XLIII

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                                           (Não revisado)
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Má decisão

Eu não acredito que eu estava aqui novamente. Parecia loucura! Toda vez eu me prometia não pisar mais em Nova York, porque eu não tinha motivos. Mas cá estava eu, novamente, em Nova York para impedir que a Mary Angel abortasse o filho dela. Vocês podem me perguntar o motivo simples pelo o qual eu estava fazendo isso, porque eu não queria ter aquela criança, mas a verdade é que a Mary iria fazer a maior burrada da vida dela, sei que ela se arrependeria mais tarde e isso a destruiria a cada dia. A Mary não podia abortar o bebê, isso não faria muito bem por ela. Eu estava fazendo isso por ela, por mais que eu não fosse uma pessoa adequada para essa função ou que a Mary precisasse de mim, mas eu sabia como funcionava as coisas. O nosso país não tem o aborto legalizado, ou seja, ela pararia em alguma clínica clandestina barata e tinha sérios riscos de morrer.

     Eu sei que eu sou um egoísta e que quando o assunto é Mary, eu não posso muito opinar, pois eu fui uma das pessoas que mais causou mal para ela. E essa gravidez tinha minha parcela de culpa, se eu tivesse sido cuidadoso e se eu não pensasse apenas com a cabeça de baixo, tudo ainda estaria sob controle. Eu tentei livrar a Mary de mim e olha o que aconteceu, ela ganhou algo que vai nos unir para sempre. Parecia coisa daqueles livros de romance que ela costumava ler, mas isso era vida real e infelizmente a minha vida.

      A minha aparência estava horrível! Eu mal dormi. Ontem quando a Ellie me ligou e me ameaçou, eu mal pude pensar, apenas arrumei o meu apartamento e liguei para a Lindsay, dizendo que eu precisava voltar para Nova York o mais rápido possível. Óbvio que ela não gostou e fez um escândalo, dizendo que eu não podia voltar por conta da Mary e que ela era o meu ponto fraco. Mal sabia a Lind que eu estava voltando porque eu arrumei um problema enorme e que eu nunca iria poder me livrar se não eu estava ferrado. Seria muito simples vir para cá, fazer a Mary não abortar o bebê e voltar para a Inglaterra como se eu nunca tivesse conhecido a Mary na minha vida. No entanto, meus pais não deixariam isso acontecer e eu estava ferrado, minha vida profissional estava em jogo e eu sabia que se eu abandonasse a Mary com um filho meu, meus pais dariam um jeito de me tirar do testamentos deles. Não que eu estivesse preocupado apenas com o dinheiro em si, mas eu fazia isso para proteger a Mary de mim, do monstro que eu era e do que eu poderia me tornar.

      Eu voltei a usar cocaína e isso era o cúmulo da minha vida, porque eu não conseguiria largar aquela porra! A Mary detestava qualquer droga, até cigarro, e sei que ela não iria querer isso para a vida dela e nem para a vida do filho. Então, no avião vindo para cá, eu bolei um plano; eu a faria não abortar a criança, prometeria assumir o filho e meus pais iriam se orgulhar de mim, eu iria voltar para a Inglaterra, depois quando o bebê nascesse eu o registraria, combinaríamos a pensão para a criança e eu não deixaria faltar nada, logo depois eu desapareceria do mapa e mandaria um presente em todas as datas comemorativas para compensar. Me chamem de babaca, escroto, ridículo e sem coração, mas eu não gosto de crianças, nunca quis ter filhos e eu nunca escondi isso. Eu acho melhor essa criança crescer sem pai do que ter um pai problemático como eu.

      Sei que seria fácil apenas fazer parte da vida do bebê e pronto, as coisas estariam maravilhosas e uma hora ou outra, a Mary e eu voltaríamos. Mas não era tão simples assim. Eu tinha uma vida fora dos Estados Unidos e a Mary não me perdoaria outra vez.

     — Estou em casa! — ouvi a voz da Ellie e eu me levantei do sofá rapidamente. Seu sorriso diminuiu ao me ver. — Já chegou né...

     — Cheguei de tarde... — digo dando uma tragada forte no cigarro.

     — Não sabia que estava fumando de novo... — a Ellie se aproximou de mim e deu uma leve tossida. — Se a mamae ver você fumando aqui dentro de casa, ela vai matar você! — minha irmã disse se abanando com as próprias mãos.

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