Nossas verdades

I

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O recomeço

Por Mary:

    "Eu levarei comigo
     As fotografias e as memórias
     Mas você sabe que eu vou deixar para trás o pior de nós dois
     Quem vai te acompanhar pelo lado sombrio da manhã?
     Quem vai te embalar quando o sol não te deixar dormir?
     Quem vai acordar para te levar para casa quando você estiver bêbado e completamente sozinho?
       Não será eu!"

    Eu me lembro daqueles dias como se fossem hoje, quando eu descobri que ele havia ido embora, e, talvez, nunca mais voltasse. Eu chorei por dias e dias, por Adam ter me magoado e por ter me deixado, sem explicações. A última vez que eu o vi, na recepção da sala do reitor, com lágrimas nos olhos, ficou gravado na minha mente, sendo a lembrança mais recente que eu tinha dele. Eu fiquei desolada por dias e, por mais que estivesse com raiva do Adam por ter feito o que fez comigo, eu ainda dormia com um moletom dele que o mesmo tinha deixado comigo, o cheiro maravilhoso impregnado no tecido ficou por alguns dias, mas depois eu fui obrigada a lavar o moletom.

     Ellie sabia o motivo dele ter ido para a Inglaterra, mas disse que para o meu bem não iria dizer. Eu fiquei em um estado deplorável quando o Adam me bloqueou nas suas redes sociais e mudou de número de telefone. Eu não aceitava que o meu Adam tinha ido embora, me deixando fraca sendo que eu precisava dele. Eu fiquei uma semana sem ir para a faculdade, não saia do quarto e fazia a metade de uma refeição no dia. Essa minha rotina acabou comigo.

      Adam tinha me exposto para todo mundo, me fez de um prêmio e mentiu para mim, mas eu não conseguia parar de amá-lo. Ele ficou presente na minha vida por um tempo e depois, simplesmente me deixou com o que restou de nós dois. E foi aí, que Ellie entrou no meu quarto e abriu as janelas do meu quarto, deixando que a luz entrasse e tomasse meus olhos.

     " — Você não pode viver assim, Mary! Eu como sua melhor amiga não posso deixar você ficar assim, não mais. — Ela se aproximou de mim e se abaixou a minha altura. Eu estava sentada no chão, com as pernas dobradas e a cabeça apoiada nos joelhos. — Você é jovem, precisa viver e não ficar chorando pelo babaca do meu irmão. — Levantei a cabeça podendo olhar para ela.

      — Ele... me deixou. — Digo entre soluços.
 
      — Ele foi embora, Mary! O Adam foi viver a vida dele porque sabia que você não aguentaria vê-lo. — Disse se sentado em minha frente e eu solucei. — Está na hora de você viver a sua vida e dedicar-se para si mesma. Ficar vivendo como está não vai trazê-lo de volta. O Adam foi embora, Mary, e você precisa o deixar ir. — Ellie passou os polegares no meu rosto limpando o excesso das lágrimas. — Eu te amo muito, você é a irmã que eu sempre quis ter e eu preciso cuidar de você. E não suportarei ver você mais um dia chorando por algo que já se foi.

     — Não... Não. — Neguei com a cabeça e ela me abraçou. — Não... Por favor...

     — Deixe-o ir... Deixe-o ir... Deixe-o ir... — Ela sussurrava no meu ouvido e eu só chorava, pois eu sabia que era verdade; eu precisava deixar o Adam ir."

E então, todas as palavras de Ellie fizeram sentido naquele momento. Eu estava sendo dependente do Adam, mesmo ele estando à quase 6 mil quilômetros longe de mim. Eu precisava viver para mim e esquecer o Adam, ou iria definhar no meu quarto. Depois disso, eu vivo por mim a cada dia, sem Adam e sem tristeza. Ellie conseguiu me arrastar para as festas que ela ia toda a semana e eu comecei a curtir um pouco a minha vida.