ELLIENão consigo encontrar os espelhos.
Já olhei o mapa, mas tem tanta coisa para descobrir aqui que é praticamente inútil. Paul me disse que esperaria na sala das sombras. Disse que ficaria lá por um tempo, para o caso de eu precisar dele, e que, se eu não o procurasse, tudo bem. Seria uma coisa boa.
— Só... não esqueça o slam de poesia, tá?
— Claro.
— Eu preciso muito de você lá.
— Estarei lá.
— Tudo bem. Vou ficar aqui por um tempo, acho. Minha sombra tem potencial infinito.
O relógio na sala começou a contagem regressiva, e ele entrou. Eu o vi pular, com o braço esticado, como se estivesse pegando uma bola no ar, e a luz brilhou e tudo ficou escuro de novo.
E agora, estou andando pelos setores, procurando os espelhos. Tem crianças e adultos, turistas e membros do museu, e todos estão brincando. Todos estão envolvidos ou à vontade, e eu queria poder me juntar a eles, mas preciso encontrá-la.
Ainda não sei o que dizer. Não sei o que vou fazer. Mas o que sei é que a voz de Kylie está na minha cabeça desde a noite de ontem, e ela está certa. Sou eu que estou me segurando. Sou eu que posso fazer tudo mudar.
Eu passo por pessoas apertando botões o mais rápido que conseguem, vendo números aumentarem em uma tela acima. Passo por um cara olhando o próprio reflexo. Passo por pessoas usando fones de ouvido, e por um grupo de crianças segurando ímãs acima de uma mesa enorme. Mas paro de repente porque vejo Sofia e Camila e Lauren. Sofia está de costas para mim, graças a Deus, mas Camila me vê e arregala os olhos. Lentamente, levanta a mão na lateral do corpo e aponta para o corredor. Dou um aceno em agradecimento silencioso e sigo para o meio de um grupo de turistas para passar por elas.
E ali está, finalmente, Aster, em frente a um espelho gigante. O reflexo dela está de cabeça para baixo. Quando me aproximo, eu também apareço ali.
Ela dá um sorriso de cabeça para baixo.
Eu franzo a testa de cabeça para baixo.
Não para ela, para mim, pelo jeito como ando agindo.
Meu celular toca no bolso. É Camila.
Rápido! Estamos indo na sua direção! Estou tentando enrolar!
Seguro a mão de Aster e a levo para longe, para fora da área do museu que tem a ver com sons e luzes, para um espaço mais verde, onde o ar está mais frio. Ao redor de nós há tanques gigantes cheios de estrelas-do-mar e corais e anêmonas, e árvores viradas com as raízes no ar, e as plantas mais verdes.
Eu a solto, mas ela segura minhas mãos.
— Por que você está aqui? — pergunta ela.
— Para ver você — respondo.
— Mas ontem à noite — diz ela. — Quando te dei oportunidade de pular fora, você aproveitou. Você anda sendo tão vaga.
— Você está certa — concordo.
— Por quê? — pergunta ela. Eu abro a boca para responder, mas ela diz: — Não responda ainda. Me deixe dizer por que estou perguntando.
Eu faço que sim, os joelhos bambos. Até ser silenciada por Aster é incrível. Até ouvir coisas difíceis é, e sei que o que ela vai dizer é difícil pela forma como ela não sorri, pelo franzido nas sobrancelhas perfeitas, pela forma como ela afasta o olhar e decide com que palavras começar.
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À Primeira Vista (Ellister)
RomancePaul, apaixonado pelo melhor amigo, aceita o desafio que mudará sua vida e sobe no balcão do bar em um concurso de dança um pouco diferente... Na plateia, Ellie, fugindo de Aster, a garota que ela ama a distância por meses e confusa por não se senti...