XLIV

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                                        (Não revisado)
Pai...

Por Adam:

     Eu não dormi, passei a noite toda pensando no que eu iria fazer em relação à tudo. Eu estava em um beco sem saída, em uma decisão de fazer o certo ou o errado, se eu deixava a minha filha ou não. Eu me sentia estranho demais, eu não me sentia pai ainda, mas não me sentia o mesmo Adam, eu sabia o que iria acontecer se eu me aproximasse da bebê — mesmo ela ainda estando na barriga da Mary. Eu não estava acreditando naquilo tudo ainda, pensava que era um pesadelo na qual eu iria acordar a qualquer minuto e eu estaria no meu apartamento em Londres e sem filho. Eu sempre fiz de tudo para não ter um filho, para evitar engravidar qualquer pessoa, e agora a Mary estava grávida de mim.

     Somos jovens demais! Porra! Estragamos as nossas vidas por conta de noites de prazer. Eu sou um merda literalmente! Eu odiava ter que ficar preso em alguma coisa que não fosse uma boceta que proporcionava prazer. Era ridículo eu ter uma filha agora, sendo como eu sou, era um momento horrível. Qual exemplo eu seria para uma criança, ainda mais para uma menina? Eu sou bipolar e tenho surtos excessivos, usei droga recentemente e sabia que isso era só o começo. Eu não quero que a minha filha seja como eu, mais um coração batendo no mundo pela irresponsabilidade do pai. Vou tentar dar ao máximo para essa criança não ser como eu, quero que ela seja como a mãe, uma pessoa gentil e pura, que tem uma essência leve, mas vou deixar ela bem longe de babacas que possam acabar com a vida dela como eu fiz com a Mary. Diferente da Mary, a minha filha vai ser esperta, vai saber que tem que tomar muito cuidado com o mundo e com as pessoas, e que não se pode confiar em qualquer idiota que prometer o mundo para ela, como eu fiz com a Mary Angel.

      Além desse problema gigante, ainda tinha a Mary e eu, nossa relação. Porra, eu deixei ela sozinha em um motel, sei o quão ela se sentiu horrível e usada, e pela segunda vez eu a usei e a deixei de escanteio como se fosse uma foda, a Mary tinha total direito e razão para nunca mais olhar na minha cara e querer me matar a qualquer momento. Mas eu precisava tentar mudar isso, eu teria que a oferecer uma oferta de paz, na qual deixasse garantido que ela nunca mais iria chorar por mim, eu precisava prometer para ela que não iríamos ter mais nada. Eu continuaria com a minha vida e ela com a dela, só que agora com um filho no meio. Claro que a rotina da Mary iria mudar completamente, mas eu agora tinha a total consciência que daria um jeito para ela não perder a sua vida inteira. Agora com uma filha, ficaria difícil a Mary Angel fazer faculdade e estudar igual à uma louca, talvez ela não conseguisse nem tomar banho direito. E eu não quero que ela pare a faculdade dela, a Mary tem sonhos assim como eu e seria babaquice se eu não pensasse nela agora e a ajudasse, até porque isso é uma obrigação minha. Eu sei que rejeitei o bebê de primeira, mas eu não tinha reação, não aguentava saber que eu teria que parar a minha vida por um filho que eu nunca quis, eu fui um puta egoísta, mas depois eu percebi que não tem como sair disso.

      E cá estava eu, na frente da porta da casa da Mary, me dando coragem para tocar a campainha. Sei qual será a sua reação ao me ver e boa não vai ser, e com total direito. Eu precisava conversar com ela e vermos o que vamos fazer. Eu nunca imaginei que eu teria uma filha, ainda mais com a Mary, essa menina sempre vira o meu mundo de cabeça para baixo!

       Apertei a campainha duas vezes e passei a palma da mão na calça. Eu estava nervoso demais e isso era bem evidente pelas minhas palmas das mãos soadas. Respirei fundo quando a porta foi aberta e eu olhei para cima. Perdi o ar por alguns minutos quando eu vi o Senhor Cooper parado, me analisando e sua expressão não era nada boa, ele parecia que queria me matar a qualquer momento. Eu engoli em seco e me deu coragem quando o vi cerrar os punhos.

     — O que faz aqui? — Sua voz saiu severa demais e eu até me assustei. — Não já estragou a vida da minha filha o suficiente?

      — Desculpa por essa confusão toda, Senhor Cooper! — Digo tentando firmar a minha voz e não deixar ele me intimidar.

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