One || Whatever It Takes

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O dia mal havia começado, o sol sequer tinha nascido, mas Midoriya Izuku já estava acordando. O despertador tocaria dentro de uma hora, mas o estresse fazia com que o sono fosse tão revigorante quanto uma sessão de boxe com um profissional treinado para bater a merda fora de você.

O rapaz se ergue na cama, sentando-se com os cobertores ainda sobre as pernas. Não havia sequer mudado de roupa, já que havia chego do trabalho no dia anterior e ido direto para o quarto depois de verificar se a mãe estava bem. Ele havia se afundado nos livros para elaborar as dissertações necessárias para a próxima semana, sabendo que não tinha como deixar para o fim de semana. Após longas horas de estudo, suas mãos doíam de tanto escrever e seus olhos pesavam toneladas.

A faculdade de Letras era algo que ele almejava desde sempre, seu sonho de ser um escritor era um fato que levava consigo há tempo demais para ignorar, ainda que as quantidades enormes de textos pedidos pelos professores fossem torturantes para um aluno sem notebook. Ele geralmente tinha que escrever à mão antes que pudesse ir mais cedo para a faculdade, somente para digitar seus trabalhos por longos minutos.

Não era por falta de vontade que ele ainda não havia comprado um computador, já estava no terceiro semestre e até agora não tivera a oportunidade para tal. Midoriya trabalha como atendente de meio período em uma pacata lanchonete. Seu patrão, Toshinori, era um homem gentil que tinha aceito contratar o jovem apenas por ver o quão desesperado o mesmo estava por um trabalho.

Desde que sua mãe havia descoberto o câncer, ela não tinha mais forças para trabalhar. Seu pai havia sumido a tanto tempo que ele mal tinha ideia de como ele era. A única alternativa de Izuku, era buscar o máximo de recursos para pagar os remédios de sua mãe e ainda manter a casa para os dois. O trabalho de meio período pagava o suficiente, mas os remédios encareceram e ele começava a se desesperar... Tanto ao ponto de se dignar a fazer o que pretendia.

Levantando-se da cama depois de esperar que sua alma retornasse ao corpo, Izuku se levanta indo direto para o banheiro, arrancando suas roupas amassadas para entrar debaixo do chuveiro. O banho tinha que ser rápido, pois deveria ir logo para a faculdade entregar seus relatórios.

A cabeça de Izuku estava uma bagunça, principalmente porque as matérias da faculdade se tornavam cada vez mais intensas, sua mãe apresentava cada vez mais sintomas ruins e os remédios nem sempre surtiam o efeito desejado. Ele ama demais sua pequena mãezinha para deixa-la de lado em um momento como esses, mas como não tinha muito o que fazer, procurava pedir ajuda de sua vizinha Ochako para visita-la as vezes enquanto ele não estava em casa.

Após o banho, Midoriya se veste com rapidez, penteando os cabelos úmidos com os próprios dedos de qualquer jeito, sabendo que quando secarem tomarão a forma que quiserem como sempre. Ele se permite encarar o espelho por alguns segundos enquanto escova os dentes, analisando as sardas que se espalhavam por suas bochechas e os olhos verdes que eram idênticos ao de sua mãe.

Seu nervosismo era palpável para o final do dia, ainda que o Sol estivesse nascendo através da janela determinando o início da manhã, seus pensamentos já pulavam diversas horas para preocupa-lo sobre o que o aguardava. Ele deveria ser forte, precisava de dinheiro e esse trabalho aos fins de semana o ajudaria a pagar os remédios novos que sua mãe precisava para complementar sua quimioterapia. Era questão de tempo até que as coisas melhorassem, por mais que as infiltrações no teto de sua casa o obrigassem a montar um mosaico de baldes sobre o chão e que o mofo se estendesse um pouco além nos cantos do seu quarto, ele permanecia otimista sobre o futuro.

As circunstâncias se mostravam desfavoráveis, mas ele faria de tudo para que a vida não se tornasse tão odiosa por muito mais tempo.

Após jogar água no rosto para tentar dissipar o restante de sono que o acometia, o esverdeado segue para a sala já segurando sua mochila surrada nas costas, a inseparável mochila que ele tinha há cerca de 4 anos e que claramente já clamava por um fim. Mesmo com as alças obviamente desgastadas ao ponto de parecerem prestes a rasgar, ele não se desfazia da mesma, tanto por apego quanto por comodidade.

The Emerald Masked || BakuDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora