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ELLIE

Agora, somos duas a uma mesa posta para três.

E acho que finalmente começo a acreditar que Áster está aqui, depois da humilhação de Brad e Audra e meus quadros. Depois da euforia da compra de Áster, da coragem da mensagem de Paul e da expectativa horrível pela resposta de Trig.

Agora, somos só Áster e eu, e estou buscando algo para dizer.

— Me conte sobre o trapézio. Dá medo?

— É apavorante. Mas só subi em um duas vezes, e só quando estava bem perto do chão.

— Mas sua cicatriz. Achei...

— Isto? — Ela toca no olho. — Consegui quando caí de skate aos 8 anos.

— Sofia filha da puta — murmuro.

— O quê?

— Nada. Então você não estava aprendendo trapézio?

Ela ri.

— Não. Eu assistia muito. É tão cativante. Mas demora anos para aprender. Eu ficava fazendo deveres de casa. O currículo de quem estuda em casa... não é o mais estimulante, a não ser que você tenha pais que tornem a atividade divertida, com projetos de arte e passeios, e dissecando alcachofra para descobrir que é flor...

— Alcachofra não é flor.

— Ah, é — diz ela, apontando para mim com o hashi. — É flor. — Ela coloca um edamame na boca e sorri. — Aprendi no material de estudo em casa.

Eu sorrio para ela. Ela é tão confiante, tão inteligente e naturalmente engraçada.

— Mas... e você? UCLA, né? Você deve gostar de estudar.

Eu dou de ombros.

— Acho que sim. Mas gosto mesmo é de arte.

— É loucura, né? — pergunta ela.

Eu inclino a cabeça.

— A gente finalmente se conhecer.

— É — digo.

— Só queria que não fosse tão tarde. Tão perto de quando você vai embora, quero dizer.

Não quero pensar sobre ir para a faculdade. Mas agora o pensamento chegou, está ao meu redor, todo o seu peso, a forma como me puxa para baixo. Quero me perder em Áster, mas ela está do outro lado da mesa, não é um lugar distante que só consigo alcançar em fantasias.

Sinto o pânico crescendo e preciso dar as costas para ele.

— Eu recebi sua rosa — digo.

Seu rosto é tomado pela surpresa.

— Como sabia disso?

Parece tanto tempo atrás, apesar de só dois dias terem se passado. Eu relembro tudo: a sensação de sair com Paul naquela primeira noite, o fato de ter descoberto como podia ser uma nova amizade. A música "Umbrella", meu copo gelado, o alívio no rosto de Paul quando pedi para ele ser meu amigo.

— Eu voltei para a casa de Brenna naquela noite. Cheguei um pouco atrasada. E Sofia me disse que você tinha levado uma flor para mim.

— Mas, mesmo assim...?

— E Camila me disse que você tinha ido ver os leões-marinhos, então Paul e eu fomos te procurar. Achamos que podíamos alcançar você. Fomos até o píer e andamos por lá, mas não havia ninguém. Mas havia uma rosa.

À Primeira Vista (Ellister)Onde histórias criam vida. Descubra agora