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1. "Você não gosta do mistério?"

Seus cabelos esvoaçavam por seu rosto, enquanto ela mantinha os dedos agarrados em uma enorme barra de gesso em vertical. Os dedos estavam a apertar tanto o concreto cinza, que entre os mesmos, a pele chegava a ficar branca.

Percebia-se que as pernas tremiam um pouco. o vento batia cortante em minha pele aparente, como a das mãos, já que optei naquela manhã de neblina não usar as minhas luvas. Estava muito frio, estranhei que suas roupas eram apenas uma camiseta de mangas longas e uma calça jeans.

Ela observava atentamente algo que estava embaixo da ponte, onde ela estava em pé. Qualquer um com mente maldosa poderia simplesmente empurra-lá dali e a ver cair no rio, e congelar.

Me aproximei dela, analisando um pouco mais de seus traços. Tinha os cabelos não muitos escuros, que poderiam facilmente ser considerados castanho claro. Seus olhos eram puxados que nem os meus, e ela tem a boca avermelhada, que nem a ponta do nariz. Provavelmente tinha frio.

Aquela era apenas uma das muitas vezes que eu já havia a visto, falado com ela. Mas nunca havia me dito seu nome, e aquele fato me intrigava.

— O que está fazendo aí? — me aproximei, recebendo seu olhar.— Imagina se acaba caindo.

— Seria um jeito muito besta de morrer.— ela riu, mas quando foi pular para descer da borda, acabou escorregando e antes que pudesse dar de cara no chão, a peguei em meus braços.

Senti seu olhar cravado em meus olhos, como se ela pudesse ver meus pensamentos. Era esquisito aquilo, uma sensação estranha bateu em meu estômago.

— Obrigada.— Desci a garota no chão, a vendo saltitar por umas pedras, evitando pisar nas linhas do chão.— Vem Jungguk-ah, me dá sua mão.— Segui a garota, fazendo o que ela havia pedido.

— Garota, acho que você já poderia me falar seu nome. Já me enche o saco faz um tempo..— ela pareceu ofendida por uns segundos, mas começou a rir junto de mim.

— Você não gosta do mistério? Sempre pareceu ser misterioso, Guk.— Fiz uma careta ao ouvir aquele apelido, então vi ela dar de ombros.— Eu gosto dos seus lábios. Acho eles bonitos.— trocou de assunto descaradamente.

Senti as minhas bochechas queimarem. Era estranho aquilo, eu era o Jungkook que não ligava para aquelas coisas e outrora eu nunca me enlaçaria em um relacionamento. Prefiro viver a vida intensamente, sem que precise dar minha atenção para alguém, sempre esperando algo em troca.

— Ainda não respondeu minha pergunta.— realcei mais uma vez meu questionamento, vendo a garota soltar de minha mão, deixando aquela sensação esquisita. — E quando poderei finalmente te ver..de verdade?

— Mas eu estou bem aqui. De verdade.— abriu os braços olhando para seu próprio corpo, dos pés até onde o olhar poderia chegar.

— Você sabe o que eu quis dizer.— falei mais uma vez.

— Uma dica..— Ela se aproximou, o máximo para deixar aquela distância um tanto.. perto demais.— Siga seu instinto e você descobrirá.

Antes que pudesse fazer qualquer pergunta, a vejo me empurrar fraco e sair correndo para uma luz muito forte. Tentei correr atrás dela, mas meus pés não saiam do chão, e antes que pudesse perceber que sua presença não estivesse mais ali, ouvi sua voz mais uma vez.

— Eu lhe vejo em breve!

Aquela sensação sempre foi tão real. Era como se tudo aquilo realmente estivesse acontecido. Era como se o olhar que ela me lançou, realmente fosse algo que aconteceu. Era como se por apenas uma noite, novamente ela tivesse existido. Como nas outras.

***

Mais um dia acordei com a angústia em meu peito. Percebi que estava suado, então joguei os cobertores para o lado. Suspirei e retirei a camiseta, a jogando no cesto de roupas do banheiro. Terminei de tirar todas as peças que sobravam em meu corpo e os coloquei junto ali, logo entrando no banheiro e tomando um banho frio e longo.

Me irritava o fato desses sonhos nunca terem coerência, mas parecerem tão reais. Os toques, o clima do lugar, o jeito que algo poderia doer ou até mesmo o fato das minhas bochechas quentes por palavras ditas.

Sempre na manhã seguinte, conseguia lembrar dos detalhes dela, mas sempre se mantinha aquele vazio por nunca terem um ponto final. Era todos os dias aquela mesma coisa, aquela mesma sensação que tanto me intrigava e irritava.

Desci as escadas depois que me vesti, caminhando calmamente até a cozinha e abrindo a geladeira, me servindo um copo de suco de laranja natural.

— Sr.Jeon, já acordou?— Senhora Yang, uma das faxineiras e cozinheira da casa, perguntou sorridente.

— Sr.a Yang, você me cuida desde pequeno. Já disse que quando estamos á sós não precisa me chamar tão formalmente.— ri lhe entregando o copo depois que terminei o conteúdo. Ela sorriu fraco, lavando o copo se mantendo de costas para mim.

— Você viu que a casa ao lado foi comprada? — Ela comentou, se virando com uma bandeja com alguns bolinhos de diversos sabores e formatos.— Já estava na hora.

— Significa que agora alguém vai ficar na direção da minha sacada? — perguntei em tom de deboche, e quando a vi assentir com uma movimentação de cabeça, revirei meus olhos.— Era só o que eu precisava.

— Pare de ser sínico garoto.— senti um peteleco em minha testa, deixando o lugar dolorido.— Vai que seja alguém legal, ou você pode fazer novas amizades.

— Eu já tenho amizades o suficiente.— Respondi, recebendo outro peteleco.— Aish!

— Não tento mais ser legal com você.— ri fraco da mulher forçando uma carranca, enquanto andava de um lado para o outro limpando as coisas.— Ah, sua mãe avisou que vai passar mais um mês na China com seu pai.

— E era para mim ficar surpreso?

Suspirei fundo, antes de descer da cadeira e subir novamente para o andar de cima. A casa ao lado era de antigos vizinhos que resolveram se mudar para outra cidade, nos deixando finalmente em paz. Lembro-me deles ficarem o tempo todo as espreitas, cuidando de minha vida.

Fui até a cortina de meu quarto puxando de leve, observando no outro quarto, na casa ao lado, uma pessoa se abaixando para deixar as caixas no chão. Parecia ser uma garota, mas como estava de costas, apenas enxergava seus cabelos longos e escuros, que deveriam bater um pouco acima de sua cintura.

Não consegui ver seu rosto já que ela se levantou, e ainda de costas para mim, saiu pela porta. As caixas tinham algumas coisas que por conta da distância não consegui ler, mas provavelmente sinalizava cada pertence que havia ali.

Eu espero que isso não se torne uma pedra em meu caminho.

*****

Sim, isso não é um delírio coletivo. Você está lendo nova fanfic de RigellOrion ou aninha ou nena ou Lara. (Cruzes quanto apelido).

Eu já vinha há um tempo planejando ela com todo o amor e carinho do mundo, então agora está entregue á vocês. Espero que gostem, deixem seu votinho e amo vocês❤️