XLVI

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    (Não revisado)
Um bom pai

Por Adam:

Eu sentei na cama, com a ultrassom na mão. Eu mal podia acreditar que eu conseguia ver a minha filha ali, tão pequena. O meu corpo se arrepiou por inteiro e os meus olhos embaçaram. Merda! Aquilo não poderia acontecer comigo, eu não podia criar aqueles sentimentos enormes e confusos por um bebê, eu nunca quis sentir esses sentimentos de pai, mas agora estava inevitável. Sempre fui eu por eu. Depois que a minha avó morreu, eu não precisei mais de sentimentos ou de calor humano, até que a Mary Angel apareceu com aquele jeito tímido e mandão, se eu soubesse, tinha ficado longe, mas ao mesmo tempo, eu queria ter me entregado mais a nossa paixão. Essa mulher sempre iria mexer comigo, não importa quanto tempo passe, a Mary sempre terá o poder sobre mim.

Eu odiava o fato da Mary ter me dado tantas chances. Quando nos conhecemos e começamos a ficar às escondidas, eu a fiz chorar tantas vezes, acabei sendo tóxico para ela e a única coisa que a Mary fazia era me perdoar e se preocupar comigo. Ela sempre será um anjo na minha vida, eu sempre vou amá-la mesmo que o tempo passe e eu me case com outra pessoa e ela siga a sua vida com o Dylan, ela sempre vai ser o meu único amor de verdade. Eu a amo intensamente, eu quero a ver feliz, longe de mim, porque depois de um tempo eu entendi como que é as coisas.

     Eu sou bipolar, por mais que os remédios me controlem, sempre é bom ser receoso comigo. Eu surto do nada, tenho crises de choro e de raiva, nunca estou estabilizado o suficiente. Eu não quero isso para a vida da Mary e muito menos da minha filha. Se eu conseguir ficar o mais longe, eu vou ficar, mesmo que isso seja difícil para mim. Elas só deram feliz longe de mim, com uma pessoa que cuide delas e que as façam se sentir especial. Eu fui e sou tóxico para a Mary, vivíamos brigando, nunca demos certo por mais de 1 semana, aliás eu nunca tive a chance de dar um relacionamento de verdade para a Mary Angel, porque quando namoramos por 1 semana, eu só quis saber de foder aquela boceta ao máximo, pois sabia que iria durar pouco, e esse foi o meu maior erro, eu deveria ter me preocupado em a fazer se sentir especial e não apenas tirar gemidos dela e a proporcionar prazer, eu faria de tudo para recompensar esse tempo que perdemos, mas era tarde demais, não estávamos mais juntos e agora tínhamos uma filha.

     Eu não poderia recuperar o meu tempo com a Mary, mas eu poderia depositar toda a esperança que eu tinha na minha filha, na minha Nina. Eu tentaria ser um pai bom, não o melhor do mundo porque eu sei que nunca chegaria perto, mas o suficiente para que a minha filha fosse feliz. Eu tentaria educa-lá para que não se tornasse igual à mim, daria o meu máximo para que ela se sentisse confortável e bem com a sua vida. Porém eu tinha medo de ser igual ao meu pai. Eu sempre gostei de dinheiro e luxo, e daria o meu máximo naquela empresa para a fazer ser a melhor no mercado, mas agora tinha outras exigências e responsabilidades e eu tinha que bolar um plano para como seria a minha vida daqui para frente.

     Analisei mais a ultrassom na minha mão e uma lágrima indesejada caiu em cima da mesma. Eu limpei o meu rosto na hora, eu não poderia estar chorando por conta de uma ultrassom. Eu cheguei em um nível de sensibilidade enorme. Que merda estava acontecendo? Era fácil! Era só eu vir até Nova York, convencer a Mary de que eu assumiria, eu só registraria a criança quando nascesse e pronto, depois sumiria do mapa sem deixar rastros, mas nada tinha saído como o planejado e eu odiava isso.

      A porta do quarto foi aberta e eu olhei rapidamente, pensando que era os pais da Mary, mas não era. A pessoa era a última que eu queria ver, Dylan Pyer, o namorado idiota da mãe da minha filha. Ele era um otario e eu não o queria ver nem pintado de ouro. Me levantei no mesmo segundo e o Dylan notou a minha presença no quarto, com a testa franzida e os olhos arregalados.

    — Adam? — Ele me mediu da cabeça aos pés. — Que porra você está fazendo no quarto da Mary? Cade ela?

    — Está no banheiro! — respondi curto e o grosso e o percebi que o mesmo tinha fechado os punhos.

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