Capítulo 1

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Capítulo 1. 

Parte 1. 


Presságio de Morte.

"Olá Daniel, eu sei que você tem muitas perguntas e em breve todas elas serão respondidas. Mas agora você terá um trabalho. Você é um Presságio de Morte, um ser renascente. Um Pressagio de Morte volta a vida alguns meses depois de sua morte, pois não teve alguém pra lhe acompanhar pro Outro lado. Resumindo: as pessoas que morrem sem um Presságio, um acompanhante para o Outro Lado, se tornam PdM. Quem está lhe escrevendo isso é o seu superior, logo-logo irei me apresentar melhor a você, só saiba que seu dever é único. Você só tem noção do que fazer pois é algo instintivo de um PdM, então não se sinta estranho quando agir de forma impulsiva ou não natural.

Neste momento você está no Parque de Madureira, em... bom Madureira. A pessoa que você deverá acompanhar estará aí em breve e você saberá. São dez dias a partir de amanhã, até a morte dela. Vocês irão atravessar juntos para descansarem em paz. Enfim, bons acréscimos de vida pra você. Onde quer que você for ou fizer, estarei de olho. Até outra vida. - J"

Daniel leu e releu essa carta três vezes, que tinha surgido em seu bolso. Ele não tinha ficado louco, tinha realmente morrido. Porém algo fez ele ficar desnorteado: é que o superior disse que ele voltaria meses depois, só que antes de ler a carta ele viu a data. Era 2020 e ele morreu em 90, se passaram trinta anos. Ele decidiu deixar isso de lado e guardou a carta.

Uau. Pensou Daniel.

Era tudo realmente diferente. Ele nunca tinha pensado em como poderia ser o futuro, mas estava vendo diante dos seus olhos, e só pensou em como o filme "de volta para o futuro" tinha errado.

Ele decidiu levantar e dar uma volta pelo parque. Era bem grande. O banco que ele estava era bem em frente a um lago pequeno, do lado do banheiro.

Daniel estava certamente eufórico. Deu algumas voltas pelo lago e então foi comprar pipoca. Ele tinha passado as mãos pelos bolsos e tinha uma carteira com identidade e dinheiros. Daniel William Reys, 02/01/2003. O dia e o mês estavam certos mas o ano estava bem longe. Mas ele deixou isso de lado e pegou o dinheiro pra pagar a pipoca. Estava deliciosa e tinha bacon. Quando estava voltando para o banco ele sentiu algo o atingindo derrubando ele e a pipoca.

— O que me atingiu? — Daniel estava um pouco atordoado e levantou-se devagar.

Uma garota estava atirada na grama, rindo e levantando com dificuldade. Ela usava patins preto.

— Minha nossa, andar nisso é mais difícil do que parece — Ela resmungou enquanto levantava — Desculpa, mesmo.

— Tudo bem, mas vai me pagar outra pipoca? — Disse ele olhando pro saco de pipoca derramado no chão.

— Ai meu Deus, sim. — Ela disse triste, quase como se fosse uma peça teatral.

— Eu não falo sério. Você tá bem?

Daniel olhou fixo em seus olhos e sentiu um conforto inexplicável. Parecia ser o mesmo olhar da Ana, as mesmas feições, talvez a mesma altura e com certeza o mesmo sorriso.

— A pergunta é se você tá bem? — Ela disse tentando não rir.

— Hã?

— Você perguntou se eu estava bem, eu respondi e você ficou me encarando como se eu fosse um fantasma.

Uma garota se aproximou deles. Era ruiva e tinha o cabelo preso em rabo de cavalo.

— Angellina, presta mais a atenção. — A ruiva disse olhando para Daniel e baixo à cima. — E você tá bem moço?

— Sim, sim estou.

Presságio de MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora