Capítulo 23

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Capítulo 23


Ela vivia nas sombras, se escondendo e sobrevivendo depois de sua morte.

Era irônico, e era tudo que ela conseguia pensar. Depois de perder Daniel no ano anterior, ela saberia que sua vida no qual foi dado com algum proposito maior que ela prometeu descobrir, não seria fácil, mas para ela nada nunca foi mesmo. Ela já tinha sentido aquela dor antes, de uma bala perfurando alguma parte do seu corpo. Era horrível, e queimava por dentro fazendo ela perder as forças e sentir vontade de cair. Depois que viu o que Max fez, decidiu ceder sabendo que o perigo maior já tinha passado. 

Ela tinha sim atraído sua atenção para ela, caso aquela única bala que tinha na arma tivesse que ser usado em um deles, ela preferia que fosse nela. Não queria ver Daniel morrer novamente e sabia que se ele matasse Angellina, Daniel entraria em um estado de insanidade, então para ela a lógica era que fosse a mais descartável, já que ele não tinha mais nenhuma lembrança dela, e provavelmente não se lembraria mesmo.

Então ela simplesmente deixou seu corpo descansar, talvez partir dessa para o Outro lado como deveria ter acontecido no ano anterior. Sua visão estava cada vez mais turva e os cantos dos olhos ficaram pretos, sabia que aquela sensação era a morte, ou talvez um desmaio. Onde eles estavam, com talvez alguns outros Superiores e seguranças, sabia que até chegar em algum hospital, já teria morrido por tanto sangue perdido e a falta de força para pressionar. 

Então ela cedeu completamente. 

Ela já havia morrido, mas tinha esquecido o quão era assustador a sensação de vazio e frio. Ela se via sempre em algum lugar escuro onde sempre tentava gritar, mas era ecoado, e não havia ninguém para escutá-la. Quem quiser que tenha criado o universo, para ela, era sem sentido. Ela até tentava correr para alcançar algo, mas não havia nada além de um infinito vácuo. Ela já tinha certeza que era a morte. 

Até que seus olhos se fecharam inconscientemente, não sabia o que era ou o porque, mas seu corpo parecia estar flutuando, para cima talvez. Então parou. Ela estava sendo carregada, seria Daniel? Ela não conseguia saber, não ouvia nada, não enxergava nada, apenas sentia seu corpo sendo carregado. Se fosse para alguém salvá-la, teria que correr contra o tempo. Só não sabia qual deveria ser o plano, já que ela não tinha tanto tempo e para eles saírem de lá seria outra coisa bem improvável. 

Ela já tinha certeza que ia morrer, até ser colocada em alguma cama extremamente macia e confortável. Por um momento mínimo, ela conseguiu abrir um dos olhos e a primeira imagem que viu a deixou com nojo e ódio. Era Jota. Ela não conseguiu falar, no máximo deve ter soltado algum tipo de grunhido estranho e duvidoso. Ela adoraria ter conseguido matar ele, mas falhou nisso. 

Então ela tinha se tocado no que provavelmente tinha acontecido, algo que não fazia o mínimo de sentido para ela. Ele a salvou. E claro, para ela que estava atordoada e meio fora de si não tinha tanta certeza de que era Jota, mas pelo menos alguém muito parecido com ele. Então alguns minutos depois ela sentiu uma picada leve no seu braço, não tinha doído absolutamente nada, mas era notável. Então o sentimento de relaxamento veio, o levando para um sono. 

— Ela está estável agora — ela ouviu uma voz feminina dizendo ao longe, sem conseguir abrir os olhos.

Já estava perdida no tempo, não tinha ideia de quando ou que horas eram. Só sabia que alguém tinha a salvado, mas a que propósito? Ela não conseguiu identificar mais a conversa dos outros talvez médicos que estavam naquela sala. Só queria sair de lá o mais rápido possível. Ela não se sentia nem um pouco bem à deriva de pessoas estranhas, mesmo que fossem médicos. 

E estava lá ela mais uma vez sendo movida para algum lugar, e agora sob efeito de algum anestésico muito forte. Mas pela primeira vez em um tempo no qual ela não sabe quanto foi, conseguiu abrir os dois olhos completamente, olhando atentamente no quarto que estava. Um quarto com iluminação alaranjada um monitor bipando seus batimentos cardíacos do lado da sua cama que era confortável. O quarto era espaçoso e bem iluminado, tinha uma televisão bem grande, uma Smart TV. Com certeza era um hospital, mas com certeza um hospital bem caro de se ficar. Não poderia ter sido Daniel que a levou para lá, pois ele não tinha a senha do cartão dela, então pela lógica, só poderia ter sido Jota mesmo.

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