CAPÍTULO 10 (Parte I)

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DOMINIC

Sai do quarto desnorteado pela conversa com a Luna. Ou melhor, pelo fora que ela me deu.

Eu pensei que ela estivesse sentindo o mesmo que eu, querendo o mesmo que eu... mas não. Ela lutava contra isso. Ela lutava contra me querer.

Só percebi que tinha alguém atrás de mim quando já estava dentro do bar, sentado numa banqueta e encarando o nada.

- Fossa das brabas essa, hein? - Xavier murmura antes de abrir uma garrafa de uísque e me serve uma dose que eu engulo direto antes de estender o copo para mais.

- Como ela pode me negar? Como ela não pode sentir? - Eu falo baixinho só pra mim.

- Vamos olhar pelo lado dela, vocês dois não tiveram o melhor começo e ela mal chegou e você toda alfa pra cima dela, Dom. Esse lance de que todas as mulheres gostam de caras assim logo em cima, é balela. Coisa dos livros da sua irmã.

- E como você sabe que tipo de livro que ela anda lendo? - Eu pergunto ao olhar para o meu melhor amigo.

Ele da de ombros.

- Porque eu leio eles também. Alguns são interessantes. Mas o que interessa aqui é você e seu péssimo jeito de conquistar uma mulher. Sério, eu achei que você fosse melhor que isso.

Rosno baixinho.

- O que eu vou fazer o que agora? Eu sai de lá e parece que o meu coração foi arrancado do peito. - Só de lembrar disso, aperto meu peito reflexivamente, como se a dor maçante ainda estivesse lá.

Eu sabia que tinha errado, mas pensei que depois de ontem... e hoje, quando eu a segurei firmemente nos meus braços, achei por um instante que ela tinha sentido nossa conexão, nossa ligação que pulsava cada vez que eu estava perto dela, cada vez que eu sentia o cheiro dela de qualquer lugar.

- Você tem certeza que ela é ela? - Xavier me pergunta antes de se sentar de frente pra mim no bar.

- Eu não sei como eu tenho certeza, mas eu tenho. Só pode ser ela e eu não estou maluco ou fingindo isso. Hoje, enquanto ela passava mal, foi como se eu sentisse a dor dela, cada parte dela, cada tremor... e o alívio quando ela melhorou, nossa... é ela, ela é minha companheira.

- Uma companheira humana? Bem, só você para conseguir o impossível, hein meu amigo? - Eu reviro os olhos diante da fala dele. - A gente pode montar um plano então. Um plano de ataque.

- E o que isso envolveria?

- Você vai conquista-la, claro. Talvez ela não sinta o vínculo como você sente, mas eu sei que você sente o cheiro dela tanto quanto eu, e muda quando você aparece, e estranhamente, quando vocês ficam perto, parece quase... entrelaçado.

Porra, eu devo realmente estar me tornando um grande bobão por ela, porque só de ouvir isso, meu coração tinha batido mais forte.

- Você vai me ajudar? Eu não saberia por onde começar. Essa é a verdade.

- E quem mais pode te ajudar do que eu? - E eu juro que queria socar a cara do debochado do meu melhor amigo.

Começo a pensar na ideia de conquistar minha companheira. Passo a passo.

Minha companheira.

Era a primeira vez que eu repetia isso e me sentia bem só de pensar.

Minha companheira, eu tinha finalmente achado minha companheira. Minha outra metade.

- Sabe o que eu fiquei intrigado? Sobre a história do remédio. Sua mãe ficou lá com a Luna e a Scar, mas ela tinha dito sobre a história de achar que a Luna estava passando pela transformação de um lobo e o remédio de cheiro estranho. O que será que tem nesse remédio? E como ela poderia estar passando pela transformação? Ela é mais velha que isso.

Maneio a cabeça em concordância.

- Sim, a transformação ocorre quando jovem e os sintomas dela batem sim e o remédio... essa história é toda muito estranha e tem algo aí que não bate, mas eu não sei direito o que. Mas sabe o que eu estou pensando? É que talvez a mãe dela seja a peça principal desse quebra-cabeças.

- E o que você pensa em fazer sobre isso?

- Talvez seja hora de trazer a mãe dela aqui.

Agora, eu só preciso saber como fazer isso e não trazer problemas. Eu sabia que quando a mãe dela chegasse aqui, segredos sairiam e tudo se espalharia como se a caixa de Pandora fosse aberta e todos os pecados saíssem.

LUNA

A dor ainda persistia no meu coração como se fosse uma forma de eco ao fundo.

Por um instante, pensei em ir atrás dele e voltar atrás no que eu disse, mas... o que eu sabia dele sem ser que ele era o cara mais bonito, intenso, irritante, estranhamente possessivo e cabeça quente que eu conhecia?

Eu não sabia coisas profundas e a conversa de ontem à noite, foram coisas pequenas perto do tempo que realmente preciso para conhecer ele, entender e criar laços com ele. Um relacionamento sem base nenhuma, não leva a nada.

Relacionamento? Deus, eu já estava pensando nisso.

Scar voltou segurando uma xícara com o cheirinho de chocolate exalando.

- Isso seria chocolate quente? - Pergunto sorrindo.

Ela sorri de volta antes de responder.

- E o que seria melhor do que chocolate quente para curar esse coraçãozinho? Chocolate cura todas as coisas. Eu também tenho uma barra de chocolate comigo, e qualquer porcaria que você quiser.

Me ajeitei antes de pegar a xícara e assoprei um pouco, porque estava realmente quente, mas delicioso.

- Hmmmm, delicioso.

- Bem, eu sei fazer chocolate quente, mas esse quem fez foi a minha mãe.

- Ela está aqui? - Pergunto depois de abaixar a xícara.

Minha amiga não precisou responder porque eu senti o cheiro de outra mulher antes que a mãe ela batesse na porta ainda aberta e colocasse o rosto para dentro do quarto.

- Tudo bem se eu entrar por um minuto?

LUNA (Sol da meia-noite #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora