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ELLIE

Ela está dando aquele sorriso incrível bem aqui, bem na minha frente, não em uma foto, não em uma tela, mas aqui. Na vida real.

E estou paralisada, com a sidra quente saindo pela rachadura no copo e escorrendo pelo braço, Brad dizendo:

— Aqui, vou limpar você. — E, na direção de Paul: — Eu nunca disse isso para uma garota... ha!

— O que você está fazendo aqui? — pergunta Áster. Mas, antes que eu possa responder, ela balança a cabeça e diz: — Retiro o que disse. Só perguntei porque estou nervosa. Você está aqui por causa da sua exposição. E eu estou aqui por causa da sua exposição. Vi seu post no Instagram, e não moro longe daqui e queria ver seus quadros de perto, sem todas as outras pessoas.

— Que perfeito — diz Brad, secando meu cotovelo com um guardanapo de papel. — Você é colecionadora? Que sorrateiro. Que inteligente aparecer no dia anterior à inauguração. Garota má! E com isso quero dizer boa. Fique à vontade para dar uma olhada. O trabalho de Ellie é claramente feroz, mas se não for o que você está procurando, eu entenderia. Quero dizer, é, sabe, uau, mas vamos dizer que não seja sua praia? Se for o caso, eu ficaria feliz em apresentar você ao trabalho de algum outro artista.

— Eu vim para ver o trabalho de Ellie.

Ele para de me secar e coloca o guardanapo ao lado da pintura da corda bamba. Praticamente em cima da pintura da corda bamba.

— Claro — diz ele. — E aqui está.

Seu gesto na direção da mesa pode muito bem ser a revelação do meu coração. A retirada de minhas roupas.

Daria no mesmo se eu cantasse uma música romântica para ela.

Ela anda na direção das pinturas, e me sinto recuando, para longe da visão de Áster olhando meu trabalho. Elas não são ferozes. Não são uau. São representações rudimentares da possibilidade do amor, e eram para ter ficado em segredo. Eu não sabia antes, mas agora sei. Constelações? Que banal. Eu nem sei o nome delas. Já estou confundindo Cassiopeia com Perseu, e elas não são nada parecidas.

Sinto um frio no estômago. Minhas mãos tremem. Não sei como entrei na escola de artes da UCLA. Não sei como Áster — e todas as outras pessoas — vão achar essas pinturas qualquer coisa além de amadoras.

— Abra os olhos — sussurra Paul. — Você está agindo de um jeito muito estranho.

Eu nem tinha percebido que estavam fechados, mas agora estou vendo rosa de novo e, quando arrisco um olhar para Áster, penso que talvez a veja sorrindo, mas não tenho certeza, porque o sino da porta toca e uma mulher entra.

— Audra, você voltou! — cantarola Brad. — Veja quem apareceu! É EllieChu!

O cabelo de Audra está preso em um rabo de cavalo apertado. O delineador é de gatinha, e tudo que ela veste está coberto de franjas. Ela me olha, estoica.

— Olhe, Ellie, eu não falei que ela ficaria empolgada? Aqui estão as telas, e são ainda melhores ao vivo!

Áster abre caminho para Audra assumir seu lugar à frente da mesa, onde observa as telas uma a uma e dá um único aceno antes de pegar o celular do bolso.

— Eu sabia que você ia adorar!

— A exposição começa amanhã à noite — diz Audra. — O que você está pensando em termos de preço?

Ela está olhando para o celular, mas como ninguém responde, suponho que a pergunta seja para mim

— Ah — respondo. — Eu nem tinha pensado nisso

À Primeira Vista (Ellister)Onde histórias criam vida. Descubra agora