XLI

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                                  (Não revisado)
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Eu não posso

Minha noite foi horrível, um próprio pesadelo e eu estava vivenciando tudo!

Eu passei a madrugada toda na frente do vaso, colocando tudo o que eu tinha comido para fora. Nada estava parando no meu estômago, nem mesmo água. Estava sendo mais que horrível, além dos vômitos, eu estava tonta e não conseguia parar em pé sequer por um segundo. Eu não aguentava mais aquilo, eu queria um pouco de paz! Estou assim já tem mais de 1 mês e tem sido os piores momentos para mim. Não consigo mais me concentrar em nada por conta dos meus mal estar.

Fechei a tampa do vaso e apertei a descarga. Eu me levantei com dificuldade, me apoiando na pia e assim pude me encarar no espelho. Eu estava apenas com um top e um short de moletom, mesmo no frio que estava fazendo lá fora, eu sentia muito calor, como se a minha pele estivesse queimando. Aquele top sempre foi meio justo nos meus seios, mas agora estava muito apertado e os meus seios iriam pular a qualquer momento do tecido. Os meus bicos estava doloridos demais, quando eu os tocava, doía, sei que isso é muito normal, pois a minha prima mais velha ficou do mesmo jeito em sua segunda gravidez e reclamava de fortes dores nos bicos. Passei a mão pela minha barriga e virei de lado, podendo ver o tamanho dela, estava em um tamanho considerável, quase não dava para ver nada, só parecia que eu tinha engordado mesmo, mas para mim fazia muita diferença, para a mulher que estava gerando uma criança sempre era diferente.

Eu sempre pensei que, quando eu descobrisse uma gravidez, ficaria saltitante e feliz, nada me abalaria e eu gritaria para o mundo que eu seria mãe e olha onde eu estou, na frente de um espelho, com os olhos vermelhos de tanto chorar e mil pensamentos horríveis. Eu não estava me reconhecendo, eu não me reconhecia nunca, aliás, quem era aquela mulher à minha frente? Os olhos dela pareciam cansados e seu rosto estava pálido, quem era ela? Eu não conhecia aquela pessoa diante de mim. Eu não me conhecia mais, não depois do Adam ter partido o meu coração em mil pedaços e ter achado que poderia sair impune disso, como sempre fez. Eu acho que dei muita carta branca para o Adam fazer isso, o perdoei várias vezes depois de tanta bobeira, depois dele me humilhar na festa e principalmente por ter me exposto para a faculdade toda, eu sempre engoli muita coisa dele calada, para no final, ficar grávida "dele" e ter que pensar mil formas do que eu faria com esse bebê.

      Eu sabia que se o filho fosse do Dylan, as coisas seriam melhores, ele iria assumir a criança e construiríamos nossa família. Mas se fosse do Adam... Eu não iria fazer absolutamente nada de bom, eu só pensava naquela solução, de tirar o bebê, mesmo que isso acabasse comigo. Nunca pensei em abortar, sempre quis ser mãe e não via necessidade em fazer isso comigo, mas agora eu entendia o que muitas mulheres passavam, o medo grande de não saber o que fazer em relação à ter um filho e criar, ainda mais sozinha. Eu tinha a consciência de que o Adam nunca assumiria essa criança, ele já ignorava a minha existência total, ignorar a do filho não seria tão difícil. Eu sentia algo dentro de mim dizendo que já sabia a resposta em quem era o pai do bebê, e não era nada boa aquela sensação porque apontava o óbvio: Adam.

     Sai do banheiro e fui até o meu celular e vi inúmeras mensagens e ligações perdidas da Ellie. Ela parecia desesperada pelo o que eu contei, sobre se a criança fosse do Adam, não teria o bebê. Eu não podia ter um bebê sendo mãe solteira, eu não conseguiria muita coisa para criar aquela criança. Me achem coração frio, mas quando você não tem muito o que fazer, tenta ir pelo caminho mais fácil do que enfrentar os problemas criados.

     — Mary! — ouvi a minha mãe me gritar e ignorei. — MARY ANGEL VENHA AQUI! — Ela gritou tão alto que eu senti meu corpo estremecer.

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