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Archie tinha ido longe demais. Ele teve a coragem e a capacidade de me entregar para o meu pai.

Era sábado, geralmente tínhamos aula pela manhã e só éramos liberados para ter tempo livre á tarde.

Infelizmente, para ajudar na minha imagem que já estava abalada o suficiente, meu pai me chamou pelos autos-falantes de toda a universidade enquanto eu estava em aula.

Era inevitável segurar os sussurro que correram soltos e os olhares curiosos.

Todos sabiam o que eu havia feito na festa.

Antes de sair da sala pude notar o olhar de Archie cair sobre mim, ele não estava com raiva, mas também não estava feliz.

Guardo essa informação em minha mente e me concentro em achar uma forma de escapar dessa situação. Eu precisava de uma explicação convincente para dar ao meu pai.

Eu já havia chegado em sua sala, mas ele não estava aqui ainda. A recepcionista me permitiu entrar por já saber quem eu era e me pediu para aguardar aqui dentro até que ele chegasse.

Eu não tinha medo dele, mas era impossível controlar a tremedeira de meus dedos ou a minha respiração irregular.

Como meu pai estava demorando, decidi sentar em sua poltrona. Com isso pude observar que sua mesa era completamente organizada. Todo o seu escritório era arejado e as enormes janelas de vidro cobriam a parede da minha esquerda dando uma bela visão do campus.

Pelo menos de alguns lugares dele.

Vasculho sua mesa curiosa para descobrir o que ele estava aprontando ultimamente. Alcanço uma pilha de pastas e puxo uma delas que me chamou atenção com o título em negrito.

"Projeto volta no tempo".

Solto uma risada fraca, ele só podia estar brincando. Como se isso fosse possível. Meu pai definitivamente já foi mais realista em seus projetos.

A porta se abre e eu solto a pasta imediatamente me ajeitando na cadeira como se eu não tivesse sido pega mexendo em suas coisas.

Ele pousa seus olhos em mim com uma sobrancelha levantada em curiosidade, mas logo supera minha pequena cena não parecendo se importar e fecha a porta atrás de si.

—Pai. — digo cumprimentando ele. —Ou aqui devo lhe chamar de diretor John?

Ele vem até mim e dá um empurrão leve na cadeira me encorajando e me mostrando que era para eu levantar e sair de seu lugar.

—Saia. — simplesmente diz e eu o obedeço indo para a cadeira livre na frente de sua mesa.

—O quão ferrada eu estou? — pergunto cruzando minhas pernas me sentindo um pouco intimidada por seu olhar frio.

Ele afunda em sua cadeira e respira fundo.

—Você tem 21 anos Sophie, quando vocês dois irão parar com essas brigas ridículas? — diz me encarando de uma forma decepcionante.

Não deixo escapar uma risada irônica.

—Você acha que eu gosto disso? A culpa não é minha, Archie deixou bem claro desde o início que não gostou que eu fui um dos prodígios junto com ele. Se quer trégua, é melhor chamar ele, porque a culpa definitivamente não é minha.

Ele abre sua boca levemente, como se não estivesse realmente acreditando em minhas palavras.

—Sophie, você bateu nele. — afirma sem muitos problemas.

Me levanto irritada.

—Ele ameaçou encostar em mim! Logo após de ter a audácia de insinuar que ninguém me suportava naquele lugar. E além do mais, não foi só por isso, você sabe muito bem que ele nunca pegou leve comigo e...

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