brigar com o Dy, ainda mais tendo em conta que eu não sabia o motivo. Eu fui atrás dele e desci as escadas correndo, quase tropeçando em alguns degraus.

     — DYLAN, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — gritei com tanta força que senti uma dor no pé da minha barriga.

    Parei no mesmo segundo e suspirei fundo, sabendo que eu precisava ficar calma pela minha filha. Ele abriu a porta e parou no mesmo momento, vendo o Adam parado.

    — O que você está fazendo aqui? — meu namorado perguntou, encarando o Adam de cima a baixo.

     — Não interessa a você! — ele disse no mesmo tom e me olhou no mesmo segundo — Mary?

    O Dylan esbarrou no Adam quando passou e o mesmo olhou para trás, parecendo se segurar para não ir atrás e quebrar a cara do mesmo. Fiz mais uma careta quando mais uma pontada me tomou e prendi o ar, tentando transmitir tranquilidade para o Adam.

     — Você está bem? — disse preocupado, entrando e fechando a porta em seguida — Ele fez alguma coisa? Ele...

     — Não, ele não... Aí! — gemi de dor quando se tornou insuportável.

    Meus joelhos fraquejaram e meus olhos foram tomados por lágrimas. Eu olhei para o Adam que paralisou no mesmo segundo, parecia perdido. Me sentei na escada bem devagar e respirei controladamente, sem deixar o medo me dominar.

    — Mary... — ele olhou para as minhas pernas e eu franzi a testa, sentindo algo escorrer.

    O meu corpo paralisou quando eu vi um resquício de sangue escorrendo pela minha pele, aumentando o fluxo a cada segundo que passava. Respirei fundo e o Adam segurou o meu braço, me ajudando a levantar com cuidado. Deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto e liberei o medo por cada parte. Eu não podia perder a minha filha, ela se tornou o meu bem mais precioso do mundo inteiro. Era uma parte minha e do Adam no mundo, a prova de nossos pecados e da nossa salvação. A Nina iria nos salvar de nós mesmos.

      — Adam... — solucei e grunhi de dor quando o mesmo me pegou no colo, passando pela porta desesperado.

      Eu estava tremendo, meus dentes batiam um no outro, porém não era de frio. Minha cabeça começou a doer e os meus olhos pesarem. Eu lutei a cada minuto para permanecer acordada, mas a última coisa que ouvi foi o Adam me chamando.

   O meu corpo inteiro estava dormente, eu não sentia nada, era como flutuar em uma imensa escuridão, mas um clarão tomou a minha vista enquanto eu abria meus olhos. Me sentia confusa demais, sem repostas. Tentei mexer os meus braços, mas não consegui, eles estavam pesados, assim como cada fibra minha. Tudo foi ficando claro ao meu redor. Um barulho baixo ecoava ao meu lado e uma respiração pesada também. Aonde eu estava? E como vim parar aqui?

Nossas verdadesOnde histórias criam vida. Descubra agora