sessenta e dois

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Os tiros continuam por mais algum tempo, aperto o travesseiro mais forte e fecho os olhos. Eu morro de medo disso. Esse também é um dos motivos pela qual eu quero que Bruna pare de matar as pessoas.
O barulho dos tiros cessa e eu respiro aliviado, mas não me mexo. Continuo na mesma posição, abraçado com o travesseiro, as únicas coisas que se mexiam eram meus olhos. Quando isso tudo vai acabar? Quando eu poderei ver minha família outra vez? Quando eu poderei ver meus amigos? Ah, Megan! Como eu sinto falta dela. Não deve estar sendo fácil para ela ficar sem mim. Apesar de "ficantes" - se é que o nosso rolo podia ser chamado assim -, nós sobre fomos amigos. Sempre soube que poderia contar com Megan para tudo que precisasse, e vice versa.
Bruna: Felipe? — Ela entra no "meu" quarto e eu direciono meu olhar para a porta, onde ela estava.
Bruna: Está acordado? — Eu não digo nada.
Bruna: Não vai me responder? — Você mesma me pediu - ordenou, na verdade - para não falar mais com você até segunda ordem, madame.
Bruna: Pode falar comigo, pronto — Eu sinto como se um enorme peso fosse retirado de minhas costas, mas continuo sem dizer nada.
Bruna: Por que não fala comigo?
Felipe: É o meu jeito de fingir que as coisas que você faz não me machucam — Digo baixo e ela suspira, vindo até mim.
Bruna: Você está falando de mais cedo? Eu peço desculpas. Você me conhece, sabe como eu sou. Desculpa, mesmo — Eu nego.
Felipe: Não estou falando sobre isso.
Bruna: Está falando sobre o quê, então? — Eu desvio o olhar, olhando para a janela, e percebo que Bruna entende. •

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