CAPÍTULO 19

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LUNA

- E então? Me respondam!

A gente continuou olhando e eu percebi que estávamos em apuros.

Mas... o que ele estava fazendo lá? E outra, eu era visita e eu tinha certeza que não era assim que se tratavam as visitas.

- E o que você está fazendo aqui? Por acaso estava espiando a gente como algum tarado? - Pergunto de volta.

Ele fica ainda mais bravo, mas pelo menos deu tempo da minha amiga terminar de se arrumar.

- Pervertido. - Minha amiga bufou.

- Vocês duas que ficam aí escondidas numa parte perigosa da mata, uma parte que toda a alcateia sabe que não deve ficar e ainda vão ficar de conversinha? É isso? Eu vou deixar o líder Rosales saber. - Ele se vira todo emburrado e sai andando.

Meus olhos se arregalam.

- Parte perigosa da mata? Scarlet, vamos embora daqui!

Ela revira os olhos.

- Amiga, você esqueceu que eu sou uma loba? Eu te defendo, eu sei práticas de combate. E fora isso, o gostosão irritadinho pode ir lá contar para o seu avô, mas ele conhece a gente.

Agora era a minha vez de revirar os olhos.

- Sério, Scarlet? A primeira coisa que você notou nele foi isso?

Ela da de ombros.

- O que eu posso fazer se eu tenho olhos e não lentes coloridas e apaixonadas como você?

Eu apenas bufo e saio andando em direção a casa dos meus avós com a Scar atrás de mim. Quando entramos, meus avós estavam do lado do desconhecido que olhava para a gente agora com raiva.

- E aí? Já fofocou para os meus avós como uma criança pequena? - Perguntei emburrada.

Minha avó ri e meu avô franze o cenho antes de nos olhar.

- Minha neta, eu sei que o Lúcio não fez por mal. Ele é o meu homem de confiança e ele sabe dos perigos daquela parte selvagem da mata. Ele sabe os riscos e ficou furioso porque a alcateia toda sabe também e de repente, você estava lá. - Meu avô faz um sinal de calma quando eu abro a boca para me defender. - Eu já expliquei a ele que você é nova aqui e não conhece todas as regras, não conhece os perigos.

Apenas aceno com a cabeça, já um tanto envergonhada. Eu não fiz nada por mal, mas não gostava de ser repreendida, algo dentro de mim tinha se rebelado a ideia disso.

Quem são eles para nos repreender? Uma voz diferente surge na minha cabeça e eu endureço.

Que porra é essa?

Eu ouvia vozes?

Antes que eu analisasse essa estranha informação, minha avó vem na minha direção sorridente e pega minha mão e a de Scar, que continuava quieta olhando para o tal Lúcio.

- Seu avô esqueceu a melhor parte, Lúcio foi criado por nós desde criança, então, você pode se sentir à vontade para chamar ele de primo. Ele é filho de uma prima do Leon que ficou muito doente e não resistiu. Cuidamos dele com todo o amor, então venha, venha conhecê-lo agora sem estranheza.

É claro que o grosso tinha que ser meu primo. E claro que eu já tinha que começar essa relação com uma careta. Mas balanço a cabeça e estendo a mão para ele.

- Oi, eu sou a Luna. - Digo timidamente e ele bufa antes de sorrir de lado e pegar na minha mão. Seu aperto firme em conjunto com os olhos pretos decididos.

- Olá, prima. Na próxima vez que você quiser ver alguém se transformar, era só falar. O dia da lua é amanhã.

- Dia da lua? - Pergunto curiosa.

Scarlet coloca o braço nos meus ombros e sussurra conspiradora.

- O dia de transformações dos lobos. Ah, minha amiga, as vezes eu esqueço que tenho muito no que te informar. Você vai gostar, várias transformações, algumas novas, e acasalamentos. - Ela move as sobrancelhas divertida.

Lúcio olha intrigado para ela.

- Você não cheira como uma pessoa acasalada para gostar tanto assim disso.

Minha amiga olha desafiadoramente para ele.

- E quem disse que eu tenho que ser acasalada para gostar de sexo? E gostar de ver sexo?

Minhas bochechas se pudessem, corariam diante do olhar ousado da minha amiga para o meu primo que olhava ela agora de um jeito um pouco diferente.

Hm...

Meu avô fez um barulho com a garganta, provavelmente para nos tirar desse assunto um pouco constrangedor e minha avó riu.

- Bem, quem quer um lanche? E Luna, você precisa me contar como se sentiu ao ver a transformação da Scarlet!

Meus olhos brilharam e todos fomos para a mesa de jantar, comer o bolo com café que minha avó havia feito, onde eu contei com entusiasmo sobre uma das experiências mais doidas da minha vida.

O que me fez pensar por um minuto, como seria a minha transformação?

*

Depois de uma tarde tão divertida, eu anunciei que queria ver a minha mãe. Queria conversar com ela mais sobre o remédio. Meu avô tentou perguntar, mas ela se recusava a conversar com qualquer pessoa.

Eu tinha dúvidas. O quanto o remédio escondeu minhas habilidades de transformação? O quanto afetou? E eu conseguiria me transformar algum dia ?

- Você tem certeza disso? - Minha avó pergunta preocupada. Mesmo triste pela situação de sua filha, minha avó tinha abraçado minha causa e minhas dores de forma tão forte que me emocionava. Ela preferia que eu ficasse em paz e longe da minha mãe do que perturbada é perto dela.

- Eu tenho, vó. - A chamo assim, sabendo que ela amava. Eu preciso entender, e acho que ela falaria comigo.

Ela acena e meu avô também, mas eles concordam que Lúcio e Scarlet me acompanhem até lá. Mesmo sendo uma cela vigiada, todo mundo queria estar lá por mim, até mesmo meu primo recém descoberto.

Até mesmo as pessoas daqui são legais e gentis. Mais uma vez me pergunto se o bando do Dominic também é a assim.

Um suspiro me deixa quando chegamos a cela dela e eles se mantiveram afastados enquanto eu encarava minha mãe agora sentada na cama na cela. Me olhando com uma tensão no olhar.

- Filha...- Ela começa mas eu a interrompo levantando a mão.

- Eu não vi aqui para sei lá o que é isso, mas eu quero perguntar pra você sobre os meus remédios.

Minha mãe olha culpada e eu tenho aquele sentimento me dizendo que talvez eu não fosse gostar  do que iria ouvir.

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LUNA (Sol da meia-noite #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora