ELLIE— Você veio! — grito, quando o vejo.
Paul surgiu do meio da multidão. Está me olhando e sorrindo, e eu o envolvo em um abraço.
— Só tem você — diz ele. — E, ah, meu Deus, olhe só para você!
Eu dou uma gargalhada. Hoje de manhã, revirei meu material de artes e o cesto de fantasias na garagem. Cheguei à casa de Sofia com um saco cheio de tintas e purpurina para o corpo, tutus e laços e tudo de arco-íris que consegui encontrar, relíquias de nosso nono ano cheio de orgulho gay.
Ela já tinha escolhido a roupa com cuidado. Um boné virado para trás e uma camiseta cortada e sem as mangas. Convenci-a de acrescentar suspensórios de arco-íris, e ela me contou tudo sobre Dove enquanto eu montava minha roupa.
Escolhi a calça jeans que usei no sábado passado, mas desta vez com um body dourado metálico e um par de asas de anjo. Deixei o cabelo solto sobre os ombros e coloquei purpurina dourada nas bochechas e pintei os braços de muitos tons de rosa e vermelho e dourado, cheio de espirais, estrelas e alegria.
Paul diz:
— Você parece uma artista fada lésbica.
E dou outra gargalhada, porque ele está tão ele, com a calça jeans e a camiseta básica e o boné do time de beisebol da escola. E, com isso, quero dizer que está perfeito. Tão diferente de um garoto tentando ganhar o amor do melhor amigo dançando quase nu no bar. Tão diferente de alguém de coração partido demais para sair da cama. Tão diferente do garoto me esperando, perdido, em uma calçada.
Eu o abraço de novo.
— Estão nos esperando em meia hora — digo. — É quando Aster vai chegar.
— Trinta minutos só nossos — diz ele. — O que devemos fazer para preenchê-los?
Eu pego a mão dele e o puxo para o meio da multidão.
— Aonde nós vamos? — pergunta ele, mas só respondo quando chegamos à entrada do Happy Happy, e ele ri e diz: — Perfeito.
Eu digo:
— Também achei.
Um minuto depois, estamos carregando copos de gim-tônica até a mesa à qual me sentei quando isso tudo começou. O bar está quase silencioso. A verdadeira festa está na rua; a maior parte dos bares só vai encher mais tarde. Tem muita coisa para ver, e a necessidade de ser visto. Mas agora só quero alguns minutos com meu amigo. Já ouvi sobre o dia dele com Taylor e Trig. Ele já sabe como estou animada para ver Aster.
Paul levanta o copo.
— Nós temos de fazer um brinde — diz ele.
— Temos.
— Que semana — diz ele.
— De alguma forma, nós sobrevivemos.
— Mais do que sobrevivemos. Nós demos um show.
— Nós a beijamos de língua.
— Nós casamos com ela, porra — diz Paul. — Esta semana vai estar conosco para sempre.
Nós batemos os copos, tomamos goles, e é o gim-tônica mais fraco que já tomei na vida, mas não me importo.
— Acho que ele sabe que somos menores — sussurra Paul.
Nós sorrimos um para o outro, e vou ficar feliz se só ficarmos sentados bebericando água com tônica na presença um do outro pelo resto de nossos minutos sozinhos, mas a porta se abre e o bar é invadido pelo barulho da rua. Nós nos viramos para olhar, e nossos queixos caem em descrença sincronizada.
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À Primeira Vista (Ellister)
RomancePaul, apaixonado pelo melhor amigo, aceita o desafio que mudará sua vida e sobe no balcão do bar em um concurso de dança um pouco diferente... Na plateia, Ellie, fugindo de Aster, a garota que ela ama a distância por meses e confusa por não se senti...