Capítulo 30, O Outro Lado. Fim da parte III
(Capítulo Final)
Ele sentiu o corpo flutuar, sem mais peso ou sequer gravidade. Podia jurar que os olhos estavam abertos mas tudo que enxergava era escuridão. Na verdade nem sabia se ele tinha um corpo, pois não sentia mais nada, nem mais cansaço, nem mais dores, mais nada.
Mas junto a essa estranha confortabilidade ele sentiu o vazio dentro de si novamente, aquele vazio que ele só tinha sentido quando tinha morrido, então o desespero invade sua mente? Ele não sabe ao bem, mas não consegue sentir nem ansiedade. Talvez ele estivesse apenas um vácuo.
Ele não sabia quanto tempo tinha passado, poderiam ter sido dois minutos ou cinco dias, simplesmente não conseguia compreender onde estava, que no fundo apareceu uma luz. E só então ele percebeu que o "corpo" dele estava em movimento flutuante para frente, pois a luz estava bem no fundo e se aproximava cada vez mais. Ele sabia que a luz não estava indo em direção a ele, mas sim ele estava indo em direção a luz.
— Não, não, correr em direção a luz não — Daniel fala, por mais que sua voz não tenha saído e não tenha ouvido absolutamente nada.
Mas era inevitável, a luz parecia estar puxando ele. Quando chegou perto o suficiente ele percebeu que a luz se tratava de algo que parecia ser uma tela gigante, de uns três metros. A tela mostrava uma grande ponte, linda. Ela era branca, parecia ser enfeitada com neve e detalhes de ouro, brilhava bastante e tinham vários e vários cálices em volta dela.
Da perspectiva de Daniel, ali seria a ponte para o Outro Lado, então ele soube que realmente estava morto. Mas se Angellina sobreviver, já tinha valido para ele, então aceitou o seu destino e atravessou por contra própria a tela. A sensação de sair do vazio era estranha, a princípio ele sentiu novamente como se tivesse um corpo, como quando você levanta rápido demais e tudo fica preto e a pressão cai, a sensação de sair do vazio era esse efeito ao contrário.
Ele se deu conta que o local que ele estava era como se fosse o topo de uma colina, tinha uma única árvore, com folhas secas e caindo. Não tinha ninguém com ele, não que ele tinha visto. Ele sendo Presságio, deveria estar com a subjugada, mas ela não estava ali.
Daniel ponderou por muito tempo sobre atravessar a ponte, algo o fazia não querer sair do lugar, querer voltar, mas era impossível, a última coisa que ele lembra de ter sentido era uma bala atravessar seu peito e a dor terrível no coração que durou milissegundos. Mas depois de mais um tempo ele decidiu andar, mas alguém colocou a mão em seu ombro.
Ele olha para trás assustado e recua. Ele via um homem, de boa aparência, tinha cabelos ondulados e cor caramelo e barba pra fazer. Os olhos deles eram tão verdes que pareciam esmeraldas, a pele dele era bronzeada e um pouco enrugada e vestia um manto branco. Ele aparentava ter entre trinta e quarenta anos e era um pouco mais alto que Daniel.
— Quem é você? — Daniel pergunta, dessa vez a voz dele conseguia sair e a ouvia.
— Olá, Daniel. — o homem misterioso diz, até a sua voz era serena, como o rosto.
— Você é o Criador que inventou essa história toda de promessa de mil anos, não é? — Ele supôs. Mas era algo que ele sentia.
O homem fez que sim com a cabeça e sorriu sem mostrar os dentes.
— Agora você aparece, mas quando precisei de sua ajuda você nem sequer deu uma mãozinha. — Daniel diz chateado.
— Eu tive os motivos. Não posso aparecer no mundo físico, ainda não.
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Presságio de Morte
RomansaDaniel morreu nos anos 90 em um acidente com seus amigos. Porém, havia alguma coisa estranha, quando se viu com seus amigos, em um plano talvez espiritual no qual não conseguia compreender direito, percebeu que cada um deles estavam acompanhados por...