Capítulo 19

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Voltei para o saguão principal do castelo-escola e subi para os dormitórios meio cambaleando de cansaço. Hoje tinha sido um verdadeiro teste para mim e ainda estava tentando entender porque as sombras estavam em minha volta como se me protegessem, quando na verdade a ordem era para me atacar. Não tive tempo para pensar, quando entrei no quarto de Cameron não era apenas ele quem estava lá.

— Ah! Finalmente você retornou! — Cameron foi o primeiro a se recompor e correu até mim, me envolvendo em um abraço apertado.

— Por que você fugiu daquele jeito? — Julie estava com os olhos inchados e vermelhos.

— Desculpem... precisava de um tempo... — tentei escolher as pala-

vras certas para não os magoar.

— Estávamos fazendo um feitiço de busca para ir atrás de você. — Havena explicou com os braços cruzados em frente ao corpo. Havena? O que a professora ainda fazia aqui?

— Feitiço de busca? — sentei-me na cama que deveria ser minha.

— Todos tentamos encontrá-la. Ethan até usou o ar, mas não conseguiu rastreá-la. Então decidimos fazer um feitiço que a chamaria de volta para cá. — Camilla se aproximou mais de mim.

— Se ainda estivesse viva. — Ethan falou no canto do quarto. Julie

lançou lhe um olhar irritado e começou a falar apontando o dedo em sua direção.

— Nós já conversamos sobre a sua idiotice!

— E já expliquei porque fiz isso! — apenas deu de ombros, mostrando

indiferença.

— Chega! — Havena parecia uma bruxa antiga e poderosa e estava com um vestido azul marinho de gola redonda e touca. As mangas eram largas à medida que se aproximavam dos pulsos e o vestido colado até a cintura, o comprimento, mais solto, parecia serpentear conforme andava. Foi impossível não a olhar e obedecer a sua ordem.

— Vocês não devem ficar brigando. — Stella estava um pouco mais calma que Havena.

— Somos a única resistência. Não podemos nos desunir. — Ônix acrescentou se aproximando mais das duas.

— Mas ele a escravizou! — Julie havia parado de gritar, mas ainda estava bem alterada.

— Já disse que fiz isso porque durante o julgamento percebi qual seria a intenção de Leslie e da Rainha. Não queriam matar Alessia, queriam o sangue dela. Não sei como e nem porque, mas seu sangue é poderoso. Bem mais poderoso que o de outros humanos comuns. — Ethan falava como se estivesse explicando a mesma coisa pela milésima vez. E talvez estivesse mesmo...

— E precisava escravizá-la? — era aparente que Julie estava se esforçando bastante para não bater nele.

— Se não fizesse isso, Leslie, a Rainha ou o Mestre das Sombras, faria! — agora Ethan parecia irritado, mas mesmo assim não ergueu muito o tom da voz.

— Mas o Mestre das Sombras fez! — Julie cerrou os punhos com for-

ça.

— Sim, mas ela não lhe pertence. Tecnicamente pertence a mim, mas pode servi-lo também, se eu permitir. — e revirou os olhos ao terminar de falar.

— Como é? Pertencer a você? Servir se você permitir? — não consegui acreditar no que estava ouvindo.

— Sim. Foi a única maneira de você ainda poder ficar por aqui, perto de nós. — Ethan me dirigiu seu olhar.

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