Seven || Bad Times

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Izuku ergue a cabeça para deixar que a água quente do chuveiro escorra pelo seu rosto por alguns instantes, deixando-o ainda mais contemplativo com seus próprios pensamentos. A semana tinha passado rapidamente, mas isso não fazia com que sua ansiedade fosse menos intensa desde que havia aceitado a proposta de Midnight.

Hoje ele teria que se apresentar em um trabalho extra, estaria naquele palco para os olhos de somente uma pessoa. Provavelmente, uma pessoa bem egoísta e com dinheiro o suficiente para amaciar seu grande ego. Ele não gostaria de perder tempo pensando sobre a índole de alguém que o pagaria tão bem para uma simples dança, tudo o que precisava fazer era ir para a faculdade, trabalhar no café e depois ir para a Eros, começando seu final de semana mais cedo do que o esperado.

O esverdeado termina seu banho rapidamente, sentindo um arrepio tomar conta do seu corpo quando ele se enrola com uma toalha. O frio tinha chegado com tudo e ele não gostava tanto disso, não por conta do clima em si, mas pelo fato deles não possuírem um aquecedor para suprir o ambiente gelado que ficava pela casa. Ele busca suas roupas e as veste rapidamente, sem tempo a perder para evitar seu atraso nas aulas de hoje, tinha dormido um pouco melhor por conseguir adiantar alguns trabalhos na noite anterior, mas uma noite em claro por uma razoável não compensava tanto no final das contas.

Depois de colocar um suéter verde escuro e calças jeans de uma coloração escura, ele seca os cabelos com a toalha e organiza seu material na mochila. A alça já estava prestes a rasgar, mas com um pouco de paciência Midoriya costura pela centésima vez o tecido surrado para que ele aguente por mais algum tempo.

Um barulho alto se faz presente no quarto ao lado e Izuku larga tudo no chão para correr até o cômodo, abrindo a porta rapidamente para se deparar com sua mãe sentada sobre a cama, inclinando seu corpo para o lado a fim de despejar uma parcela do conteúdo que havia em seu estômago, acompanhado de uma dose de sangue que faz o rapaz se desesperar.

- Izu... ku... – A mulher tenta falar, mas os tremores de seu corpo a fazem resfolegar antes de vomitar ainda mais. Midoriya se aproxima dela sem se importar com o líquido espalhado pelo chão, erguendo o rosto de sua mãe para analisar suas feições. Um filete de sangue escorre do nariz de Inko e isso é o suficiente para que Izuku saiba que suas aulas e provavelmente o trabalho terão que ficar para depois.

- Calma, mãe... Eu vou chamar um carro, eu vou te levar pro hospital – Ele diz buscando alguns lenços na cabeceira ao lado e com delicadeza, limpa os resquícios de vomito e sangue que ainda salpicam o rosto e as roupas da senhora. Ela o olha com cansaço aparente em seu olhar, mas o que mais fere Midoriya é a expressão culpada que toma o semblante de Inko naquele instante.

- Me... perdoe, filho – Ela diz respirando alternadamente entre as sílabas, segurando o lenço em seu nariz para estancar o sangue que ainda escorre sem motivo aparente. Os remédios deveriam estar tendo seu efeito, mas pelo visto, a doença estava conseguindo avançar além dos esforços de Midoriya para arcar com todas as medicações estrondosamente caras.

- Não, mãe, não diga isso. A culpa não é sua... – Izuku declara com lágrimas nos olhos e se repreende por não conseguir conter seu emocional frágil nesse momento. Ele deveria estar mais seguro para poder suprir a carência de sua mãe naquele instante, mas tudo era desesperador demais para que ele não mostrasse o quanto aquele estado da pessoa que ama o afeta. – Está tudo bem, não se preocupe, vai ficar tudo bem...

[...]

Por sorte o aplicativo de caronas não demora a achar um motorista nos arredores e em poucos minutos Izuku entra no hospital carregando sua mãe nos braços com o rosto estampando a face repleta do mais puro desespero. Inko não tinha mais vomitado, mas seu nariz continuava a sangrar mesmo depois que ela havia finalmente sucumbido ao cansaço que remoía seu corpo.

The Emerald Masked || BakuDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora