CAPÍTULO 16 (Parte II)

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LUNA

Que inferno.

Eu não podia só gostar de um cara. Não. Eu tinha que gostar de um cara que era um lobo e que estava predestinado a mim.

Eu estava realmente considerando isso? Considerando essa loucura?

Pior, ele sabia disso.

Todas aquelas vezes dele me chamando carinhosamente de companheira. Deus, como eu fui idiota.

Me virei para Dominic, que me olhava receoso.

- Você sabia disso? Esse tempo todo? - Então algo pior me ocorre.

Todos eles sabiam.

Scar.

Olho para a minha amiga que já levantou e tentava vir na minha direção mas eu levanto uma mão, pedindo para que ela pare.

- Vocês, todos vocês... mentindo para mim, me enganando, sabendo o quanto eu sofria por não ter vivido uma vida normal... - Eu paro de falar quando Dominic se aproxima e toca no meu braço. - NÃO ME TOCA! Eu não quero que você me toque nunca mais, Dominic! - Eu olho para ele com toda mágoa que eu podia reunir e parecia que ao mesmo tempo, meu coração parecia ter sido marretado e Dominic esfrega o seu como se estivesse doendo também.

Companheiro. Uma voz estranha disse na minha cabeça e eu sabia que eu tinha que sair dali. Tinha que pensar. Precisava de espaço.

Deus, lobos!

Isso significava que eu era uma loba também? Mas eu nunca me transformei...

"Seus remédios..."

Olho para minha mãe sem acreditar. Deus!

- Que merda, mãe! - Digo ao levantar e me viro para todos. - Eu preciso de espaço e para isso, eu preciso sair daqui.

- Não. - Dominic é o primeiro a dizer.

- Você não tem opção aqui, Dominic. Eu vou sair e vou sair agora. Eu não posso estar perto de vocês, principalmente você.

Começo a me afastar de todos que começam a falar e eu corro, corro para bem longe de todos e tudo.

Eu precisava pensar, e pensar longe todos esses mentirosos.

DOMINIC

Tudo parecia meio cinza desde que ela saiu.

Eu queria ir atrás, mas sabia que se eu forçasse as coisas agora, só iria piorar tudo o que já estava péssimo para o meu lado.

Mas Deus, meu coração parecia parar no meu peito só de lembrar dela se afastando de mim, se afastando do meu toque como se pegasse fogo... ela me recusava como se sentisse asco de mim. Aquilo me deu uma pontada no coração tão grande que me baqueou por um segundo. Parte de mim parecia que estava se quebrando, se rompendo, sumindo.

E se ela escolhesse ir embora? Se ela escolhesse me deixar? Ela não pode me deixar, não agora que eu finalmente a encontrei. Finalmente agora que eu a tinha tão perto de mim.

E ela estava pensando em me deixar.

Miranda olhou para nós cheia de raiva.

- Isso é tudo culpa de vocês, com suas ideias loucas, com suas regras estúpidas e arcaicas! Minha filha pode sumir e a culpa vai ser de vocês!

- Cala a porra da boca, Miranda! - Eu rugi já de saco cheio dessa mulher perturbada que não podia ver o quanto sua filha estava confusa em saber que toda a sua vida foi uma mentira é uma confusão sem tamanho.

Ela me olha chocada como se não entendesse como eu poderia falar daquele jeito com ela, que era uma filha de um líder poderosíssimo de matilha.

- Eu estou de saco cheio de você, Miranda! Você ditando as regras por aqui ao invés de chegar calmamente e conversar com a Luna! Merda! Você não acha que ela deveria saber da onde veio? Saber a história dela? Dar escolha a ela seria dar a ela opções de escolher ir ou ficar. E você não deu nenhuma!

- Eu sou a mãe dela, eu sei o que é melhor para ela! - Ela ainda tenta deixar o queixo em pé, mas aquela pose toda não tinha mais, não existia mais. Uma dor de cabeça começava a se construir na minha cabeça tão forte e poderosa que eu voltei a sentar.

- Eu não sei exatamente aonde eu errei com você, mas eu vou descobrir e vamos descobrir juntos. Vamos todos juntos para casa, eu, você e a minha neta. Lá ela vai se encontrar, vai se redescobrir. - O pai de Miranda e avô de Luna, chefe Leon, olhou sério para a filha que parecia estática.

- Não. - Eu balanço a cabeça em negativa. - Ela não pode ir. Não agora que eu acabei de encontrar a minha companheira, vocês querem me tirar ela? Me tirar o prazer de estar perto e com ela? Não.

Ele olha para mim, já idoso e com os olhos compreensivos.

- Eu entendo, meu jovem. E eu vou entender se ela quiser ficar aqui também, mas dessa vez, eu vou dar a ela escolhas. Acho que todos devemos a ela isso, que ela escolha o que ela quiser fazer.

Mesmo com o coração partindo e eu sentindo cada pedaço dele caindo lentamente, eu sabia que ele tinha razão. As escolhas foram tiradas a vida toda de Luna.

Dessa vez, ela decidiria o que iria querer e o iria querer fazer.

Depois do que pareceram horas, o cheiro dela voltou a superfície do bar e eu tomei um último gole da Jack Daniel's que ela havia tomado anteriormente. Eu estava tentando me anestesiar da possível escolha dela de me deixar.

Ela entrou com o rosto seco de lágrimas e o olhar ainda um pouco confuso, mas com mais certeza do que antes. As roupas amassadas, o cabelo preso num coque bagunçado e olhou tímida para todos.

- Eu quero conhecer o resto da minha família, se possível. Não para ficar, mas para conhecer. Eu quero conhecer a vida que eu podia ter tido e a oportunidade de ver mais.

O avô dela balança a cabeça feliz com a notícia, a mãe dela apenas olha consternada. Leon já tinha dito que a filha teria que voltar de qualquer jeito, porque tinha que pagar por tudo o que fez.

- Eu só vou fazer as malas e faremos isso. - Ela olha para a minha irmã que a olha cautelosa. - Você me ajudaria? Apesar das suas mentiras, você ainda é a minha amiga, e eu quero me despedir.

- Claro, Lu. Mas pode ter certeza que a primeira coisa que eu vou fazer é te dizer agora que sei que você vai voltar, você não vai aguentar ficar longe de mim. - Ela diz antes de correr até ela é a abraçar apertado. As duas se abraçaram por uns segundos antes de se soltarem sorrindo uma para a outra.

Meus pais me olharam preocupados. Xavier também parecia preocupado. Bem, era a minha vez de tomar coragem e perguntar.

- E eu? Você vai me deixar? - Pergunto.

Ela vira o olhar para mim e arruma os ombros antes de responder.

- Eu preciso saber quem eu sou e eu acho que só vou saber quem eu sou, longe de você.

Foi como se uma facada me atravessasse.

- Não. - Eu sussurro.

- Dominic, não, por favor! - Ela me pede com os olhos cheios d'água.

- Você me pede pra desistir de você? Logo agora que eu finalmente te encontrei, Luna? É isso? - Eu tento levantar, mas o baque é tão grande que eu desisto.

Ela vem até mim e eu aproveito para abraçá-la como não pude o dia todo. Mas antes dela me soltar, ela me diz uma última coisa.

- Se somos predestinados como todo mundo costuma dizer, então vamos achar o nosso caminho de volta. Eu voltarei para você, Dom. Meu Dom.

E eu deixo ela ir com o meu coração na palma da mão dela.

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LUNA (Sol da meia-noite #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora