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PAUL

Cinco noites antes, Ellie e eu estávamos andando por uma mansão lotada, e eu me senti mais perdido que em qualquer outra ocasião da minha vida. Eu me senti um farsante, um invasor, um penetra, a festa sendo o que os ricos e famosos conheciam como vida. Não importava que as pessoas estavam me chamando de lindo, me oferecendo bebida e propostas junto dessa bebida. Não importava que fingir fosse o objetivo. Não importava que Ellie estava ao meu lado, tão deslocada quanto eu. Eu sentia que todos estavam fazendo minha vontade. Sentia como se pudessem ver o quanto eu estava apavorado e que, assim que eu saísse, ririam e balançariam a cabeça.

Agora, estamos em um lugar completamente diferente, mas ainda não encontrei o equilíbrio. Estamos no salão de recreação de um pequeno centro comunitário, com garrafas de plástico de suco de cranberry e Sprite ocupando o lugar de champanhe, vodca e gim. O teto e as paredes estão cobertos de fitas cor-de-rosa e roxas, e mais de dez mesas foram organizadas em um semicírculo ao redor de um palco improvisado; basicamente, um microfone com pé e uma área vazia ao redor.

Trig está sentado a uma das mesas com Taylor e os amigos. Não quero olhar para Taylor com atenção, mas não consigo afastar o olhar. Ele age com segurança e dança de um lado para o outro, mas mantendo uma das mãos no braço de Trig, o tempo todo. É estranho vê-los, principalmente ver a dinâmica dos dois juntos. Fica evidente que Trig é o mais novo, o menos experiente, o novato no relacionamento. Taylor está cuidando dele.

Não estou acostumado a ver Trig assim.

Ele não me vê imediatamente. Fico para trás, olho para Ellie e Áster. Não tenho ideia do que elas estão dizendo uma para a outra, mas o resultado é visível: elas finalmente se encontraram. E, a cada minuto, se encontram ainda mais.

Eu falei que elas não precisavam vir comigo, que podiam abandonar a terceira roda, que ficaria bem.

— De jeito nenhum — disse Ellie. — Somos um triciclo, e um triciclo não vai a lugar algum sem as três rodas.

Agora, as duas estão me observando, me vendo tentar evitar o fato de que Trig não levanta o olhar no minuto em que eu entro. Como se houvesse algum motivo para isso quando ele tem Taylor bem ali.

— Vá dizer oi — sugere Aster. — Marcar território.

Mas, antes que eu possa fazer isso, Harry se aproxima. Ele está com um smoking cor-de-rosa e um cravo da mesma cor na lapela.

Muito sutil, escuto Trig sussurrar em minha mente

— Fique calmo, meu coração gay! — ronrona Harry. — Mas parece que o mundo se enche da luz de Safo. Ellie gatinha, você trouxe a mulher de seus sonhos para nossa farra de hoje?

Ellie fica vermelha. E, quando percebe que fica vermelha, fica mais vermelha ainda.

— Enchanté — diz Aster, oferecendo a mão. Em vez de apertá-la, Harry a leva aos lábios.

— Enchanté! — repete ele.

Eu olho para Trig e, sim, ele está nos olhando agora. Quando vê que estou olhando, acena. Taylor repara no gesto e também olha para mim. Ele se junta a Trig no aceno.

— Vá — diz Ellie.

Não devem ser mais de 5 metros, mas o tempo que levo para chegar a eles é imensamente constrangedor. E é ainda mais constrangedor quando chego lá e Taylor se levanta para me cumprimentar.

— Finalmente! — diz ele, enquanto me envolve em um abraço. Ao se afastar, acrescenta: — Quero dizer, costumo conhecer um cara antes de vê-lo de cueca, mas acho que, no seu caso, vou abrir uma exceção.

À Primeira Vista (Ellister)Onde histórias criam vida. Descubra agora