Opposite Sides

sessenta e três

Bruna: Você está falando de mais cedo? Eu peço desculpas. Você me conhece, sabe como eu sou. Desculpa, mesmo — Eu nego.
Felipe: Não estou falando sobre isso.
Bruna: Está falando sobre o quê, então? — Eu desvio o olhar, olhando para a janela, e percebo que Bruna entende.
Bruna: Felipe, eu...
Felipe: Não precisa se explicar. Você deixou claro na nossa última conversa sobre esse assunto, que você não ia deixar de matar as pessoas.
Bruna: Que bom que lembra, porque eu não vou mesmo. Existem muitas coisas que você pode me pedir, mas essa não é uma delas.
Felipe: Eu fico triste com isso... Eu tenho medo desses barulhos, tanto por mim, quanto por você.
Bruna: Eu sei me defender, não precisa ter medo por mim. E outra, você se... — Eu a interrompo.
Felipe: Eu sei que você vai vir dizer coisas do tipo "Essa é a minha vida", "Uma hora ou outra eles iriam morrer", "Você sempre soube que eu fazia esse tipo de coisa", mas isso não me impede de ficar triste barra com raiva.
Bruna: O que quer que eu faça, então, madame? — Ironiza e eu reviro os olhos.
Felipe: Pare de matar as pessoas?! — Digo óbvio.
Bruna: Você já me convenceu a parar de transar com os garotos que eu sequestro, Felipe.
Felipe: Porque isso não é uma transa, porra, é estupro!
Bruna: Não aumente o seu tom de voz comigo — Eu suspiro.
Felipe: E você não fez mais do que a sua obrigação. Estupro é crime.
Bruna: Acha que eu não sei?
Felipe: Parece que não, faz com tanta frequência...
Bruna: Chega, chega! Você já me convenceu a parar de fazer isso.
Felipe: Mas não ainda de matar as pessoas.
Bruna: E esse você não vai conseguir me convencer. •