Jungkook riu também revelando seus dentes salientes da frente e foi logo pegando a tinta da minha mão e me deitando no chão, ele se sentou do meu lado e olhou pro meu rosto durante alguns segundos, ainda com o sorriso grandioso.
– Fecha os olhos que eu vou fazer o animal que combina com você. – diz e fecho minhas pálpebras.
– Deus queira que não seja uma galinha.
– Eu sou um pintor profissional da vida, o mínimo é ficar igual uma prostituta de bar, o máximo é igual drag queen, agora cala a boca. – fala e não retruco.
Sinto o dedo dele passando devagar pelo meu rosto, a tinta é fria, estava muito curioso pra ver como tinha ficado, demorou um pouco até ele dizer que tinha terminado.
Abri os meus olhos e encarei os olhos dele, ele arqueou a sombrancelha e gargalhou, uma gargalhada gostosa e animada, foi rápida, mas foi linda, vamos ser sinceros.
Ele me entregou o espelhinho e vi eu com a cara de raposa, os dentinhos na minha boca, a tiara com as orelhas de raposa laranja, os bigodinhos e tudo pintado perfeitamente. Olhei pra ele e cerrei os olhos.
– Você tem cara de raposa, eu só dei uma aprimorada nesse horror que você chama de rosto. – diz e o fuzilo com o olhar.
– Você tem cara de cachorro e nem por isso te pintei igual um.
– Antipático.
– Arrogante.
– Pirralho.
– Brutamontes petulante.
– Não sou petulante. – diz se levantando.
– Claro que é. – reviro os olhos.
– Sou lindo e maravilhoso, uma estrada de mal caminho. – diz passando a mão pelos cabelos e fazendo graça, coisa difícil.
Veio duas menininhas pra perto da gente, chamando nós para brincar de "Bom-barquinho". Eu e Jungkook combinamos as frutas, eu fiquei com pera e ele com uva.
Brincamos bastante com as crianças e até os adultos entraram na brincadeira do barquinho, no final ele ganhou, com mais pessoas que escolheram uva.
Depois fizemos uma roda, a mão quente dele segurou na minha levemente e meio que me arrepiei. Mas sorri mesmo assim, continuei rodando e cantando com as crianças.
No final, Jackson se jogou em cima de nós dois e foi eu, Jungkook e Jackson pro chão. Meu primo começou a me fazer cócegas e Jungkook ajudou, eu estava com falta de ar só de rir.
– Vocês me pagam. – digo após ambos saírem correndo.
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Nós fomos embora umas sete da noite, a tarde havia sido maravilhosa, era tudo que eu precisava, nunca tinha gargalhado tanto em minha vida, estava tão feliz, não queria deixar aqueles pequenos ali, quase chorei na hora de me despedir.
Meu corpo estava muito cansado, minhas pernas doíam, havia sido bem cansativo aguentar mais de trinta crianças. Mas tinha válido à pena.
Não imaginava que Jungkook havia organizado tudo aquilo, e no sorriso dele dava pra perceber que tudo saiu como ele quis. Só queria saber o porquê dele querer ajudar, será que era algo relacionado à família ou passado dele?
Eu estava tão cansado que nem pensei muito sobre isso.
Acabou que eu acabei dormindo no carro só de cansaço, adormeci ali mais que feliz, pois era gratificante ver o sorriso delas, mesmo com o pouco, para nós, um pedaço de pizza não era nada, mas pra uma criança carente era como se ela acabasse de ganhar na loteria.
Eu nunca fui de ter preconceito, ao contrário, eu amava crianças, se pudesse abraçar todas eu faria isso. Ao contrário das várias pessoas lá da escola, como Nayeon, ela morria de novo de gente pobre, eu hein, tinha pena dela.
Quando chegamos em casa me sacudiram mas eu resmunguei morrendo de sono.
– Vem cá, priminho. – Jungkook me pegou nos braços e me entregou pra Jackson que me pegou no colo. – Neném pesado cansou de brincar por hoje.
– Ele é folgado, isso sim. Meu Deus, como alguém tão magro pode ser tão pesado. – Jackson diz mordendo a minha bochecha de leve e bato no rosto dele devagar.
Me aconchego e continuo dormindo, eles sobem o elevador conversando e sinto vontade de cortar a língua de ambos, odiava dormir com gente conversando.
Quando chegamos lá em cima, meu querido e amado primo me jogou no chão, bem carinhoso ele, não é mesmo?
Me levantei parecendo um zumbi e fui pra cozinha beber água, Jackson pegou uma cerveja e bateu na minha cabeça me atentando, mas logo foi se jogar no sofá pra assistir futebol americano. Eu me sentei no balcão bebendo minha água e Jungkook apareceu pegando uma cerveja também, ele se sentou de frente pra mim, minha cabeça latejava só de cansaço.
– Gostou de hoje? – a tintura estava borrada, mas mesmo assim continuava engraçado.
– Bem, bastante. – digo me debruçando contra o mármore.
– Pensei que teria nojinho.
– A única coisa que eu tenho nojo é da sua cara mesmo.– digo e reviro os olhos.
– E eu de você, sinto anciã de vômito quando te vejo, e você fede, igual seu primo. – ele fala baixo e olho pra Jackson que coçava o saco bem atento ao jogo, faço uma careta e reviro os olhos.
– Te odeio, Jeon Jungkook.
– Eu te odeio muito mais, pirralho. Todos os dias no trabalho fico imaginando sua morte de diferentes formas, logo colocarei meu plano em ação, ninguém saberá que morreu de verdade. – diz e faço cara de nojo.
– Então quer dizer que fica pensando em mim, é?
– Quando escuto uma música infantil ou assisto um desenho de criança. E você me lembra o seu primo, todo dia vejo a cara dele, ele transa com a minha melhor amiga. – diz e abro um sorriso, Jackson é demais.
– Momo não tirava os olhos de você.
– Isso eu sei, mas não me importo, infelizmente ela já estava incluída no projeto antes mesmo da gente terminar, nem sei porque vai, não participa de nada.– desabafa bebendo sua bebida. – Enfim, priminho. Foi bom ver você rir, na segunda vamos de novo, se quiser ir... Separa umas roupas pra doar.
– Vai doar as suas também? – pergunto arqueando a sombrancelha.
– No caso, eu vou comprar. Bem, vou tomar um banho e estudar, cansei de falar contigo.
Ele desaparece no corredor e mando o dedo do meio enquanto ele ainda vai andando.
Havia gostado demais de participar. E eu separaria bastante roupas, eu tinha muitas e algumas nunca tinha usado, sem falar que tinha a loja dos meus pais, ou seja, eu podia comprar mais pra poder dar para as crianças.
Depois de tomar um analgésico fui pro quarto, tomei um banho, me deitei na cama pegando o iPad, meus pais me ligavam via Skype.
Conversei muito com eles, chorei de saudade e então me despedi.
Só me joguei na cama, me embrulhei e logo estava dormindo.
Dormindo e pensando na tarde maravilhosa de hoje. Jamais pensei que o brutamontes petulante tinha coração, principalmente ele, sendo um cara sempre sério e mais na dele, curto e grosso, mas foi bom ver ele sorrindo e brincando com as crianças.
Talvez, Jungkook seja melhor do que eu pensava.
Mas o que não tirava do pensamento era o sorriso contagiante dele.
E claro, o olhar de Momo para nós dois enquanto brincávamos.
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Paraísos Perdidos. [Vkook • Taekook]
RomansaKim Taehyung, é um adolescente de dezesseis anos, que vê sua vida virar de cabeça para baixo, após ter que morar com seu primo universitário e seus quatro amigos irresistíveis. Lidando com problemas pessoais e tentando lidar com sua fase adolescente...