CAPÍTULO 2

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LUNA

Scar e eu havíamos subido minhas malas e estávamos arrumando tudo na casa acima do bar que era onde ela estava morando.

Segundo ela, ela ficava pouco aqui, mas só de saber que tinha esse espaço, ela ficava feliz. Tinha uma pequena sala, um quarto, uma cozinha menor ainda e um banheiro.
Eu dormiria na sala, no sofá-cama que ali existia e minhas roupas davam no armário da Scar era isso. Minha nova casa, com a minha melhor amiga.

- Agora me conta, que coisas emocionantes você fez? - Ela me perguntou quando demos uma pausa para botar as coisas em dia. - Eu sei que fez mais do que me disse.

Dei de ombros.

- Eu conheci pessoas, trabalhei e tive um gosto do mundo, mas ainda estava procurando algo... sabe? Eu não sei, as vezes parece que me falta algo, como se eu andasse incompleta. Eu sei que estar aqui já está me enchendo de energia.

Ela sorri de lado para mim, um sorriso até meio triste.

- Fico feliz que se sinta assim aqui mesmo tendo chegado hoje. Eu sempre fui obrigada a fazer o que era esperado de mim. Eu nunca tive escolha ou possibilidades. Mas eu sei que é pior para o meu irmão.

- Do jeito que você fala as vezes, parece que são como a realeza ao algo assim.

Ela me olha meio receosa.

- Quase isso.

Percebi que ela não queria mais falar disso e mudei de assunto.

- Me conta então o que eu vou fazer o bar. Parece que vou ter que lutar pela minha posição com a tal Louise.

Ela bufa.

- Aquela ali só apareceu porque meu irmão está por perto. Ela não faz nada, só fica rondando o Dom. O bar precisa de uma garçonete, e eu sei que você pode fazer o serviço. É linda, sociável e gentil. Tudo o que alguns brutos daqui precisam.

- Será que vão me aceitar? E o seu irmão mais velho? Ele vai deixar?

É nessa hora que eu sinto um cheiro diferente e Scar parece se empertigar e sussurra um palavrão.

- Eu pensei que teríamos mais tempo, Lu. Mas você vai conhecer meu irmão mais velho e carrasco maior agora. Já te peço desculpas por qualquer idiotice que ele for te dizer.

Ela falava mas eu só prestava atenção naquele cheiro. Algo sobre ele era tão bom, tão convidativo que eu me sentia meio zonza.

Nos levantamos quando a porta da sala foi aberta e lá na entrada estava o homem mais bonito que eu já havia visto. Ele era mais velho do que eu e tinha um rosto um pouco cansado, como se já tivesse visto de tudo um pouco e que carregava um fardo imenso.

Ele me encarava da mesma forma que eu encarava ele, como se ele estivesse tentando entender o que era isso.

Deus, será que eu estava arrumada? Será que eu estava bonita?

Que pensamento é esse, Luna? O susto veio tão grande que eu parei de pensar no cheiro do homem a minha frente e ele sentiu o mesmo, porque tirou os olhos de mim e virou eles para a minha amiga.

- Que merda você fez agora, Scarlet? - Ele rosnou.

Ele.

Rosnou.

Nossa, que imbecil.

Por que ele já tinha que chegar aqui sendo grosso com ela assim?

- Ei! Não fale assim com ela!

Os olhos cor verdes me encaram tempestuosos.

- E você? Quem é?

- Luna, a amiga que a sua irmã está ajudando.

- Dom, a Luna precisa de um lugar pra ficar e um trabalho por um tempo. Eu não podia negar isso para ela, podia? Aprendemos desde sempre a sermos benevolentes e gentis, não é mesmo?

- Não cite o que aprendemos ao seu favor, Let. Você sabe que o que você fez foi errado, e ela é uma estranha, da onde você conhece ela? Você não aprende não é? Sendo agindo feito uma criança!

Eu estava ficando com raiva a cada minuto. Deus, ele era um imbecil sem tamanho. E eu não ficaria aqui e deixaria minha amiga ser insultada. Talvez fosse melhor eu ir embora.

Caramba, eu mal havia acabado de chegar.

- Escuta aqui você! - Andei mais para frente da minha amiga e Dom olhou para mim. - Você não deveria falar com a sua irmã assim! Ela não é uma criança, ela é uma mulher que ajudou a melhor amiga quando mais precisou! E você é um idiota que nem nós deixou explicar! Eu prefiro ir embora! - Me virei rápido demais para sair dali, mas uma mão musculosa segurou meu pulso, me fazendo permanecer no lugar.

Me viro para encarar Dominic ali parado, encarando sua mão no meu pulso, passando o dedão na minha marca de nascença. Uma meia-lua.

Um arrepio involuntário subiu pelo meu corpo e eu puxei instantaneamente meu braço e o segurei.

- Como você tem essa marca? - Ele perguntou, a voz agora um pouco mais fraca.

Eu olhei estranhamente para ele agora, que parecia me encarar de uma nova forma.

- É minha marca de nascença. - E com isso eu sai dali, indo para o quarto da minha amiga tentando entender o que diabos foi que aconteceu.

Eu sempre tive ataques de raiva rápidos, mas dessa maneira...

E quando ele me segurou... era como se o toque dele inflamasse todo o meu corpo e ao mesmo tempo era um reconhecimento, algo mais forte, mais incontrolável e que eu nunca havia sentido antes.

Eu sabia que ele estavam conversando em sussurros, e eu podia muito bem ouvi-los, mas eu não iria fazer isso com a minha amiga. Não invadiria a privacidade dela assim. Então, eu só fiquei esperando ela voltar e tentei me acalmar.

Depois do que parecerem horas, mas talvez tivessem sido só minutos, Scar abriu a cortina que fazia as vezes de porta do quarto dela e me encarou meio assombrada.

- Você nunca me disse que tinha uma meia-lua de nascença.

- Eu não achava que tinha importância, minha mãe sempre me irritou tanto para não aparecer a marca e depois de um tempo eu esqueci.

Ela acena com a cabeça e se senta do meu lado.

- Meu irmão disse que você pode ficar.

A esperança começa a crescer no meu peito.

- Sério? - Pergunto com um sorriso.

- Sério, e você vai começar amanhã. - Ela finalmente sorri para mim e eu finalmente vejo que posso respirar um pouco.

Parece que eu tinha um novo trabalho.



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E aí? O que acharam do nosso Dominic?

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LUNA (Sol da meia-noite #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora